BlackRock e Vanguard: armas, gás e muito mais

Actualmente, Vanguard e BlackRock são os instrumentos financeiros através dos quais a elite controla o planeta. Num próximo artigo tentaremos entender quem são os accionistas destas duas empresas mas por enquanto vamos observar o seu papel no âmbito da guerra na Ucrânia e arredores. Porque é curioso.

Os dois gigantes estão entre as 43 entidades financeiras participantes na Net Zero Asset Managers: fundos mobilizados para limitar o terrível Aquecimento Global até 1.5 graus Celsius, visando emissões líquidas zero até 2050 em todas as suas participações. Mesmo assim, é inevitável que BlackRock e Vanguard fiquem debaixo de fogo nesta altura, juntamente com StateStreet (outro dos principais instrumentos financeiros e no qual podemos encontrar Vanguard e BlackRock quais accionistas).

Armas?

Por exemplo, falamos de armas:

  • StateStreet, destaca-se na indústria dos armamentos. Tem uma participação de 14.5% na Lockheed Martin, 9.2% na Raytheon Technologies e 9.5% na Northrop Grumann.
  • Vanguard, a empresa norte-americana que gere activos no valor de mais de 5 triliões de Dólares, possui 7.2% da Northrop Grumann, 7.2% da Lockheed Martin e 7.5% da Raytheon. Tem uma participação de 2.8% no Rheinmetall da Alemanha, 1.3% no Thales de França, 1.9% no Leonardo e 0.7% no Hensoldt.
  • Blackrock detém 4.1% de Northrop Grummann, 4.8% de Lockheed Martin, 4.7% de Raytheon, 3% de Leonardo e 0.2% da empresa britânica Bae Systems.

Vanguard, BlackRock e StateStreet estão a ganhar com o envio de armas e munições ocidentais aos resistentes da Ucrânia. Sempre em nome da liberdade, nunca do lucro, claro. No entanto lucram. E nem pouco.

Mas acontece que BlackRock e Vanguard estão também entre as principais empresas financeiras atingidas pela invasão russa na Ucrânia e consequentes sanções. Como explica Bloomberg, BlackRock e Vanguard são grandes gestores de activos russos no Ocidente, incluindo o banco estadual VTB Bank PJSC e a empresa de desenvolvimento, também estadual, VEB.RF. E não falamos de trocos, mas de milhares de milhões de Dólares em ETFs, fundos de investimento negociados na Bolsa de Valores.

O caso LNG

E depois há o gás, que merece um discurso mais aprofundado: Vanguard e BlackRock estão entre os protagonistas interessados no acordo entre Comissão Europeia e EUA para a construção de infra-estruturas de armazenamento e distribuição de LNG (gás natural liquefeito) a nível continental.

Na semana passada, os EUA chegaram a um acordo com a União Europeia para o fornecimento, em cooperação com os seus “parceiros internacionais”, de 15 mil milhões de metros cúbicos de gás liquefeito (o tal LGN) em 2022. Como sabemos, o LGN americano deve servir para aliviar a dependência energética de Bruxelas em relação à Rússia e assim reduzir os riscos sociais e económicos no caso de uma ruptura no abastecimento. No entanto, sabemos também que este volume é amplamente insuficiente para substituir a grande quantidade de gás que a Europa compra a Moscovo.

Também a viabilidade prática do acordo é duvidosa porque os problemas em relação aos Estados Unidos podem ser encontrados na capacidade de exportação do País, que já está praticamente saturada e não irá crescer significativamente antes de alguns anos.

É verdade também que as mercadorias vão para onde os preços forem mais elevados e, neste aspecto, a Europa poderia ser um ponto de chegada interessante: como regra, o LGN dos EUA dirige-se para o Nordeste da Ásia, porque a procura dos Países da região (como o Japão e a Coreia do Sul) é forte e os preços elevados. No entanto, a crise energética europeia fez subir enormemente o custo do gás natural e da electricidade: em Fevereiro passado, por exemplo, o gás no mercado europeu custava já 56 Dólares por milhão de Btu, em comparação com os 44 Dólares na Ásia. Como escreve o New York Times, nos primeiros três meses de 2022 quase três quartos do LGN americano foi para a Europa e tinha sido apenas 34 % durante todo o ano de 2021.

Contudo, esta situação foi favorecida por um Inverno bastante ameno na Ásia: as reservar dos Países da região asiática não foram solicitadas em demasia e não sabemos o que irá acontecer no futuro. Esta é uma variável fundamental pois a produção de gás nos EUA é limitada pelo número de terminais de exportação disponíveis: sete no total, todos a operar a uma capacidade próxima daquela máxima. O aumento da capacidade, através da modernização das instalações ou da construção de novas, leva tempo: dois a três anos, em média.

Gás?

Dito isso, vamos ver quais os terminais de exportação LGN nos Estados Unidos: Kenai (Alasca), Sabine (Louisiana), Cove Point (Maryland), Corpus Christi (Texas), Hackberry (Louisiana), Elba Island (Geórgia) e Freeport (Texas). O maior, em termos de volumes tratados, é Sabine, propriedade da Cheniere Energy.

As principais empresas exportadoras são Cheniere Energy, Venture Global LNG, Tellurian, Sempra, Freeport LNG e Dominion Energy. E aqui voltamos a encontrar os nossos heróis:

  • os maiores accionistas da Cheniere Energy são Vanguard (8.3%) e BlackRock (6.8%). Depois temos o empresário Carl Icahn (6.3%) e Blackstone (4.6%).
  • os accionistas da Tellurian incluem a empresa de serviços financeiros State Street Corporation (6.5%), BlackRock (5.9%), Vanguard (5%) e a empresa petrolífera francesa TotalEnergies.
  • na Sempra: BlackRock (9.2%), Vanguard (8.5%) e State Street (5.5%).
  • Dominion Energy: BlackRock 6.8%, Vanguard 8.6% e State Street 5.2%.

Exacto: BlackRock, Vanguard e State Street estão presentes em tudo o que for negócio. O que podem (eventualmente) perder dum lado com as participações na empresas de Estado russas (participações que, em qualquer caso, não ficam perdidas mas poderão ser vendidas), recuperam do outro.

Hoje os três gigantes juntos gerem um total de 14 triliões de Dólares em activos e o crescimento deles tem sido vertiginoso: em dez anos, de todo o capital que fluiu para os vários fundos de investimento, 80% foi parar aos bolsos de BlackRock, Vanguard e State Street. Em vinte anos, a sua participação nas grandes empresas americanas que fazem parte do S&P 500 (abreviação de Standard & Poor’s 500, em poucas palavras o índice composto pelas quinhentos principais empresas americanas cotadas na Bolsa) quadruplicou, passando de 5.2% para 20.7%.

BlackRock e Vanguard, em particular, detêm cada uma mais de 5% das acções de todas as empresas do índice S&P 500: segundo o estudo The Specter of the Giant Three, publicado em 2019 por Lucian Bebchuk (Harvard Law School) e Scott Hirst (Boston University), o resultado é que, ao juntar State Street, os três gigantes representam 25% dos votos nas reuniões de gestão de todas as maiores corporations dos EUA.

Big Pharma? Media? E muito mais.

Só gás? Nada disso. O que é que o New York Times e a maioria dos outros meios de comunicação social têm em comum com a Big Pharma? Resposta: são em grande parte propriedade de BlackRock e da Vanguard.

No caso do The New York Times, BlackRock é o segundo maior accionista, com 7.43% do total das acções, logo atrás da Vanguard Group, que detém a maior participação, 8.11%. Para além do The New York Times, Vanguard e BlackRock são também os dois maiores proprietários de Time Warner, Comcast, Disney e News Corp, quatro das seis empresas de comunicação social que controlam mais de 90% do panorama mediático dos EUA.

Em Fevereiro de 2020, BlackRock e Vanguard eram os dois maiores accionistas da GlaxoSmithKline, com 7% e 3.5% das acções, respectivamente. Na Pfizer, a propriedade é invertida, sendo a Vanguard o maior investidor e a BlackRock o segundo maior accionista.

Mas a lista das empresas controladas não acaba com gás, media e farmacéuticas: o duo BlackRock/Vanguard possui acções de Microsoft, Apple, Amazon, Facebook e Alphabet Inc (Google)… impossível lista-las todas. Mais simples lembrar o lema: BlackRock e Vanguard ganham, sempre. Também com uma guerra? Sobretudo com uma guerra.

A seguir o link para um vídeo: encontra-se partilhado na polémica plataforma BitChute e publicado no canal GreatAwakening.World, que de certeza não pode ser tomado como exemplo de imparcialidade. No entanto, não deixa de ser interessante. Infelizmente, não tem legendas e está apenas disponível no idioma inglês:

https://www.bitchute.com/embed/asaiyXHQFvrp/

Ah, ia esquecendo: obviamente, tudo o que leram até aqui não passa duma enorme conspiração, em particular fruto de pessoas que costumam votar em Trump. BlackRock, Vanguard e State Street são três empresas absolutamente normais, que nada controlam e que só têm a particularidade de investir. Portanto já sabem: ignorem.

 

Ipse dixit.

10 Replies to “BlackRock e Vanguard: armas, gás e muito mais”

  1. E dizer que o velho Max até a pouco tempo ironizava quase tudo que envolvesse processos conspiratórios, e de que os mesmos eram meras teorias…

    1. Olá Chaplin!

      É muito difícil para mim entender como é possível que esta de Vanguard e companhia seja considerada uma teoria da conspiração. Porque é assim que de facto é tratada.

      O que há de conspiratório por aqui? Estamos a falar de empresas (as SP 500) que, por questões legais, estão obrigadas a depositar as suas composições accionárias e nelas estão escritos, preto no branco, os nomes dos maiores accionistas. E na quase totalidade destes documentos aparecem Vanguard e companhia. Não é uma conspiração, é um facto, e nega-la significaria reusar-se a admitir uma realidade.

      Existe uma “segunda parte”, por assim dizer, desta teoria e aí as coisas mudam: falamos dos verdadeiros donos, os escondidos, de Vangaurd e companhia. Mas falaremos disso.

      Quanto ao Max: acho que a “pandemia” deveria ter aberto os olhos de muitas pessoas. As instituições tiveram que empenhar-se numa campanha mediática sem antecedentes, algo que, todavia, apresentou várias fendas: profissionais da saúde que discordavam (inclusive Nobel da Medicina), dados que contavam (e contam) uma história diferente… A mesma origem do “vírus” ainda hoje está envolvida num nevoeiro bem pouco claro; ou talvez demasiado claro, ao ponto que a OMS teve que inventar-se uma acção de controle no laboratório de Wuhan que deixou mais dúvidas de que certezas. E depois começou a guerra, com a qual surgiu a censura também: as teorias (não todas, apenas algumas) saíram dos restritos círculos para tornar-se realidade e mudar as nossas vidas.

      O velho Max não tem problema em mudar as suas opiniões, aliás, é um dos objectivos de Informação Incorrecta. Se a ideia tivesse sido “continuar com o que penso”, nem teria aberto o blog. O velho Max nem tem problema em mostrar que mudou as suas opiniões: é por isso que tudo o que escrevi no passado continua aí, porque constitui a melhor prova de que mudar ideias é possível. Se uma teoria me parece ridícula, gozo com ela. Mas se amanhã aparecesse no céu Nibiru? Faria sentido negar a evidência ou seria melhor mudar de ideia? (Tranquilos: Nibiru não vai aparecer).

      “Quem pára, perde-se” dizia alguém. E acho que tinha razão.

      1. A conspiração que envolve essas megas-corporações globais reside no fato de as mesmas saberem que estão “protegidas” (com raras exceções) pela propaganda, também global, igualmente controlada por elas próprias.

      2. Isso é só o princípio as coisas vão chegar a pontos delirantes, e escrevo isto a 7 de Setembro de 2023.
        É tudo mentira… o que se segue é só prestar atenção.

        Abraços

  2. Se eu sair ao quintal e der um pontapé numa pedra, arrisco a que parte dessa pedra seja propriedade da Blackrock, e não estou a brincar.
    Estas duas empresas são sem dúvida o ponto fulcral disto tudo, e que, se for bem espremido acabamos á porta da Vanguard.
    Venha de lá esse artigo sobre os accionistas, pois vai ser interessante.

  3. Não seria melhor por os 10 maiores acionistas nos maiores postos políticos? Presidente, vice, etc ?
    Seria mais sincero, menos hipócrita, e não teríamos de assistir a escória ignorante dos EUA a frente do país, dizendo coisas inimagináveis.
    Se estes acionistas, diretores, planejadores e principais lugares de poder conseguiram o que conseguiram conforme o artigo, devem ser tão maus quanto inteligentes. Fariam melhor papel na presidência dos EUA. Afinal são eles que mandam, não é mesmo.?
    Menos mentira, um pouco mais de verdade, por favor. Eles são um país capitalista, e seu povo se orgulha disto, quanto mais capitalismo, melhor. Estaríamos livres das 3 mulheres diabólicas da governança dos EUA: a Clinton, a Albraith, e a Nuland.
    Por sinal, me enganei num comentário: quem morreu foi a Albraith, e não a Nuland. Mas as 3 são a mesma coisa: soberba e ignorância. Esqueçam esta história de democracia que nunca existiu naquele país. Admitam de uma vez por todas: EUA, economia: capitalismo predatório/financeiro; regime de governo: capitalismo predatório/financeiro.

    1. Oi Maria! Tem uma máxima que diz: “O verdadeiro poder é daquele que não se fala”. Enquanto estamos preocupados em discutir políticos, partidos políticos, governantes oriundos desses partidos, aqueles que realmente exercem poder estarão em situação confortável pois sabem que o grande público sequer sabe de suas existências. A quase totalidade das pessoas pensa que o poder mais alto é político, e mesmo entre aqueles poucos que percebem algo além, raros conseguem fazer as associações necessárias. Pergunte para suas pessoas próximas sobre blackrock e vanguard e constate que quase ninguém as conhece, e muito menos sabem do quanto elas são poderosas.

  4. Os processos conspiratórios envolvem omissões e qdo estas forem insuficientes o último recurso é evitar o ‘LIGAR DE PONTOS”, e assim manterem a população alienada ou com informações insuficientes para entender um contexto mais amplo e que descortine determinada realidade…

  5. Olá Chapl
    Eu sei, eu sei…Mas acontece que aos donos quase nunca se chega. Talvez alguém consiga chegar.
    Mas juro que eu já me dava por satisfeita em substituir os peões do poder por cavalos e bispos neste jogo sujo.
    Posso até supor que rei e rainha sejam velhos aristocratas cujos nomes de família hebreus se percam no tempo, banqueiros, magnatas de diamantes , proprietários também de grandes mídias , grandes traficantes de tudo que permita lucros extraordinários, donos de navios transatlânticos, empresários de armamento, dos maiores cassinos, redes de hotéis i bens imobiliários e por aí vai. Pode até ser tudo isso junto e muito mais.
    Quanto à mim, imagina que quando era criança seguidamente passava por uma espécie de galpão de alvenaria enorme e muito alto, sem janelas e com um portão sempre fechado sobre o qual dizia Lockheed Martin.
    Nunca alguém conseguiu me dizer o que era aquele galpão e porque eu não o via aberto.
    Por aí sei que realmente são nomes desconhecidos para a maioria das pessoas.

  6. Antes que o MAX publique o seu artigo sobre “Os Verdadeiros Donos Disto Tudo”…
    Segue um debate para ouvir e escutar:
    hXXps://rokfin.com/post/80978/Panel-Russia–the-Great-Reset–Resistance-or-Complicity

Obrigado por participar na discussão!

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