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A Grécia? Bau!

E acabamos o dia com alegria.
As Bolsas ocidentais voltam em perda:

Lisboa -4.19 %
Paris -4.03 %
Milano -3.98 %
Madrid -3.41 %
Atenas -2.76 %
Frankfurt -2.27 %
Londres -1.63 %

Nesta altura New York também se encontra em terreno negativo, -1.27 %, enquanto o Bovespa do Brasil fica a -3.20 %.

Os motivos de tanto entusiasmo? Ainda uma vez ela, a Grécia.
Ao longo do fim-de-semana muitas foram as notícias relativas a uma eventual falência de Atenas.
Informação Incorrecta não publicou nada pois Leonardo, interrogado em propósito, tinha vaticinado:

Bau.

Que significa: “Não, não vai falir neste weekend, temos de esperar ainda um pouco, em vez disso, ainda há uma fatia de mortadella?”


Como a mortadella é gordurosa e faz mal, foi substituída com a normal ração, o que deixou o cão maldisposto e sem vontade de profetizar mais.
Por isso é agora o Max obrigado a perceber o que se passa.

Ao que parece, a Grécia tem dinheiro até Outubro.
Depois? Depois é só rezar, e muito.

Enquanto isso, os juros sobre os Títulos de Estado a um ano alcançam um fantasmagórico 100 % e a dois anos 57.57 %.
E o governo, que diz?

Filippos Sachinidis, vice-ministro da Economia:

Temos espaço de manobra até Outubro. Tentamos que o Estado possa operar sem problemas. 

Até Outubro? Se a ideia era tranquilizar não parece esta a melhor das declarações. E para alegrar o povo, eis uma nova medida: nova taxa sobre os imóveis, + 4 Euros por metro quadrado.
A receita é: matamos o doente assim ficamos certos de matar o vírus também.

Na Zona Euro o destino da Grécia parece claro.
Christian Linder, secretário geral do Fdp que, contrariamente ao que o acrónimo pode fazer suspeitar, não é uma associação de pessoas pouco confiáveis mas um dos partidos que apoiam o Governo de Angela Merkel:

Em última análise, não é possível excluir que a Grécia seja obrigada a abandonar a Zona Euro.

Ámen.

Outro alemão, Juergen Stark, tinha-se demitido do Banco Central Europeu ao longo da semana passada. Pois a Alemanha está numa posição difícil: não pode continuar a salvar a Grécia (os eleitores já não suportam isso), mas não pode deixar que a Zona Euro entre numa crise ainda mais profunda (o que significaria desintegração), pois os bancos alemães são metidos nisso de forma bem importante.

Por isso, no centro do Velho Continente começam a circular vozes…
O nº 2 do Governo, Philipp Roesler:

Para estabilizar o Euro não podemos ter medo de pensar em algumas opções e, entre estas, também a insolvência ordenada da Grécia.

“Insolvência ordenada”, “default programado”, “deafult parcial”, “default controlado”…eu imagino estas pessoas perante uma especie de tabu psicológico:

Sim acho que a Grécia pode entrar em fal…fale ehm…falennnn…desculpem: a Grecia pode entrar em falennnnnn…falennnnnnnnaaaaarggghhhh!!!!

É que não conseguem, não conseguem mesmo. Deve ser um bloco, algo que toma posse da mente e trava os pensamentos indesejados. Não conseguem dizer uma coisa tão simples, tão óbvia que todos, cidadãos e mercados já perceberam, e não desde hoje: a Grécia está falida.

Antes de concluir: olho à França.
Porque os abutres do downgrade já levantaram o voo e andam à procura dum alvo…

Ipse dixit.

Fonte: Corriere della Sera, Informazione Scorretta