Tentando encaixar…

Joguinho! Vamos tentar encaixar a guerra na Ucrânia e o Great Reset.

Possível? É o que tentou fazer o site inglês Winter Oak. O artigo original é bastante comprido, portanto vamos sintetizar ao máximo.

1. A guerra entre a Rússia e a Ucrânia já está a causar perturbações sem precedentes nas cadeias globais de abastecimento, exacerbando a escassez de combustível e induzindo níveis crónicos de inflação.

Na verdade não há nenhuma escassez de combustíveis, que estão lá todos. Mas é como se houvesse: o resultado é exactamente o mesmo. E a inflação aumenta, após um longo período no qual até vimos picos de deflação. A combinação de um crescimento abaixo da média e uma inflação em subida forçará a subclasse económica global a microempregos ou empregos de baixos salários.

O empobrecimento de uma parte significativa da força de trabalho global pode muito bem ser o prelúdio para a introdução de um rendimento básico universal: a previsão do World Economic Forum (WEF) de que “não seremos donos de nada e seremos felizes” até 2030 parece estar a realizar-se.

2. As recaídas económicas da guerra levarão a uma drástica redução da mão-de-obra global.

“Global” não diria. “Ocidental” sim.

3. A guerra reduziu significativamente a dependência da Europa do sector energético russo e reforçou a centralidade dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas e das emissões líquidas zero no cerne do Great Reset.

Este é um ponto bastante importante. As duras sanções contra a Rússia aceleram a mudança para a energia “verde” e reiteram a importância da descarbonização como parte da “luta contra as alterações climáticas”. Lembramos que o gás tem sido indicado pela União Europeia, por exemplo, como combustível ideal na transicção para a quimérica energia “limpa”. E a substituição do gás russo está agora no centro das preocupações ocidentais (em particular europeias).

A guerra oferece um enorme impulso para os governos pressionarem no sentido da restauração da independência energética, moldarem os mercados no sentido de um “crescimento verde e inclusivo” e, em última análise, empurrarem as populações para um sistema de economia de crédito de carbono.

Isto constituirá também a base para “reinventar” o Capitalismo através de meios mais “verdes”, utilizando slogans como o Build Back Better da Administração Biden, sem sacrificar o imperativo do crescimento perpétuo.

4. A escassez de alimentos criada pela guerra oferecerá uma grande vantagem à indústria da biologia sintética, uma vez que a convergência das tecnologias digitais com a ciência e biologia dos materiais transformará radicalmente o sector agrícola e encorajará a adopção de alternativas baseadas em cultivações de laboratório à escala global.

Rússia e Ucrânia são ambos grandes fornecedores globais de trigo; e a Rússia é também um dos principais produtores de fertilizantes. A escassez de comida será um problema ainda pior, provavelmente não no Primeiro ou Segundo Mundo mas no Terceiro sim. E faz sentido que seja esta a porta de entrada da biotecnologia para a segurança alimentar e a sustentabilidade (com a bênção de Bill Gates e amigos).

5. A exclusão da Rússia da SWIFT prefigura um reinicialização económica que gerará exactamente o tipo de reacção necessária para prender grandes faixas da população mundial numa grelha de controlo tecnocrático.

Possível. E provável. Com a criação de duas grandes áreas de influência (uma Ocidental e outra Oriental), voltará o clima ao estilo Guerra Fria, com a panóplia de instrumentos para a nossa “protecção” do inimigo. Já agora fala-se duma vaga de ataques por parte dos hackers russos. As blockchains serão a norma.

6. Esta guerra marca um importante ponto de viragem na aspiração globalista por uma nova ordem internacional baseada em regras, ancorada na Eurásia.

“Eurásia” não no sentido de “Europa + Ásia” mas de Rússia mais China. E sem esquecer o papel da Índia, que ainda está a protelar mas que, cedo ou tarde, terá que escolher. Pelo que: mais “Ásia” que “Eur”. Há anos de Informação Incorrecta fala disso, nenhuma novidade neste sentido.

7. À medida que cresce a especulação sobre o impacto a longo prazo da guerra nos fluxos comerciais bilaterais entre a China e a Europa, o conflito Rússia-Ucrânia catapultará israel, um dos principais proponentes do Great Reset, para uma importância internacional ainda maior.

Muito interessante este ponto. Vale a pena traduzir tudo o que diz o autor:

israel é um mercado BRI [Belt and Road Initiative, a nova Via da Seda, ndt] muito atractivo para a China e o PCC está perfeitamente consciente da importância de israel como posto avançado estratégico que liga o Oceano Índico e o Mar Mediterrâneo através do Golfo de Suez.

Além disso, o governo chinês reconheceu durante muitos anos a primazia de israel como um centro tecnológico global e aproveitou as capacidades de inovação de israel para ajudar a enfrentar os seus próprios desafios estratégicos.

Por conseguinte, a mediação de Naftali Bennet entre Moscovo e Kiev é susceptível de influenciar o papel instrumental da BRI na expansão da pegada estratégica regional e global da China e de israel.

O estatuto de Israel como um importante centro tecnológico do futuro e porta de ligação entre a Europa e o Médio Oriente está inextricavelmente ligado à rede de infra-estruturas físicas, tais como estradas, caminhos-de-ferro, portos e condutas que a China construiu ao longo da última década.

Já uma potência em auto-tecnologia, robótica e cibersegurança, israel aspira a ser uma nação central e espera-se que as empresas tecnológicas do País desempenhem um papel fundamental na Quarta Revolução Industrial.

O reforço da sua relação evolutiva com a China no meio da crise Rússia-Ucrânia poderia ajudar a impulsionar israel para um hegemonia regional de excelência com uma grande parte do poder económico e tecnológico centralizado a convergir em Jerusalém.

8. É agora bem sabido que os ID digitais são centrais na agenda do Great Reset do WEF e precisam de ser simplificados em todos os sectores, cadeias de fornecimento e mercados para fazer avançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU e fornecer serviços personalizados e integrados nas cidades inteligentes do futuro.

Na verdade, este ponto é a natural continuação do anterior nº 5: tal plataforma ID (“Identidade Digital”) pode ser utilizada para introduzir um sistema global de controle tecnocrático da população.

Os ID digitais “entregam” todos os dados duma pessoa às autoridades: biometria, registos médicos, finanças, históricos escolares, hábitos de consumo, pegada de carbono, passaporte vacinal… toda a soma da experiência humana é armazenada numa base de dados que pode ser utilizada para determinar a nossa conformidade com os objectivos “sustentáveis” da ONU.

Neste sentido, a “pandemia” da Covid deu um importante impulso com a introdução das certidões digitais. E nem vamos esquecer as experiências chinesas no âmbito do “credito social”.

9. A Europa está directamente na linha de fogo quando uma guerra híbrida entre a NATO e o eixo sino-russo está em curso.

Um ponto um pouco “esforçado” no meu entender: a guerra na Ucrânia apagou definitivamente qualquer vestígio de autonomia europeia, tanto económica como política, entregando tudo nas mãos de Washington. O futuro acordo TTIP será o último prego no caixão.

Mais relevante é o perigo dum ataque informático (obviamente por parte de hackers “russos”), tanto durante a guerra como depois (o que daria uma bonita “nova emergência”, tanto para não perder o hábito): há meses que circula esta ideia e já houve uma simulação neste sentido em Jerusalém. E, como sabemos (Event 201), estas simulações parecem trazer um certo azar…

10. As implicações desta guerra serão tão desastrosas que os governos e o sector público necessitarão de uma injecção significativa de capital privado para fazer face ao défice de financiamento.

Não, de todo. Irá acontecer exactamente o contrário: as impressoras das Casas da Moeda vão trabalhar bastante para fornecer liquidez às empresas privadas através dos bancos. A seguir, será explicado que o Estado sozinho já não consegue alcançar as novas metas provocadas pela guerra e necessita da intervenção dos privados, tanto através de parcerias público-privadas quanto através da privatização.

O resultado não muda, mas seria um erro achar que os Estados “não têm capacidades”: este será apenas o argumento utilizado.

Consequências? Diz o autor:

Assim, o futuro das relações internacionais e a transformação social, económica e política que o mundo está a atravessar à luz da pandemia e do conflito Rússia-Ucrânia não será decidido pelo multilateralismo e pelos representantes eleitos dos Estados soberanos.

Em vez disso, será decidido através de uma rede de parcerias multi-stakeholder que são motivadas pela política de conveniência e não prestam contas a qualquer eleitorado e para quem conceitos como a soberania e o direito internacional não têm sentido.

Bom, pode não ser tudo tão linear mas o artigo de Winter Oak tem o mérito de conseguir encaixar várias peças, não acham? Não? Ok, como não dito.

 

Ipse dixit.

2 Replies to “Tentando encaixar…”

  1. Olá Max: Winter Oak é ótimo, e tu melhor ainda por selecionar esta reflexão, a qual eu não conseguia encaixar direito os dados do joguinho.
    Eu conheço todas as peças, suspeitava que elas podiam ser encaixadas, mas não sabia como. Só uma jogada eu fiz : a da comida artificial, carne que não é carne e tudo mais.
    Também percebia no colo de quem irão parar as despesas das mudanças, e como isso será feito.
    O restante das jogadas, eu refletia como um aluninho de primeiro grau, muito fraquinho, que tive, faz meio século.
    Nunca esqueci o que ele dizia; ele falava tudo errado:
    “Profe, eu sei tudo essas coisa separada. Mas o meu penso (pensamento) não dá pra acureiá (relacionar)”
    Abraços, e vamos rir dos tempos já em curso e que virão. De uma maneira ou de outra havemos de nos safar. Sei no entanto, que felizes mesmo não seremos com a derrocada da maior parte da humanidade.
    Eu desejo que continuemos lutando, na contramão dos tendências, do jeito que der. Mas eu não posso deixar de pensar que tudo poderia ser tão diferente.

  2. Encaixem lá…
    hXXps://childrenshealthdefense.org/defender/digital-dictatorship-world-economic-forum/?eType=EmailBlastContent&eId=8f9af747-e6ec-44c1-9a44-83ef5cd6ee1a
    Direto ao assunto…
    hXXps://rumble.com/vwb4ab-march-3-2022.html

    Dúvidas?
    Nenhuma.
    Não me venham cá com falinhas mansas.
    “Enquanto os cães ladram, a caravana passa”.

    São as acções que ditam os acontecimentos.
    Por cá (UE), elas ainda significam vassalagem e anuência.
    Significam adesão em massa à Santa Igreja do Transhumanismo.
    Planeada migração para os acólitos da Santa Igreja do Consumismo.

    Entretanto, vamos tentado perceber…
    hXXps://thegoodcitizen.substack.com/p/corporate-state-fascism-is-already?s=r

    O porquê de tantos decidirem a sua alma às bestas vender…
    hXXps://genius.com/Rage-against-the-machine-bullet-in-the-head-lyrics

Obrigado por participar na discussão!

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