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A Fuga

De vez em quando aparecem artigos que anunciam a morte do Dólar. Pois, porque não é apenas o Euro que está em coma: o bilhete verde de Washington não tem nada para rir.

Difícil que possa ser indicado um dia preciso para estabelecer o fim do Dólar: mais do que isso, é provável assistir a uma mudança de hábitos que, lentamente, determinarão a saída da moeda americana qual “dinheiro do mundo”.

Por exemplo: China Daily informa que o Japão está a comprar Títulos de Estados chineses. É um marco histórico, pois até poucos meses atrás, Tóquio guardava a maior reserva de Títulos de Estado americanos.

O facto é que os Países do BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) e Japão estão cheios de Dólares e Euros resultado dos lucros comerciais: é inevitável que, cedo ou tarde, essa montanha de papel volte para o mercado para a compra de bens reais.

Mas que tem a ver isso com a “fuga do Dólar”?
A notícia da compra de Títulos de Estado chineses por parte do Japão é importante porque consequências
do recente acordo entre Pequim e Tóquio. A troca de obrigações é inserida no âmbito de tal acordo segundo o qual os dois Países vão regulamentar o comércio local sem passar pelo Dólar.

O Japão anunciou nesta Terça-feira que conseguiu a aprovação das Autoridades chinesas para a compra de 65 biliões de Yuan (mais ou menos 3,10 biliões de Dólares) em títulos do governo chinês. A mudança vai ajudar o Japão na diversificação das próprias reservas e fortalecer os laços entre os dois Países que são os maiores credores do mundo […]

Yi Gang, vice-governador do Banco Popular da China e chefe da Administração Estatal do Comércio com o Estrangeiro, disse que os investidores japoneses são bem-vindos e que a China vai comprar Títulos do governo japonês […]

Segundo as estatísticas, o rendimento médio do investimento japonês de cinco anos nos Títulos de Estado americanos foi de 1.41% no ano passado, enquanto o rendimento médio dos Títulos do governo chinês tinha sido de 3,52%.

Fica mais fácil agora perceber uma das consequências dos Bancos Centrais manter baixo o custo do dinheiro: o mesmo dinheiro fica muito menos apetecível como valor de reserva, pois o rendimento é bem menor.

Mas o que conta reter é que há muitos Dólares e Euros em todo o mundo e que as respectivas economias já não são capazes de sustentar a força das própria moedas. A festa da deflação, o dinheiro de baixo custo qual política para reanimar as economias americanas e europeias, simplesmente acabou: o Japão deu o sinal da direcção da fuga.

Ipse dixit.

Fontes: China Daily