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Mario Monti, o itálico carrasco

Notícias itálicas.

Silvio Berlusconi apresentou a demissão e já não é Primeiro Ministro de Italia.
No seu lugar, Mario Monti, apresentado como “economista”. Mas Monti é muito mais do que isso.

Já Comissário europeu para o Mercado Interno, Serviços Financeiros, Integração Financeira, Fiscalidade e Concorrência, o simpático Monti é apoiante do mercado, das liberalizações e do rigor das contas públicas.

Entre outras coisas:

  • foi o primeiro presidente do Bruegel, um think-tank nascido em Bruxelas em 2005, financiado por 28 multinacionais;
  • é presidente europeu da Comissão Trilateral, o grupo fundado por David Rockefeller em 1973
  • é membro do comité diretivo do Grupo Bilderberg;
  • desde 2005 é pago pela simpática Goldman Sachs, em qualidade de consultor internacional;
  • é consultor na Coca-Cola

Resumindo: em comparação, Berlusconi era uma colegial.


Nos últimos dias, o simpático Monti foi eleito Senador vitalício, uma opção do Presidente da República Giorgio Napolitano. Tanto para lembrar, Napolitano foi o primeiro comunista a ser eleito Presidente da República. A luta contra Mussolini antes, a vice-presidência do Partido Comunista Italiano depois, ao lado da grande finança internacional para acabar: um bonito percurso, nada a apontar.

Sinto falta dos bons velhos tempos, alturas em que havia os Bons dum lado (nós), os Maus do outro (o Bloco Soviético); não era na realidade um mundo tão simples como poderia ter parecido, mas era sempre possível viver na ilusão de que sim, afinal era um mundo com duas escolhas, com duas cores, entre as quais escolher.

Hoje as cores são muitas mas o resultado não é um arco-íris, é um caleidoscópio enjoativo que afoga qualquer escolha num mar de dúvidas e suspeitas.

Estou feliz por ter conhecido o meu País, Italia, quando ainda era algo com um mínimo de sentido e não um condenado a caminho do carrasco.

Apostas abertas

Contrariamente aos casos da Grécia, da Irlanda e de Portugal, a Italia não foi obrigada a pedir a “ajuda” económica da Dupla Maravilha, FMI e BCE; todavia pedia uma espécie de “supervisão” em âmbito financeiro para acalmar os mercados.

Assim, os homens do governo trabalharão ao lado dos “especialistas” (lololol) da Dupla Maravilha para que a economia italiana possa afundar o mais depressa possível.
Doutro lado, são as mesmas pessoas que já “ajudaram” a Grécia (que ainda está a agradecer…) e que anunciaram a próxima recessão de Portugal: uma espécie de garantia dos resultados.

A dúvida agora é: quem o próximo?
Espanha, Bélgica ou França?

(Dica: ao longo da última semana, o rating da França foi cortado no site da Standard And Poor’s “por engano”…)

Ipse dixit.