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BlackRock e Vanguard: armas, gás e muito mais

Actualmente, Vanguard e BlackRock são os instrumentos financeiros através dos quais a elite controla o planeta. Num próximo artigo tentaremos entender quem são os accionistas destas duas empresas mas por enquanto vamos observar o seu papel no âmbito da guerra na Ucrânia e arredores. Porque é curioso.

Os dois gigantes estão entre as 43 entidades financeiras participantes na Net Zero Asset Managers: fundos mobilizados para limitar o terrível Aquecimento Global até 1.5 graus Celsius, visando emissões líquidas zero até 2050 em todas as suas participações. Mesmo assim, é inevitável que BlackRock e Vanguard fiquem debaixo de fogo nesta altura, juntamente com StateStreet (outro dos principais instrumentos financeiros e no qual podemos encontrar Vanguard e BlackRock quais accionistas).

Armas?

Por exemplo, falamos de armas:

Vanguard, BlackRock e StateStreet estão a ganhar com o envio de armas e munições ocidentais aos resistentes da Ucrânia. Sempre em nome da liberdade, nunca do lucro, claro. No entanto lucram. E nem pouco.

Mas acontece que BlackRock e Vanguard estão também entre as principais empresas financeiras atingidas pela invasão russa na Ucrânia e consequentes sanções. Como explica Bloomberg, BlackRock e Vanguard são grandes gestores de activos russos no Ocidente, incluindo o banco estadual VTB Bank PJSC e a empresa de desenvolvimento, também estadual, VEB.RF. E não falamos de trocos, mas de milhares de milhões de Dólares em ETFs, fundos de investimento negociados na Bolsa de Valores.

O caso LNG

E depois há o gás, que merece um discurso mais aprofundado: Vanguard e BlackRock estão entre os protagonistas interessados no acordo entre Comissão Europeia e EUA para a construção de infra-estruturas de armazenamento e distribuição de LNG (gás natural liquefeito) a nível continental.

Na semana passada, os EUA chegaram a um acordo com a União Europeia para o fornecimento, em cooperação com os seus “parceiros internacionais”, de 15 mil milhões de metros cúbicos de gás liquefeito (o tal LGN) em 2022. Como sabemos, o LGN americano deve servir para aliviar a dependência energética de Bruxelas em relação à Rússia e assim reduzir os riscos sociais e económicos no caso de uma ruptura no abastecimento. No entanto, sabemos também que este volume é amplamente insuficiente para substituir a grande quantidade de gás que a Europa compra a Moscovo.

Também a viabilidade prática do acordo é duvidosa porque os problemas em relação aos Estados Unidos podem ser encontrados na capacidade de exportação do País, que já está praticamente saturada e não irá crescer significativamente antes de alguns anos.

É verdade também que as mercadorias vão para onde os preços forem mais elevados e, neste aspecto, a Europa poderia ser um ponto de chegada interessante: como regra, o LGN dos EUA dirige-se para o Nordeste da Ásia, porque a procura dos Países da região (como o Japão e a Coreia do Sul) é forte e os preços elevados. No entanto, a crise energética europeia fez subir enormemente o custo do gás natural e da electricidade: em Fevereiro passado, por exemplo, o gás no mercado europeu custava já 56 Dólares por milhão de Btu, em comparação com os 44 Dólares na Ásia. Como escreve o New York Times, nos primeiros três meses de 2022 quase três quartos do LGN americano foi para a Europa e tinha sido apenas 34 % durante todo o ano de 2021.

Contudo, esta situação foi favorecida por um Inverno bastante ameno na Ásia: as reservar dos Países da região asiática não foram solicitadas em demasia e não sabemos o que irá acontecer no futuro. Esta é uma variável fundamental pois a produção de gás nos EUA é limitada pelo número de terminais de exportação disponíveis: sete no total, todos a operar a uma capacidade próxima daquela máxima. O aumento da capacidade, através da modernização das instalações ou da construção de novas, leva tempo: dois a três anos, em média.

Gás?

Dito isso, vamos ver quais os terminais de exportação LGN nos Estados Unidos: Kenai (Alasca), Sabine (Louisiana), Cove Point (Maryland), Corpus Christi (Texas), Hackberry (Louisiana), Elba Island (Geórgia) e Freeport (Texas). O maior, em termos de volumes tratados, é Sabine, propriedade da Cheniere Energy.

As principais empresas exportadoras são Cheniere Energy, Venture Global LNG, Tellurian, Sempra, Freeport LNG e Dominion Energy. E aqui voltamos a encontrar os nossos heróis:

Exacto: BlackRock, Vanguard e State Street estão presentes em tudo o que for negócio. O que podem (eventualmente) perder dum lado com as participações na empresas de Estado russas (participações que, em qualquer caso, não ficam perdidas mas poderão ser vendidas), recuperam do outro.

Hoje os três gigantes juntos gerem um total de 14 triliões de Dólares em activos e o crescimento deles tem sido vertiginoso: em dez anos, de todo o capital que fluiu para os vários fundos de investimento, 80% foi parar aos bolsos de BlackRock, Vanguard e State Street. Em vinte anos, a sua participação nas grandes empresas americanas que fazem parte do S&P 500 (abreviação de Standard & Poor’s 500, em poucas palavras o índice composto pelas quinhentos principais empresas americanas cotadas na Bolsa) quadruplicou, passando de 5.2% para 20.7%.

BlackRock e Vanguard, em particular, detêm cada uma mais de 5% das acções de todas as empresas do índice S&P 500: segundo o estudo The Specter of the Giant Three, publicado em 2019 por Lucian Bebchuk (Harvard Law School) e Scott Hirst (Boston University), o resultado é que, ao juntar State Street, os três gigantes representam 25% dos votos nas reuniões de gestão de todas as maiores corporations dos EUA.

Big Pharma? Media? E muito mais.

Só gás? Nada disso. O que é que o New York Times e a maioria dos outros meios de comunicação social têm em comum com a Big Pharma? Resposta: são em grande parte propriedade de BlackRock e da Vanguard.

No caso do The New York Times, BlackRock é o segundo maior accionista, com 7.43% do total das acções, logo atrás da Vanguard Group, que detém a maior participação, 8.11%. Para além do The New York Times, Vanguard e BlackRock são também os dois maiores proprietários de Time Warner, Comcast, Disney e News Corp, quatro das seis empresas de comunicação social que controlam mais de 90% do panorama mediático dos EUA.

Em Fevereiro de 2020, BlackRock e Vanguard eram os dois maiores accionistas da GlaxoSmithKline, com 7% e 3.5% das acções, respectivamente. Na Pfizer, a propriedade é invertida, sendo a Vanguard o maior investidor e a BlackRock o segundo maior accionista.

Mas a lista das empresas controladas não acaba com gás, media e farmacéuticas: o duo BlackRock/Vanguard possui acções de Microsoft, Apple, Amazon, Facebook e Alphabet Inc (Google)… impossível lista-las todas. Mais simples lembrar o lema: BlackRock e Vanguard ganham, sempre. Também com uma guerra? Sobretudo com uma guerra.

A seguir o link para um vídeo: encontra-se partilhado na polémica plataforma BitChute e publicado no canal GreatAwakening.World, que de certeza não pode ser tomado como exemplo de imparcialidade. No entanto, não deixa de ser interessante. Infelizmente, não tem legendas e está apenas disponível no idioma inglês:

https://www.bitchute.com/embed/asaiyXHQFvrp/

Ah, ia esquecendo: obviamente, tudo o que leram até aqui não passa duma enorme conspiração, em particular fruto de pessoas que costumam votar em Trump. BlackRock, Vanguard e State Street são três empresas absolutamente normais, que nada controlam e que só têm a particularidade de investir. Portanto já sabem: ignorem.

 

Ipse dixit.