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Quem trava e quem não

Ops! Começou a contracção?

No mês de Agosto, o Índice Manufatureiro Global alcançou o valor mínimo dos últimos dois anos: 50,1 pontos, isso é, 0,1 pontos acima da paridade (maior de 50 = expansão; igual 50= paridade; menor de 50 = contracção).

Ao considerar que apenas no passado Fevereiro o mesmo Índice tinha ultrapassado o valor 57, é claro que a travagem foi abrupta, com tanto de marcas de pneus no asfalto.

O Leitor pode pensar: E que tenho eu a ver com isso? O Sol brilha no céu azul, pensamos nos tomates da nossa horta.

Ahe? É isso que pensa o Leitor? Muito bem, mas muito bem mesmo.
Então saiba o Leitor que se nos últimos dois anos a barraca não foi-se abaixo duma vez por todas, isso foi graças aos Países Emergentes que, sozinhos, conseguiram empurrar as economias definidas como “avançadas”.

China, Índia, Malesia, Taiwan, Brasil e outros ainda: nestes últimos dois anos de pseudo-retoma, os Países Emergentes conseguiram evitar também o nosso colapso.

Sim, também “substituíram” os mercados mais “desenvolvidos” (pois é, o mundo está a mudar), é verdade; mas não se pode negar uma função de estimulo.

Só que agora as coisas mudaram um bocado.

Nos gráficos ao lado: Brasil e Taiwan ficam perto de quota 45, nos outros casos a situação é melhor mas de pouco. Isso enquanto nos Países “desenvolvido” a tendência parece ser negativa.

Enquanto isso, os Estados Unidos já ultrapassaram o novo limite da dívida.
Lembram do clima de tragédia, “ou novo limite ou morte” de algumas semanas atrás? Lembram das épicas batalhas no Congresso, com o bom Obama dum lado a pedir cada vez mais dívida e os maus Republicanos que diziam “o País antes de tudo, mas nós que ganham com isso”?


Foi interessante, sem dúvida, sobretudo gostámos da encenação e da realização. Pena que não passou disso, uma novela boa para o consumo num mundo sem memória. Porque o novo limite já foi ultrapassado.

Após semanas de negociações, o novo limite foi estabelecido em 14.694.000.000.000 Dólares. Agora, no site do Departamento do Tesouro dos Estados Unidos, é possível descarregar um documento bem interessante, com o título “Relatório do Tesouro, operações de caixa e dívida do Tesouro dos Estados Unidos”, do dia 1 de setembro, 2011

Na segunda página é visível um gráfico, o seguinte: 

De facto, a dívida pública já alcançou o limite, poucas semanas após o Grande Acordo.
Que tal uma revisão do rating?

Ipse dixit.

Fontes: Il Grande Bluff, Rischio Calcolato, Daily Treasury Statement (pdf inglês)