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Portugal cai, Papandreou tem piada

A situação da Grécia é grave, Espanha e Irlanda também vêem as próprias contas ser prejudicadas. E Portugal? Não tem muitas razões para rir.
O dia de ontem foi mau.
O custo dos CDS subiram ontem para 3.166%. O que significa isso?
Os CDS (Credits Default Swap) são instrumentos para gerir a dívida do Estado: se o valor sobe significa que os mercados internacionais não acreditam na possibilidade de Portugal honrar os próprios compromissos.
Dito de forma ainda mais simples: acreditam que Portugal não pague.
É por isso que os CDS gregos por exemplo, disparam: cada vez menos pessoas acreditam que a Grécia possa ter o dinheiro para pagar a enorme dívida que apresenta.
E o facto dos CDS portugueses aumentar o valor indica que as dúvidas crescem também em relação a Lisboa.
A suposta ajuda europeia, ou melhor a já tardia ajuda para a Grécia, é fonte de preocupação: há ajuda? Não há? A Zona Euro tem uma atitude incerta e isso aumentas as dúvidas dos mercados.
E se a ajuda não está a funcionar para Atenas porque deveria funcionar para Lisboa? Dúvida mais que legítima.
As taxas de juro para as obrigações a dez anos da dívida pública portuguesa subiram para 5,141 por cento hoje de manhã, face a 4,958 por cento na sexta-feira. As taxas a dois anos estavam nos 3,595 por cento, face a 2,937 por cento na sexta-feira.
Os custos de segurar as obrigações da dívida nacional contra um eventual incumprimento também estavam a subir. 

As taxas das obrigações gregas a dez anos atingiram hoje um novo recorde, ultrapassando o limiar dos nove por cento, e alcançando o nível mais elevado desde o lançamento do euro, em 2001. Alcançaram os 9,385 por cento, face a 8,68 por cento na noite de sexta-feira. (Fonte: Público)

Eis o que se passa na bolsa valore de Lisboa:

A bolsa nacional está a perder mais de 3%, registando a segunda maior desvalorização entre as congéneres europeias, logo a seguir à Grécia, que afunda mais de 7%. O PSI-20 deprecia 3,28% com seis cotadas em mínimos. 

O principal índice da bolsa nacional (PSI-20) negoceia nos 7.309,50 pontos com todas as cotadas em terreno negativo à excepção da EDP Renováveis. Uma empresa cai mais de 7%, três mais de 6%, 4 mais de 4% e seis mais de 3%.

No resto do Velho Continente, a tendência é igualmente de queda, num ambiente de grande incerteza em torno da atribuição do pacote de ajuda à Grécia por parte da Zona Euro e do FMI, depois de a Alemanha exigir que Atenas endureça as medidas que visam o corte do défice nos próximos três anos.

Segundo um estratega do BNP Paribas, Mehernosh Engineer, “o efeito contágio [da crise grega] está decididamente a disseminar-se, estando a estender-se muito rapidamente Portugal, Espanha, Irlanda e Itália”.”O mercado tem estado em modo ‘mostra-me o dinheiro’ há mais de três meses e a falta de ‘guidance’ está a plantar as sementes de uma recessão em forma de W”, comentou o estratega à Bloomberg.

A Bolsa de Atenas é a que mais cai na Europa, a ceder 6,79%, seguida pela lisboeta e pela madrilena (-2,61%). As restantes praças europeias estão a cair cerca 1%.

Portugal está a ser mais castigado devido à forte subida dos juros da dívida pública portuguesa, que estão hoje no nível mais elevado desde Março de 2001 e perto dos 6%. (Fonte: Jornal de Negócios)

Recessão em forma de W? Olha, olha…onde é que os leitores de Informação Incorrecta já tinham lido isso?
E se alguém ainda pensa que o que se passa na bolsa afinal na bolsa fica:  
Os três maiores bancos portugueses perderam um total de quase 1,2 mil milhões de euros, com as desvalorizações que sofreram desde a passada segunda-feira, altura em que se agravaram os juros da dívida portuguesa, devido aos receios de que a crise orçamental grega contagie outros países da Zona Euro.
Desde segunda-feira da semana passada os juros das obrigações portuguesas a dez anos subiram 70,5 pontos base para 5,285%, o que poderá vir a implicar um crescimento dos custos de financiamento dos bancos portugueses. (Fonte: Jornal de Negócios)

Eis a situação dos três maiores bancos portugueses: 

E se os bancos pagam mais para obter empréstimos, adivinhem agora quem irá pagar a conta… 
Pensado? Resposta exacta. 

Sim, é verdade: as condições de Atenas são mais graves, Portugal não é assim tão mau, estamos fartos de ler esta consideração nos diários: mas isso adianta alguma coisa? Mostra-me o dinheiro é o lema actual. E aqui começam os problemas. 

Por enquanto, o único com vontade para brincar parece o Primeiro Ministro da Grécia: 

As nossas decisões corajosas tornaram-nos num exemplo 

No comment.

Ipse dixit.