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O dinheiro global

Estamos no meio dum denso nevoeiro. Não sabemos para onde ir.
Direita? Esquerda? Se calhar é melhor voltar atrás. Mas onde fica “atrás”?

De repente, eis uma luz, aí no fundo. Até que enfim!
Agora temos um ponto, uma referência. Agora é um pouco mais simples.
Ainda bem que alguém teve a ideia de mostrar o caminho.

Desde o começo da crise, em 2008, alguns teóricos tinham falado da necessidade de reestruturar completamente o sistema económico mundial e adoptar uma nova moeda, única e válida para todo o planeta.

A falta de acção dos Estados Unidos para contrastar a hegemonia dos bancos dos outros responsáveis da crise, tem levado ao surgimento de novas propostas, primeiro passo na direcção duma nova governance de nível mundial.

Agora, as vozes que pedem uma profunda revisão são muitas e a maioria aponta para uma única direcção: a criação duma nova moeda. Rússia, China e outros Países reclamam esta mudança: está na hora. Basta com o Dólar, venha a super-moeda.

De facto, a moeda americana continua a ser utilizada como moeda de reserva, isso apesar de não ter uma suficiente cobertura. Pois, como sabemos, o Dólar é papel, nada mais do que papel, cujo valor é determinado por convenção e não porque reflexo dum valor objectivo após ter quebrado as pontes que tinha com o ouro.

Pode a ONU ficar indiferente perante tamanhas gritas de dor?
Claro que não.


A ONU apresenta um dossier, apresentado ao longo da Conferencia das Nações Unidas sobre o Comércio e o Desenvolvimento (UNCTAD).

A UNCTAD reconhece que o actual sistema monetário não funciona de forma correcta e que, de facto, foi o grande responsável pela actual crise (???). Por isso a ONU afirma que o papel do Dólar tem de ser reconsiderado, tal como pedem alguns Países. Uma nova Bretton Woods para estabelecer um novo sistema que possa substituir o presente.

Detlef Kotte, um dos autores do dossier:

Substituir o Dólar com uma moeda artificial poderia resolver alguns doso problemas acerca dos grandes deficits que alguns Países apresentam e ajudaria a estabilidade.

Kotte afirma que a intervenção dos bancos centrais deve manter-se, melhor ainda se com a ajuda duma organização externa (Fundo Monetário Internacional) que possa garantir a estabilidade dos câmbios. Pois não queremos viver sem estabilidade, não é?
A ideia é criar uma espécie de banco central mundial o FMI) que opere com a ajuda dos vários bancos centrais locais.

Mas será que tudo isso é preciso?

Não só, afirma o UNCTAD, é indispensável para prevenir uma nova crise financeira e económica como a actual. E mais: uma nova moeda global seria importante para reduzir as margens da especulação monetária e evitar os desequilíbrios comerciais.

E, meus amigos, se é para prevenir, como podemos não concordar?

O presente sistema depende da política monetária dum só banco central (a Federal Reserve) cujas decisões são muitas vezes tomada na óptica nacional e  não mundial. Curioso: o sistema funciona assim há décadas e só agora reparam no pormenor?

Mas, realça o UNCTAD, como é com os câmbios? Não será preciso também um modelo estável de câmbio, determinado e controlado de forma multilateral? Isso ajudaria a criação dum comércio mais justo.
“Mais justo”…como sabem bem estas palavras. Quem pode recusar um mundo mais justo?

A China apoia oficializou a própria posição nas reuniões do G8 e G5: Pequim quer uma nova moeda global.
Dimitri Medveded também apoia a ideia.
Os Estados Unidos por enquanto não comentaram, mas Tim Geither, Secretário do Tesouro, admitiu que Washington está “muito aberta” perante a nova proposta.

Uma nova moeda, algo de artificial, construido para dar estabilidade aos Países, sob o controle dum único banco central. Uma nova moeda como solução para todos os males. É este o nosso futuro. Que depois é um passado. Como se chamava? Neuro, Euro, acho que era isso, ou algo de parecido…Ah, mas isso era só para um continente, agora falamos de algo “global”, é toda outra coisa…

Ehi, há um aporta debaixo da luz: uma saída!

E fora, finalmente, tudo é mais claro, mais nítido.
E atrás fica…o que é isso? Uma caixa? Afinal estávamos numa caixa?

Mas como é que tínhamos entrado nisso? E como pode haver nevoeiro numa caixa? Alguém tinha criado o nevoeiro, claro…mas porquê?

Ipse dixit.

Fontes: Urgente24, Libertad Digital, UNCTAD,