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As greves de Pequim

Então parece mesmo verdade. Não era uma mera impressão, algo está a acontecer: será temporário ou algo mais do que isso?

Mas ainda mais importante: estamos a falar de quê?
Da China, meus Senhores, da China.

Habituados a considerar Pequim como a capital dum monstro industrial que produz enquanto o resto do planeta fixa o umbigo, com produtos Made in China presentes em qualquer casa, a ideia de que algo possa mudar faz uma certa impressão.

Mas está a mudar de facto.


O sector industrial chinês tem sofrido uma contracção recorde no mês de Novembro, a pior dos últimos 32 meses: consequência da fraqueza económica interna. A China desliza? Por enquanto sim, desliza. E com uma certa rapidez.

Resultado: greves.
Greves no Guagdong, o principal distrito productivo do País. Perante o redimensionamento das encomendas, as empresas encontraram uma solução original: reduzir os ordenados. E os trabalhadores entram em greve.

Não só: mas parece que muitas empresas pensam numa deslocalização, isso é, abandonar as sedes actuais para implementar a produção em regiões chineses onde seja possível praticar uma política salarial mais extrema.

Os trabalhadores chineses vítimas da deslocalização. Quem poderia ter imaginado.
O que não vamos imaginar, pelo contrário, são as possíveis consequências duma crise chinesa.
E é melhor nem tentar.

Pior do que isso? Sim, há.

A Foxcom, empresa com quase um milhão de funcionários e uma vaga de suicídios por causa das condições de trabalho, projecta substituir os humanos com um milhão de robot. Que, por enquanto, não têm tendências suicidas.
Talvez por nunca terem trabalhado numa empresa chinesa.

Ipse dixit.

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Fontes: Crisis, Reuters, Time