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A alternativa

Um comentário acerca das medidas do novo Orçamento de Estado português?
Não, nem pensar.

Cada um pode ler e perceber: a classe política, os donos das grandes fortunas, os bancos, não são atingidos. O alvo são os trabalhadores e os reformados. Na prática, serão as famílias que terão de pagar a conta.

O Governo nem teve o bom gosto de introduzir medidas para dar o exemplo: no máximo encontramos o corte dos prémios dos gestores públicos. Como se quem ganha 9 ou 10mil Euros por mês ficasse muito preocupado com isso.
Aos políticos é pedido que abdiquem da classe executiva nos transportes caso as viagens tenham uma duração máxima de 4 horas. Sem dúvida: um sacrifício.

Longe vão os tempos em que um político auto-taxava os próprios rendimentos para que todos pudessem ver e agir em consequência. Não é nostalgia, é mera constatação: outros períodos históricos, outros homens.

A alternativa real

Falemos, pelo contrário, de quem já resolveu a crise. De quem não caiu na armadilha da dívida, de quem recusou a falsidade de “vivemos acima das nossas possibilidades”.

Nesta altura pode ser bom lembrar que aquela apresentada pelo políticos nacionais (e não só) não é A Verdade, mas apenas uma opção. Há outros caminhos.

Difíceis, se calhar, pois nada é obtido sem esforço. Mas há.
Este é o caso da Islândia.

Já no passado dedicamos espaço a este pequeno País. agora a ilha no meio do Oceano Atlântico está a sair da crise económica provocada pelo monetarismo da usura internacional; e está a sair de forma oposta aos preceitos recomendados.

Nada de “resgates” do Fundo Monetário Internacional ou Banco Mundial, nenhuma cessão da soberania monetária: apesar de estar abrangida pelo Acordo de Schengen, a Islândia retomou os próprio direitos, até então postos em perigo, e escolheu tornar os cidadãos, todos os cidadãos, parte activa no processo de decisão; não apenas com a pantomima eleitoral, mas com perguntas específicas e respostas extremamente claras.

Como relatado por diferentes reportagens da televisão pública islandesa RUV, o FMI concluiu a sexta revisão da economia nacional islandesa em Washington, e não vai continuar com outros relacionamento ou aconselhamentos. O FMI conclui as operações na Islândia e vai-se embora.

O primeiro-ministro islandês Johanna Siguroardottir, anunciou a saída dos funcionários numa entrevista colectiva na cidade de Iono, nos últimos dias, acrescentando que a recuperação económica da Islândia está num óptimo caminho, com melhorias e resultados alcançados mais cedo do que o esperado. A reconstrução após o colapso do sistema bancário islandês em 2008 “foi além de todas as expectativas”

O Ministro das Finanças, Steingrimur J. Sigfusson, participou na conferência, argumentando que a estabilidade financeira islandesa estaria agora novamente sólida.

O Ministro da Economia e do Comercio, Arni Pall Arnason, lembrou como muitas pessoas estivessem preocupadas e adversas à cooperação entre o FMI e a Islândia, por causa do medo que o próprio bem-estar (outro elemento de orgulho e eficiência) pudesse ser prejudicado e assustadas pelas drásticas medidas eventualmente tomadas, baseado no clássico esquema usado pelo FMI nas suas operações na Europa, Extremo Oriente e América do Sul.

Por isso, o FMI foi recebido de maneira extremamente fria, estando as pessoas convencidas de que o FMI teria mergulhado o País num estado de permanente dívida, como muitos Países já experimentaram no passado. A partida dos funcionários do FMI, portanto, é vista com satisfação pela maioria dos cidadãos.

A Islândia tem seguido um caminho específico para afastar-se do sistema monetário ocidental. Mesmo pedindo ajuda à Rússia (4.000 milhões de Euros) em 2008. E, de facto, conseguiu duplicar os resultados obtidos pela Rússia no tempo em que tinha caído no abismo monetaristas com Yeltsin, e pela Argentina, cuja economia, uma vez parada a dívida com a presidência Kirchner, voltou a voar com uma taxa de 8% anual.

Mais pormenores podem ser encontrados nos seguintes artigos:
Estranhos acontecimentos numa ilha longínqua (Dezembro de 2010)
O exemplo: Islândia (Junho de 2011)

Vale a pena espreitar, em particular num dia como aquele de hoje.
Porque, mais uma vez, temos de lembrar: a alternativa existe.
E quem dizer o contrário, está a mentir.

Ipse dixit.

Fontes: Voci dalla Strada