Zelensky: a pata na poça hebraica

No seu World War Tour 2022, durante o qual aparece em todos os parlamentos possíveis, o Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky fez um discurso em vídeo ao Knesset, a casa israelita, para pedir apoio militar e diplomático.

Ma a coisa não correu lá tão bem como planeado: o discurso de Zelensky despertou a ira dos legisladores e dos jornais israelitas. Ao abrir o seu discurso, o presidente ucraniano comparou as ameaças enfrentadas pela Ucrânia ao que aconteceu com os nazistas durante a Segunda Guerra Mundial: “A destruição total do nosso povo, do nosso Estado, da nossa cultura, mesmo do nome: Ucrânia, israel”.

Um erro grave que Zelensky, enquanto hebraico, deveria conhecer: o Holocausto é um exclusivo judeu. Não só, mas qualquer sofrimento, quando comparado ao Holocausto, perde significado e anula-se por completo: a perseguição dos hebraicos pelas mãos dos nazis deve ser utilizada como suprema referência e nunca pode ser igualada. É por isso que os outros povos que foram exterminados nos campos de concentração são ignorados: os hebreus têm a primazia. Perante qualquer tragédia ou sofrimento, haverá sempre alguém entre os hebraicos a dizer “Sim, tudo bem, mas nós tivemos o Holocausto…”.

É por isso que o Ministro das Comunicações, Yoaz Hendel, salientou que embora “a guerra seja terrível, a comparação com os horrores do Holocausto e a solução final é escandalosa”.

Bezalel Smotrich, líder de um partido de oposição de extrema-direita, disse que Zelensky estava a agir “para reescrever a história e apagar o envolvimento do povo ucraniano no extermínio dos judeus”. Pois, porque Zelensky esqueceu-se deste pormenor também: inteiros campos de concentração eram geridos por pessoal ucraniano.

Um membro do partido Likud no Knesset disse que a análise de Zelensky “beira a negação do Holocausto” (algo, lembramos, mais grave do que o bíblico pecado original):

A guerra é sempre uma coisa terrível, mas qualquer comparação entre uma guerra regular, por mais difícil que seja, e o extermínio de milhões de judeus em câmaras de gás como parte da solução final é uma completa distorção da história.

E não podia faltar o fact-check do costume: o jornal israelita Haaretz conduziu uma “verificação dos factos” do discurso do Presidente ucraniano. Às alegações de Zelensky de que a Rússia está a tentar uma “solução final” na Ucrânia são negadas pelo diário:

O Presidente russo Vladimir Putin nunca falou publicamente sobre uma “solução final” para o povo ucraniano, como Zelenskyy afirmou. Embora haja um debate contínuo sobre o que realmente motivou Putin a invadir a Ucrânia, muitas pessoas pensam que ele está a tentar realizar as suas ambições territoriais na região, e não a levar a cabo um genocídio contra o povo ucraniano.

Zelenskyy tinha dito:

Vimos mísseis russos a atingir Kiev, Babyn Yar. Sabem que tipo de terra é. Mais de 100.000 vítimas do Holocausto estão ali enterradas.

Haaretz respondeu que, embora os ucranianos afirmassem que a Rússia tinha bombardeado o local “onde dezenas de milhares de judeus foram mortos pelos nazis e os seus colaboradores locais durante mais de 48 horas em 1941, o monumento não tinha sido danificado pelos ataques. Houve alguns danos num edifício em construção, mas acredita-se que o provável alvo dos ataques não foi Babi Yar, mas a torre de televisão próxima.

Além disso, “Zelenskyy não mencionou que os ucranianos desempenharam um papel importante no assassinato em massa de Babi Yar”:

“Podem não ter premido o gatilho, mas trouxeram os judeus para o local e guardaram na área. Após a guerra, um oficial nazi de alta patente até testemunhou que tantos informadores ucranianos tinham revelado os esconderijos dos judeus aos alemães que os nazis não tinham conseguido matá-los a todos.

Etsa não foi a primeira “queda” de Zelensky durante o seu Worls War Tour: já no seu discurso ao Congresso dos EUA, a 16 de Março, tinha invocado Martin Luther King Jr. e o seu “I Have a Dream” não para defender paz e harmonia mas para pedir uma no-fly zone, mais ajuda militar e mais sanções.

O Premier Naftali Bennet de Tel Avive tinha visitado o Kremlin já durante o conflito. De volta a casa, tinha dito publicamente que Zelensky devia pensar na oferta da Rússia: na prática, estava a aconselhar a Ucrânia a render-se. À opinião pública israelita não escapou o facto de que armas de fabrico israelita acabaram nas mãos de milícias abertamente neonazis.

Se Zelensky estivesse preocupado com o povo dele, e perante os resultados no terreno, já teria feito duas contas. Como a tarefa dele é outra, a guerra continua.

 

Ipse dixit.

3 Replies to “Zelensky: a pata na poça hebraica”

    1. Pois é Chaplin mais um indício que a tua narrativa da conspiração judaica está cheia de buracos e teorias mal explicadas.

  1. No meio de bastante desgraça, até que dá para rir um pouco. Não entendo como os oligarcas para os quais Zelensky trabalhava “tocando piano com pênis”, podiam escolher uma pessoa tão desprovida de conhecimento/imaginação para a tarefa política que seria incumbido. Deveria haver gente melhor preparada.

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