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Portugal: Sócrates na televisão

Post para Portugal.

Circula uma petição pública contra o regresso de José Sócrates, ex Primeiro Ministro, na televisão em qualidade de comentador (não retribuído). E já fui convidado por várias pessoas a assinar.

Não vou assinar porque é estúpido e hipócrita.

Qual a razão para assinar? A razão apresentada é que Sócrates deixou o País com uma dívida pública enorme. Que como explicação não tem sentido: porque a dívida pública não é e nunca foi um problema.

Mas se a dívida for um problema aos olhos de alguns, então seria engraçado perceber quem foi que mais contribuiu para a subida da dívida ao longo dos anos. Sabem quem foi? O nome dele é Aníbal Cavaco Silva, conhecem? Para os mais distraídos, é o actual Presidente da República. Viram uma petição para a demissão do Presidente por causa do “buraco” que provocou no País? Não? Então, queridos Portugueses, expliquem lá: porque Sócrates sim e Cavaco não?

Mais: já esqueceram quem foi a “empurrar” o então Primeiro Ministro José Sócrates a aceitar a intervenção do FMI? Não se lembram? Dou uma pequena ajuda: o nome era Aníbal Cavaco Silva, ao lado do Partido Social Democrata.

O desejo é falar das despesas? Então podem dar uma volta na internet e procurar os mais recentes dados de Portugal. A Dívida Pública aumenta, a despesa do Estado aumenta. E Sócrates não está aqui há dois anos. Quem governou entretanto?

E expliquem outro pormenor: como é que a televisão está repleta de comentadores políticos do PSD, o mesmo do Presidente e do actual governo, e tudo está bem até quando não aparecer um gajo dum outro partido? É este o vosso conceito de “Democracia”? Marcelo Rebelo da Sousa, Marques Mendes, Luís Filipe Menezes e outros ainda: e nem um dum partido que não seja PSD? Lembram da Dívida de Sócrates mas não vêem a lavagem cerebral que sai dos ecrãs?

Eu não defendo José Sócrates, que é o que é. Simplesmente digo que faria sentido, eventualmente, uma petição contra todos
os políticos que circulam na televisão. Pode ser uma boa ideia,
eu assinaria. Mas só contra um dele, e porventura nem o pior, nem
pensar. Tentamos não perder um mínimo de seriedade ou, pelo menos, de respeito por nós.

(nota: em vez que perder tempo com estes disparates, vejam os comentários de Constança Cunha e Sá na TVI24).

Ipse dixit.