Diz Paul Krugman no blog dele:
Alguns entre nós falou disso e é assim que pensamos acerca de como vai acabar este jogo:
1. Saída da Grécia do Euro, provavelmente no próximo mês.
2. Retiradas maciças de dinheiro dos bancos espanhóis e italianos, porque os depositantes tentarão movimentar o próprio dinheiro em direcção da Alemanha.
3a. Talvez, apenas como possibilidade, o controles de facto, para proibir que os bancos possam transferir os depósitos fora do País e limites para os levantamentos em dinheiro.
3b. Alternativamente, ou talvez em conjunto, pedido de enormes crédito ao BCE para evitar que os bancos entrem em colapso.
A Alemanha pode escolher:
- Aceitar a persistência das enormes dívidas públicas da Itália e Espanha, bem como uma revisão drástica da estratégia, essencialmente para dar a Espanha, em particular, uma esperança de manter as taxas de juros baixas para garantir a contenção da sua dívida e uma meta de inflação maior na área do Euro para garantir que os preços possam realinhar-se.
- Fim do Euro.
E estamos a falar de meses, não de anos, para ver o fim deste jogo.
Faz sentido. Faz.
É este o futuro imediato? Pode ser, mas não acho.
Que fique claro: o destino de Euro já está marcado, no máximo pode ser adiada a data final. Só que assim é demasiado simples. Krugman esquece (ou melhor: finge esquecer) que o Euro é muito mais de que um projecto monetário ou económico, é também e sobretudo um projecto político. É a outra face do projecto chamado Dólar.
É verdade que na fase final duma expansão monetária não há maneira de evitar o colapso e o choque posterior; podemos adiar, como afirmado e tal como aconteceu nos últimos anos, mas não evitar.
Mas com a queda do Euro entra em crise também a União Europeia e isso não vai acontecer de forma tão básica: hã forças que tentarão tudo e mais alguma coisa para evitar que isso possa acontecer, inclusive a opção militar.
Não é simples, pois na Europa não somos acostumados às medidas autoritárias que costumam ser tranquilamente aplicadas pelos Estados Unidos (dentro e fora dos próprios confins): mas se a Eurogendfor foi criada, alguma utilidade terá que ter cedo ou tarde.
(Inclusive: encontrei um artigo segundo o qual a “superpolícia” europeia já estaria na Grécia, mas nada de confirmações, por isso fica apenas a dúvida.)
Não estamos a lidar só com um grupo de economistas loucos que moram em Bruxelas: é mais do que isso, pois a economia é o instrumento, não o fim.
O que Krugman faz é continuar a atitude de “terrorismo” geopolítico na esperança de poder acelerar a queda do Euro, pois sabe que nesta altura até um “empurrãozinho” pode ter sérias consequências. Há anos que observamos estes “empurrãozinhos” anglo-saxónicos, que cedo ou tarde serão bem conseguidos.
Na altura, o Dólar terá um pouco de oxigénio, necessário em vista do conflito com o bloco russo e, sobretudo, asiático.
O Euro, por seu lado, nasceu com o DNA estragado (ignorou-se a Área monetária óptima, por exemplo, na convicção de poder sucessivamente optimizar todos os Países da Zona NEuro) e o destino está marcado.
Tony Thirlwall, um dos mais conceituados economistas keynesianos, no livro The Folly of the Euro (“A folia do Euro”, 1998, pág. 5. É favor reparar na data…):
Podemos todos nos unir por trás da bandeira do desejo de paz e da cooperação na Europa […] mas mesmo que a união política fosse uma meta desejável, o euro seria uma estrada cheia de perigos e com igual probabilidade poderia levar à desintegração da integração económica e política. O “pensamento positivo” dos políticos muitas vezes têm o péssimo hábito de afastar o senso comum.
Mas as Mentes Pensantes de Bruxelas não vão abandonar os jogos tão facilmente e Krugman precisará de outros empurrãozinhos.
Não muitos, mas ainda alguns…
Ipse dixit.
Fontes: Paul Krugman, Wikipedia, Goofynomics (contém link para a versão inglesa em Pdf do livro de T. Thirlwall)
Imagem: Patrick Blower