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Rachaduras

O Irão tenta acelerar a construção do próprio túmulo.
Por isso decidiu vender o petróleo em Yuan, a moeda chinesa. É quanto afirma o Financial Times.

Explica um administrador do banco do Dubai:

A crise financeira global acelera as movimentações em direcção ao Oriente. E estas medidas [as sanções dos EUA contra o Irão, ndt] reforçam a utilização do Yuan como moeda de transição.

Não só: mas desta forma Pequim de manter uma menor reserva de Dólares.
Não admira, portanto, a subida dos tons do ex-premier israelita Netanyahu. Todavia é interessante que, desta vez, as críticas cheguem de Haaretz, o mais antigo e conceituado entre os diários de israel.

Segundo o editorial do passado Domingo, apesar de existir consenso entre os especialistas nucleares, parece mesmo que o programa iraniano de energia “esteja a ser realizado de forma metódica” e “não tem fins militares”. Por isso, afirma o editorial, Netanyahu e Barak [Obama, ndt] estão a espalhar “mentiras e enganos” sobre o assunto.

Não é comum ler este tipo de acusações nos media de Tel Avive.

Muitas pessoas, incluindo o Chefe do Estado-Maior (Tenente-General) Benny Gantz, acreditam que o Irão não irá produzir armas nucleares

O diário revela também que o governo de Netanyahu foi submetido nos últimos meses a duras críticas por parte da intelligence e dos militar israelitas em relação a postura com o Irão.
No passado 27 de Abril, o ex-chefe do Shin Bet (A Agência de Segurança de Israel) Yuval Diskin, afirmou que Netanyahu e o ministro da Defesa Ehud Barak eram impróprios para dirigir o País:

Vou dizer coisas que podem parecer duras. Não posso confiar em Netanyahu e em Barak sobre a questão do Irão. Eles estão embebidos de sentimentos messiânicas em relação ao Irão.

Conclui o escritor e especialista em Oriente Médio, Salami Ismail, disse:

Uma rachadura na questão-Irão, que poderia levar a um potencial golpe de estado, está a tomar forma entre o governo israelita, os militares e os serviços de intelligence. Por um lado, ameaça o sistema político israelita actual, por outro lado exonerar o Irão de todas as acusações infundadas dos anos passados.

As Rupias de Dheli

E a frente anti-Irão acusa outra derrota.
Hillary Clinton concluiu a sua visita na Ásia com uma paragem na Índia.
Missão: convencer Delhi a diminuir as importações de petróleo iraniano, em linha com o resto dos aliados norte-americanos envolvidos na aplicação da pressão sobre Teherão.

Missão cumprida? Não, a Índia não abandona o Irão.

Há sanções estabelecida contra os Países que não respeitarem as sanções e que “contribuam para melhorar a capacidade Irão para desenvolver o seu sector do petróleo” com investimentos superiores a 20 milhões de Dólares por ano.

Delhi, ao invés de anunciar novos cortes, preferiu listar publicamente as razões que levam a Índia a fazer negócios com os herdeiros do Império Persa: laços culturais, exigências de crescimento financeiro e seis milhões de indianos emigrados no Irão. Teherão, afinal, não é um parceiro possa ser facilmente “descarregado”.

Entretanto, para contornar as sanções e não perder um parceiro comercial muito conveniente, o Irão concordou em vender petróleo para a Índia aceitando 45 por cento do pagamento em Rúpias, a fraca moeda indiana, usada apenas no interior da Índia.

Na prática, uma espécie de vale que Teherão para compras “indianas”.

O 55 por cento restantes será pagos com troca de bens de consumo da Índia, como arroz, chá e produtos farmacêuticos. Não há Dólares, não há problema: e as sanções não podem entrar na questão.

Para Delhi é uma jogada vencedora que, de uma só vez, comporta pelo menos três benefícios concretos: dá um impulso às exportações e reduz o deficit comercial com o Irão
diminui o uso do Dólar em Delhi (também neste caso: menor necessidade de reservas em Dólares)
aumenta o valor da Rupia, pela primeira vez moeda de troca fora do subcontinente indiano.

As sanções de Washington arriscam ter um efeito boomerang.

Ipse dixit.

Fontes: Wall Street Italia, Terceira Información, China Files