Marketing: o Papa consagra a Rússia à Nossa Senhora (tentativa nº 8)

Marguerite Alacoque nasceu em Lautecourt, perto de Verosvres, na Borgonha (França) a 22 de Julho de 1647. Os seus pais eram católicos fervorosos e Marguerite, com apenas cinco ano de idade, fez voto de castidade. Após a morte do pai entrou num mosteiro dirigido pelas freiras Clarissas e com 22 anos viu pela primeira Nossa Senhora.

A 27 de Dezembro de 1673, Marguerite relatou ter tido uma aparição de Jesus que lhe pediu uma devoção especial ao seu Sagrado Coração. Jesus apareceu várias vezes mas a missão principal confiada a Margurite era aquela de pedir ao Rei que consagrasse a França ao Sagrado Coração de Nossa Senhora. De facto, Marguerite encontrou Luís XIV de França no dia 17 de Junho de 1689, mas o pedido foi rejeitado. Com esta recusa, a França quebrava o pacto estipulado no dia de Natal de 496, quando o Rei dos Francos, Clóvis I, aceitou ser baptizado em Rheims pelo Bispo Remigius, juntamente com as suas irmãs Landechilde e Alboflede: com Clóvis I, os Francos tinham-se tornado o único povo germânico convertido do paganismo para o cristianismo católico.

Exactamente 100 anos depois da recusa de Luís XIV, no dia 17 de Junho de 1789, os deputados do Terceiro Estado reunidos em Paris votaram em favor da criação da Assemblée nationale constituante, a primeira Assembleia nacional francesa: tinha sido dado o primeiro e, provavelmente, mais importante passo que levou à queda da monarquia.


Em 1917, Nossa Senhora apareceu em Fátima aos três pastorinhos, Huguinha, Zezinho e Luisinho ou, segundo outras versões, Lúcia, Jacinta e Francisco. Entre os pedidos da Mãe de Jesus havia este:

Virei pedir a consagração da Rússia ao meu Imaculado Coração e a Comunhão de reparação nos primeiros Sábados. Se aceitarem os Meus pedidos, a Rússia converter-se-á e terá paz; se não, espalhará os seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja. O bem será martirizado, o Santo Padre terá muito a sofrer, várias nações serão destruídas. Finalmente, o Meu Imaculado Coração triunfará. O Santo Padre consagrar-me-á a Rússia, esta será convertida, e um período de paz será concedido ao mundo.


Amanhã, dia 25 de Março de 2022, Papa Francesco irá consagrar a Rússia ao Imaculado Coração de Nossa Senhora, como explica Vatican News:

Nesta hora, a humanidade, exausta e desorientada, está debaixo da cruz consigo. E precisa de se confiar a Vós, de se consagrar a Cristo através de Vós. Os povos ucraniano e russo, que Vos veneram com amor, recorrem a Vós…”.

Esta é uma das passagens centrais da oração que o Papa levantará depois de amanhã para consagrar e confiar a humanidade e especialmente a Rússia e a Ucrânia ao Imaculado Coração de Maria. Francisco di-lo-á no final da liturgia da penitência na Basílica de São Pedro, na tarde de sexta-feira, 25 de Março, festa da Anunciação.

Parece a realização do desejo da Virgem que apareceu em Fátima. Mas não é.

Trata-se da enésima operação de marketing dum Bergoglio que é tudo menos Papa. Na comprida oração de amanhã, o nome da Rússia aparecerá apenas uma vez, no trecho reportado por Vatican News, apenas para atrair os fiéis. Nada mais do que isso. Sem contar a presença da Ucrânia: Nossa Senhora nunca falou da Ucrânia nas Suas mensagens. E então porque não a Bielorrússia?

Para que conste, a Rússia já foi entregue ao Imaculado Coração de Nossa Senhora. E cada vez algo correu mal:

  • 31 de Outubro de 1942, Pio XII faz uma consagração do mundo inteiro ao Imaculado Coração de Maria.
  • 7 de Julho de 1952, Pio XII consagra os povos da Rússia ao Imaculado Coração de Maria, na sua carta apostólica Sacro Vergente Anno.
  • 21 de Novembro de 1964, Paulo VI renova a consagração da Rússia ao Imaculado Coração, na presença dos Padres do Concílio Vaticano.
  • 13 de Maio de 1982, João Paulo II convida os bispos do mundo a unirem-se a ele para consagrar o mundo e, com este, a Rússia ao Imaculado Coração.
  • Outubro de 1983, durante o Sínodo dos Bispos, João Paulo II renova a consagração de 1982.
  • 25 de Março de 1984, João Paulo II, “unido a todos os pastores da Igreja por um vínculo especial sob o qual eles constituem um corpo e um colégio“, consagra “o mundo inteiro, especialmente as pessoas cuja situação Vos leva a ter por elas um amor e solicitude particulares“.
  • 13 de outubro de 2013, Papa Francesco consagra o mundo ao Imaculado Coração de Maria.

Entre consagrações “de grupo” e específicas, a Rússia ficou dedicada à Nossa Senhora pelo menos sete vezes. Com Bergoglio será a oitava. Até a Virgem nesta altura pensará “Sim, ok, já percebi: é a Rússia, obrigado a todos mas agora chega”. Ou talvez não. Porque os ritos celebrados nunca corresponderam exactamente aos pedidos. E a Virgem é muito precisa nestas coisas. “A Rússia dizem, eh? Sim, interessante, mas onde estão os bispos? Como é que não vejo os bispos? Não há bispos? Lamento pessoal, mas esta não vale”. A Virgem sabe que as regras são para serem respeitadas e não pode haver descontos.

Sobretudo, como fez notar a Irmã Lúcia, faltava sempre o protagonista russo. E admitimos: não é um pormenor.

O Leitor está livre de não acreditar, como é claro, mas Putin já falou com Para Francesco desta questão. Em Novembro de 2013, o Presidente russo veio a Roma para uma visita com o homem do Vaticano que gosta de fazer-se chamar Papa Francesco e, durante esta deslocação oficial, houve uma reunião na Embaixada russa da Santa Sé. Putin perguntou sobre a consagração da Rússia e Padre Bergoglio respondeu que “Fátima não será discutida”.

Houve também relatos acerca dum famoso Cardeal que terá dito a um agente do serviço secreto militar russo: “Nós vamos destruir Fátima”, mas aqui já entra-se no território das lendas. Mais séria poderia ser outra questão: Bergoglio tem a autoridade para consagrar a Rússia ao Coração de Nossa Senhora? Difícil responder, considerado que um Papa não pode simplesmente “reformar-se” e que Ratzinger ainda estão vivo…

Fátima?

Vamos pôr de lado as passadas consagrações, Putin, irmã Lúcia e o resto todo. Mas Fátima? É possível realizar o desejo de Nossa Senhora, aquele desejo exprimido no evento “milagroso” mais importante do XX século, naquele lugar tão amado por um Papa que depois foi feito Santo, sem citar Fátima ou os três pastorinhos uma única vez?

Se eu fosse religioso, faria a mim próprio algumas perguntas. É normal que Padre Bergoglio finja a consagração da Rússia, mesmo agora que o Ocidente decidiu derrotar Moscovo tanto no plano militar (com o envio de armas) quanto naquele político? Por qual razão esta consagração sem citar Fátima, Lúcia, Jacinta e Francisco? Aquele “bispo vestido de branco”, morto por um grupo de soldados que o alvejam e que matam também bispos, padres, religiosos e fiéis (o famoso “terceiro Segredo de Fátima, que muitos até entre os católicos põem em dúvida) é a visão da autodestruição da Igreja, hoje chegada ao ponto de abençoar as armas dos assassinos (Cardeal Paolini, Secretário de Estado do Vaticano: “O direito de defender a própria vida, o próprio povo e o próprio país implica por vezes o triste recurso às armas”)? Putin é hoje o último chefe cristão entre as Nações mais poderosas? A Rússia cristã é o último obstáculo à criação da Nova Ordem?

Dado que religioso não sou, estes não são problemas meus e posso dar-me ao luxo de pensar que esta seja apenas a nova operação de marketing do Papa usurpador. Mas há um lado de mim que sempre ficou terrivelmente fascinado pelas profecias. Até aquelas de carácter religioso, que bem poderiam chegar de protagonistas religiosos na forma mas não na sua verdadeira essência. Em caso de dúvida, leiam a primeira descrição que Lúcia tinha feito, a única autêntica e desde logo ocultada: uma Nossa Senhora com brincos, saia curta, casaco branco, meias brancas e alta um metro (a imagem que hoje todos os fiéis adoram em Fátima não é a Virgem que apareceu aos três pastorinhos mas deriva directamente da imagem de Nossa Senhora da Lapa).

A quase totalidade das profecias publicadas ao longo dos séculos não passa de tentativas desajeitadas para incutir medo nas pessoas, pálidas imitações do Apocalipse de S. João (um texto excepcionalmente complexo este último). Não merecem a mínima atenção. Mas, no meio de tanta inutilidade (boa parte da qual de matriz religiosa, seja dito), há um limitadíssimo número de “visões” do futuro que podem surpreender, com elementos que parecem convergir. Nada que consiga abalar o nosso cérebro “científico” e “pragmático”, que derrotou as antigas superstições para abraçar definitivamente a Sagrada Ciência. No entanto, as visões lá ficam e com elas o mistério duma parte humana que apenas desejamos esquecer.

 

Ipse dixit.

7 Replies to “Marketing: o Papa consagra a Rússia à Nossa Senhora (tentativa nº 8)”

  1. Então também esquece que existe outras “Russias” em guerra em todo o mundo, muitos mais coitados a levar com as bombinhas na cabeça com bilhete antecipado para ir falar com Deus, porque não consagrar também os outros?

  2. Olá Max e todos: outro artigo de política do Vaticano que me agrada, tanto quanto a ironia fina que o Max empresta a eles, típica de gente inteligente.
    Desde sempre deploro o “santo” Francisco, pois basta conhecer sua vida pregressa na Argentina para deplorá-lo. E os fatos têm comprovado o que seja este senhor.
    Lamento pelos verdadeiros fiéis, aquelas pessoas simples e desprovidas de malícia que acreditam estar diante do “espírito”.
    A religiosidade destas pessoas são muitas vezes a tábua de salvação diante de suas vidas conturbadas por interesses alheios a si. Embora pessoalmente não seja religiosa, respeito os religiosos sinceros e todas as suas crenças.
    No caso da Rússia , por exemplo, imenso território povoado por tantas culturas, povos resilientes a desgraças amargas, o fator igreja ortodoxa, reativada por Putin, opera a necessária integração daqueles povos.
    Transformar as igrejas russas em silos foi, do meu ponto de vista, a maior besteira que os bolcheviques fizeram funcionar num povo que se viu obrigado a ocultar sua religiosidade.

  3. Grande Max,

    Pois, estas previsões do futuro que acertam em cheio. Haverá algum livro com uma lista?

    Um abraço

  4. Gente, não caiam em mentiras nem teatros para consumo público.
    Essa “consagração” é totalmente inválida por duas razões muito simples:
    1) Bergoglio é um impostor, um mação eclesiástico, o cumprimento de um plano secreto maçónico do século 19: “As Instruções Permanentes da Alta Venditta”. O verdadeiro Vigário de Cristo é Bento XVI, daí nunca ter deixado o Vaticano. Isto por si só é um sinal gigantesco destes fins dos tempos, juntando o fato de que a grande maioria dos católicos não discerne está realidade devido não só às sua ignorância, mas também à sua atitude modernista.
    2) Nossa Senhora pediu a consagração da Rússia, e não da Rússia e Ukrânia juntos… reparem também que em 1917 a Ukrânia nem pertencia às União Soviética… mas outra vez, Nossa Senhora pediu a consagração só dá Rússia.
    O que Bergoglio fez faz parte da sua usual propaganda geralmente ligada a agendas do politicamente correto.
    Aqueles que discernem bem a natureza maldosa de Bergoglio, sabem bem que este impostor nunca faria nada verdadeiramente católico… este impostor, este espantalho dos judeus da sinagoga de satanás está-se a marimbar para o que Deus, Jesus ou Nossa Senhora queiram ou não… de recordar que este é o mesmo impostor que tem criticado e atacado a prática do Rosário!!!
    Eu sou um católico português, eu tenho seguido de perto todas as palavras e acções badalhocas deste porcalhão chamado Bergoglio!!!

  5. Ups, esqueci-me de informar-vos que nem a Rússia nem o Putin são cristãos; isso é propaganda para cegar as pessoas. Putin disse em 2018 que o “comunismo é semelhante ao cristianismo”, acrescentando que não via diferenças entre o túmulo de Lenin na Praça Vermelha e os túmulos dos santos católicos, aqueles com corpos incorruptos.
    Alexander Dugin é um dos conselheiros principais de Putin, um comunista claro. A sua propaganda – e a dos judeus da sinagoga de satanás – é lavar o cérebro às pessoas do oeste, fazendo-as detestar os seus presidentes e primeiros ministros, e adorar a Rússia e o Putin. Infelizmente legiões de cristãos já caíram nesta esparrela.
    Gente, a “perestroika” foi uma das maiores mentiras do século 20; Gorbachev disse aos seus ‘camaradas’ para não se preocuparem, pois a perestroika não era nenhum passo para verem-se livres do comunismo, ao contrário a perestroika é a continuação da revolução de outubro.
    Para quem não sabe, fique a saber que o comunismo é judeu, o comunismo é talmudismo e é a cabala luciférica contida no livro ‘sagrado’ do judaísmo: o Talmude da Babilónia, ou seja, a prostituta da babilónia do Apocalipse. Ao contrário do que a maioria acredita, o comunismo não vem da Rússia, o comunismo foi exportado para a Rússia, China e para o mundo desde Nova Iorque e Londres, por banqueiros judeus como o Jacob Schiff e os Rothschild. Os judeus criaram o capitalismo e comunismo, e têm usado os dois para dividir e conquistar nações e pessoas… variadíssimos personagens como o Gilbert Chesterton desmascaram a ‘guerra fria’ e o ‘capitakismo vs comunismo’, explicando que os mesmos elementos – banqueiros judeus – estão por detrás dos dois. Chama-se o “dialeto hegeliano” do balanço de poder, eles são peritos em inventar oposições ilusórias e manter o povinho ocupado com ilusões fabricadas – esta ‘crise’ da Ukânia é uma delas, teatro para consumo público.

    1. Tua premissa tem um vício, o de dar a entender que é o viés religioso que prevalece nas relações de poder e dominância. O judaísmo sempre foi muito além de uma religião…

Obrigado por participar na discussão!

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