Algo está a mudar

Os tempos mudam e com uma certa pressa.

Ontem teria sido possível ver um politólgo americano e membro sénior do Council on Foreing Relations acusar e ditar a moral num País como a Índia. Hoje ainda podemos ver o mesmo, mas com uma diferença substancial: o politólgo americano e membro sénior do Council on Foreing Relations leva no focinho. Porque os tempo já mudaram.

O jornalista indiano Arnab Goswami, numa entrevista no canal indiano Republic World, respondeu ao cientista político americano Charles Kupchan, um membro influente do CFR, segundo o qual dois terços dos Países do mundo estão unidos contra a Rússia e, portanto, a Índia também deveria ter ficado do lado de Washington.

Sintetizando, Goswami respondeu que “Os EUA não estão em posição de se apresentarem como o guardião da democracia e dos direitos humanos. Os EUA não têm o direito moral de falar sobre se o mundo deve unir-se para pressionar a Rússia, uma vez que os próprios EUA são o autor das piores atrocidades do mundo.”

Em seguida: “Lembre-se de quando Obama em 2011 interveio na Líbia, utilizando a NATO para atacar aquele país e prolongar uma guerra durante anos, atacando pelo menos seis países, Iraque, Síria, Somália, Yemen, Níger e desencadeando uma guerra de drones que levou ao assassinato de tantas pessoas inocentes em vários países, desde o Yemen ao Paquistão, etc.”, disse ele.

“Onde estavam vocês na altura, dado que hoje estão a assumir a tarefa de pontificar sobre direitos humanos e democracia”? acrescentou Goswami. “Somos um grande Estado, não somos o vosso satélite e não podem dar-se ao luxo de fazer um sermão sobre o que devemos fazer pela vossa conveniência geopolítica e não por supostos valores”.

“Onde estavam os vossos princípios de valores nos dois primeiros meses da invasão do Iraque por parte dos EUA? 27.186 civis iraquianos foram vítimas directas da guerra. São estes os vossos valores?” perguntou ainda o jornalista.

É importante realçar um par de pormenores. O jornalista Arnab Goswami é um dos donos da emissora Republic World, actualmente o canal em língua inglesa mais visto da Índia. Longe de ser uma emissora politicamente próxima da Esquerda, Republic World tem ligações com o Bharatiya Janata Party, uma das duas principais formações políticas indianas e o principal movimento conservador do País, economicamente liberal, a favor da globalização e focado no crescimento económico. Ou seja: uma emissora que teria tudo para estar ao lado dos EUA nas críticas à Rússia. Mas assim não é.

Porque os tempo já mudaram. E vão mudar ainda mais.

 

Ipse dixit.

6 Replies to “Algo está a mudar”

  1. Fique feliz em ver o vídeo e ler o artigo, realmente os tempos estão a mudar e a ignorância vai, graças a internet e aos divulgadores da verdade, acabar por ser dissipada, enfim uma nova consciência aparecerá. Eu sou uma pessoa otimista,

  2. Olá Max: achastes um jornalista decente que não deixou o engravatado falar de direitos humanos, relativo aos EUA.
    Uma coisa destas dá uma esperança neste domingo. Encontrastes uma esmeralda rara.
    Os EUA pensam que, com suas experiências comunicacionais e de propaganda, apagam totalmente a memória dos incautos. Às vezes suas intenções podem não dar certo. Sugiro a biografia de fato de Joe Biden e sua “preciosa” família.
    Obrigada, e continua garimpando. Abraços

  3. Muito muito resumidamente (que o tempo é curto):

    1 – A Rússia derrotou a coligação que os EUA formaram contra a Síria.
    Essa coligação era vasta e tinha muitos mais países que não mexeram uma palha para contrariar os EUA, coisa que actualmente na Ucrânia já não é bem assim;

    2 – O Irão abate o drone mais avançado do arsenal militar Norte Americano e responde ao assassinato do general Soleimani com bombardeios (precisos diga-se) a bases americanas, a partir de solo Iraniano.

    Nessa altura e após esses dois eventos, ficou claro para o topo, pelo menos militar, que o império tinha os dias contados.

    A guerra na Ucrânia vai mostrar, não ao topo, mas ao povo, a realidade, mesmo que seja possível disfarçar durante algum tempo.

    Caramba, os Russos, destruíram um bunker nuclear, do tempo da união soviética com um dos novos Kinzal.
    Ok, já existem bombas para esse efeito e vários países as tem, é verdade.
    Mas, este bunker tinha uma particularidade, ficava debaixo de 60 metros de rocha.

    Penso que passou bem a mensagem para quem a sabe ler.
    A vantagem militar da Rússia neste momento não é marginal, como o Paulo Lopes afirmou.
    É enorme.

  4. Mais uma notícia importante:

    As colónias dos EUA recusaram hoje pagar a energia que compram da Rússia em moeda russa. Daqui há três ou quatro corolários:

    1. Não estará para breve o fim da guerra.
    2. A Ucrânia perdeu para sempre o mar de Azov.
    3. Sem a energia russa, uma forte depressão na Europa parece inevitável.

Obrigado por participar na discussão!

This site uses User Verification plugin to reduce spam. See how your comment data is processed.

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.

%d bloggers like this: