O jornalista e a Covid

Artigo mais comprido do que o costume, mas cuja leitura é vivamente aconselhada se o Leitor estiver interessado na questão Covid-19.

O diário francês France Soir apresentou nos últimos dias uma interessante intervenção do jornalista Ole Skambraks. Segundo as suas próprias afirmações, Ole (licenciado em Ciências Políticas e Francês na Queen Mary University of London e Gestão dos Media na ESCP Business School em Paris; já apresentador, repórter e editor de Radio France Internationale, gestor de programas em Sputnik, editor na WDR Funkhaus Europa/Cosmo) foi despedido no passado mês de Outubro de 2021 da emissora pública SWR2. E o seu despedimento foi devido à maneira como Ole pretendia tratar a questão Covid-19.

Há uma fundamental diferença entre esta intervenção e aquela do alegado médico da respiração publicada há dias pelo inglês The Guardian: Ole Skambraks não fica escondido atrás duma assinatura “anónima” mas expõe-se em primeira pessoa, denunciando abertamente a censura e o consentimento forçado que existe nos órgãos de informação e que envolve os seus colegas jornalistas. E, contrariamente à publicação do diário inglês, Ole apresenta também material que obriga a reflectir (é possível encontrar estes links na primeira parte da sua intervenção, no artigo original de France Soir).

Todavia, o que mais interessa por aqui é uma série de perguntas presentes na segunda parte do artigo. Questões em aberto, inconsistências e perguntas não respondidas que, incrivelmente, não costumam ser abordadas por parte dos jornalistas.

Vamos reporta-las de forma integral:

  • Porque é que sabemos tão pouco sobre a “investigação de ganho de função” (investigação para tornar os vírus mais perigosos para os seres humanos)?
  • Porque é que a nova Lei de Controlo das Infecções [uma lei alemã, ndt] estipula que o direito fundamental à integridade do corpo e à inviolabilidade do lar pode agora ser restringido, mesmo independentemente de uma situação epidémica?
  • Porque é que as pessoas que já tiveram Covid-19 têm de ser vacinadas novamente, quando estão pelo menos tão protegidas como as que já foram vacinadas?
  • Por que razão não é feita qualquer menção ao Evento 201 e aos exercícios pandémicos globais que precederam a propagação da SARS-CoV2, ou apenas no contexto dos mitos da conspiração? [nota: outros exercícios de emergência pandémica foram Clade X (2018), Atlantic Storm (2005), Global Mercury (2003) e Dark Winter (2001). Informação Incorrecta tratou do Event 201 neste artigo, ndt].
  • Porque é que o documento interno do Ministério Federal do Interior [da Alemanha, ndt], conhecido pelos meios de comunicação social, que pedia às autoridades que realizassem um “efeito de choque” para ilustrar os efeitos da pandemia do coronavírus na sociedade humana, não foi publicado na íntegra e discutido em público?
  • Porque é que o estudo do Professor Ioannidis sobre as taxas de sobrevivência (99.41% para os menores de 70 anos) não fez notícia, enquanto as projecções catastróficas e fatalmente erradas do Imperial College o fizeram (na Primavera de 2020, Neil Ferguson previu meio milhão de mortes no Reino Unido e mais de 2 milhões nos EUA)?
  • Porque é que um relatório de peritos elaborado para o Ministério Federal da Saúde [mais uma vez: Alemanha, ndt] afirmava que os pacientes Covid seriam responsáveis por apenas 2% da utilização hospitalar em 2020?
  • Porque é que Bremen tem de longe a maior incidência (113 em 4 de Outubro de 2021) e ao mesmo tempo a maior taxa de vacinação da Alemanha (79%)?
  • Porque foram feitos pagamentos no total de 4 milhões de Euros numa conta pessoal da Comissária da Saúde da UE Stella Kyriakides, que foi responsável pela celebração dos primeiros contratos de vacinação da UE com empresas farmacêuticas? [Nota: nformação Incorrecta tratou do caso da Kyriakides e do marido neste artigo, ndt]
  • Porque é que as pessoas com graves efeitos secundários das vacinas não estão representadas na mesma medida que as pessoas com graves efeitos secundários da Covid-19? [Por exemplo, o músico britânico Eric Clapton, que desenvolveu reacções violentas após a vacinação e agora lamenta-o, acabou de ser  apenas mencionado e por vezes nem isso, ndt]
  • Porque é que ninguém está preocupado com a forma aleatória como são contabilizadas as infecções pós-vacinação?
  • Porque é que os Países Baixos relatam muito mais eventos adversos das vacinas Covid-19 do que outros Países?
  • Porque é que a descrição da eficácia das vacinas Covid-19 no website do Instituto Paul Ehrlich mudou três vezes nas últimas semanas? “Vacinas Covid-19 protegem contra a infecção por SARS-CoV-2”. (15 de Agosto de 2021); “As vacinas Covid-19 protegem contra o curso grave da infecção SARS-CoV-2”. (7 de Setembro de 2021); “As vacinas Covid-19 são indicadas para a imunização activa para prevenir a doença Covid-19 causada pela SARS-CoV-2. (27 de Setembro de 2021).
Ole Skambraks

Como é possível notar, as perguntas de Ole são acompanhadas por ligações que permitem saber mais acerca dos problemas apresentados. Esta é uma forma séria de apresentar uma questão, qualquer questão, e difere radicalmente de outros artigos “jornalísticos” apresentados online e baseados exclusivamente em repetições e/ou traduções dos comunicados de agências de imprensa (ou até em puras e simples invenções, como no já citado caso do The Guardian).

Ole continua as suas observações. Vamos ver.

 

“Ganho de função” e “fuga de laboratório

Até agora, não ouvi nem li nada substancial sobre “investigação de ganho de função”, ou seja, investigação para tornar os vírus mais perigosos, que está a ser realizada no Instituto de Virologia de Wuhan na China e financiada pelos Estados Unidos. Esta investigação está a decorrer nos chamados laboratórios P4, onde se trabalha há décadas sobre como os vírus do reino animal podem ser modificados de tal forma que também se tornem perigosos para os seres humanos. ARD e ZDF [emissoras radiofónicas públicas da Alemanha, ndt] têm até agora ignorado este tópico, embora precise claramente de ser discutido. Uma primeira questão para discussão poderia ser, entre outras, a seguinte: “Será que nós, como sociedade, queremos essa investigação?

Existem agora muitos relatórios sobre a “teoria da fuga de laboratório”, ou seja, a hipótese de que o SARS-CoV-2 teve origem num laboratório. Vale a pena mencionar que este argumento foi imediatamente rotulado como uma teoria da conspiração no ano passado. Os meios de comunicação alternativos que seguiram esta linha de inquérito foram banidos das redes sociais como YouTube e Twitter e a informação foi removida. Os cientistas que expressaram esta tese foram atacados massivamente. Hoje em dia, a “teoria da fuga do laboratório” é pelo menos tão plausível como a transmissão por um morcego. O jornalista de investigação americano Paul Thacker publicou os resultados da sua meticulosa investigação no British Medical Journal.

A Dra. Ingrid Mühlhauser, professora de Ciências da Saúde na Universidade de Hamburgo, escreve:

Passo a passo, ele [Thacker] mostra como os operadores de um grupo de laboratórios americanos desenvolvem deliberadamente uma teoria da conspiração para encobrir o acidente de laboratório em Wuhan. Este mito é apoiado por revistas de renome como o Lancet. Os jornalistas científicos e os serviços de verificação de factos [os fact-checking, ndt] adoptam a informação sem qualquer reflexão. Os cientistas envolvidos permanecem em silêncio por medo de perderem o seu prestígio e fundos de investigação. Facebook tem bloqueado relatórios que questionam a origem natural da SRAS-CoV-2 há mais de um ano. Se a teoria dos acidentes de laboratório for confirmada, então ZDF e outros meios de comunicação terão defendido teorias da conspiração.

[Nota: mais sobre o gain of function neste artigo de Informação Incorrecta, ndt]

 

Ivermectina e alternativas à vacinação

Há meses que também é evidente que existem tratamentos eficazes e baratos para a Covid-19, cuja utilização é proibida. Os dados sobre isto são claros. No entanto, as campanhas de desinformação pseudocientífica contra estes remédios são indicativas do estado da nossa Medicina. A hidroxicloroquina é conhecida há décadas e tem sido utilizada milhões de vezes para tratar a malária e doenças reumáticas. No ano passado, o medicamento foi subitamente declarado inseguro. A declaração do Presidente Donald Trump de que a hidroxicloroquina era um game changer [uma “mudança no jogo”, ndt] fez o resto para a desacreditar. A retórica política já não permite um debate científico sobre a hidroxicloroquina.

A situação catastrófica na Índia, devido à propagação da variante do Delta, foi amplamente noticiada por todos os meios de comunicação social na Primavera (nessa altura, a variante indiana ainda estava a ser discutida). No entanto, o facto da Índia ter controlado a situação relativamente depressa e da Ivermectina ter desempenhado um papel decisivo a este respeito em grandes estados como o Uttar Pradesh não foi considerado digno de nota. [nota: a OMS até felicitou o estado indiano do Uttar Pradesh pela sua política de Covid, mas sem mencionar a Ivermectina. A taxa de vacinação no Uttar Pradesh é inferior a 10%, ndt].

A Ivermectina tem também aprovação provisória na República Checa e na Eslováquia para o tratamento de doentes com Covid-19. Pelo menos a Mitteldeutscher Rundfunk [MDR, uma radio-difusora pública alemã, ndt] mencionou-a, embora com uma conotação negativa.

Na sua lista de potenciais tratamentos, Bayerischer Rundfunk [emissora radiofónica publica da Alemanha, ndt] nem sequer mencionou a Ivermectina. E para a hidroxicloroquina, apenas foram mencionados estudos negativos e nenhum positivo.

Em testes de laboratório no Verão de 2020, a molécula Clofoctol também mostrou um efeito positivo contra o SARS-CoV-2. Até 2005, o antibiótico esteve disponível em França e Itália sob os nomes comerciais Octofene e Gramplus. Em várias ocasiões, o Instituto Pasteur de Lille foi impedido pelas autoridades francesas de realizar um estudo com doentes de Covid-19. Só no início de Setembro, após várias tentativas, é que recrutaram o primeiro paciente para este projecto.

Porque é que as autoridades sanitárias se opõem veementemente aos tratamentos que teriam estado disponíveis no início da pandemia? Gostaria de ter visto um relatório de investigação da ARD sobre este assunto. Recorde-se que foi alegado que a aprovação de emergência das novas vacinas contra o coronavírus só se justificava pelo facto de não ter havido tratamento oficialmente aprovado para a SARS-CoV-2.

Com isto não pretendo promover uma cura milagrosa para o coronavírus. Quero apenas apontar alguns factos que não receberam a atenção que merecem. Desde o início, o discurso público tem sido que só a vacinação nos poderia tirar da crise. A OMS chegou ao ponto de alterar a definição de “imunidade de rebanho” para significar que esta só podia ser adquirida através da vacinação e não através duma infecção prévia, como acontecia anteriormente.

Mas o que acontece se o caminho percorrido for um beco sem saída?

[Nota: mais sobre Ivermectina e hidroxicloroquina em Covid: ivermectina, hidroxicloroquina e miocardite e em FDA e Big Pharma: o caso Ivermectina, ndt]

 

Perguntas sobre a eficácia da vacinação

Dados de Países com taxas de vacinação particularmente elevadas mostram que as infecções pela SARS-CoV-2 não são raras, mesmo entre pessoas totalmente vacinadas, mas sim comuns. O Dr. Kobi Haviv, Director do Hospital Herzog em Jerusalém, diz que 85-90% dos doentes críticos na sua unidade de cuidados intensivos receberam duas doses.

A revista Science escreve, referindo-se a israel como um todo, que “a 15 de Agosto, 514 israelitas foram admitidos com uma forma grave ou crítica de Covid-19… Destas 514 pessoas, 59% estavam totalmente vacinadas. Dos vacinados, 87% tinham 60 anos de idade ou mais. A ciência cita um conselheiro do governo israelita que afirma: “Uma das grandes notícias de israel é que as vacinas estão a funcionar, mas não suficientemente bem”.

Além disso, é agora de conhecimento público que as pessoas vacinadas transportam (e disseminam) tanto material viral da variante Delta como as pessoas não vacinadas.

Que consequências é que isto tem na Alemanha? Uma segregação dos não vacinados ou, eufemisticamente, a “Regra 2G”. (geimpft oder genesen, “vacinados ou curados”). A sociedade está efectivamente dividida em duas classes. Os vacinados recuperam a sua liberdade (porque não representam um risco para os outros), os não vacinados (que representam um risco para os outros) têm de se submeter a exames que eles próprios têm de pagar e, em caso de quarentena, já não são pagos. Além disso, os obstáculos ao emprego e despedimentos com base no estatuto de vacinação já não estão excluídos, e as companhias de seguros de saúde poderão, no futuro, aplicar taxas menos favoráveis aos não vacinados. Porquê esta pressão sobre os não vacinados? Não existe base científica que justifique tais medidas extremamente nocivas para a sociedade.

Os anticorpos produzidos pela vacinação diminuem significativamente ao fim de alguns meses. Um olhar sobre israel mostra que, após a segunda administração, toda a população terá agora de ser submetida a uma terceira dose, e a quarta já foi anunciada. Aqueles que não actualizarem a sua vacinação após seis meses já não são considerados imunes e perdem o seu Green Pass [o “Passe Verde”, o cartão de vacinação digital introduzido em israel e não só, ndt]. Nos EUA, Joe Biden está agora a falar sobre as reforço anti-Covid de cinco em cinco meses. Marion Pepper, uma imunologista da Universidade de Washington, questiona esta estratégia. Ela disse ao New York Times que “a estimulação repetida das defesas do corpo também pode levar a um fenómeno chamado esgotamento imunitário”.

Pouco se fala do facto de que a infecção natural permite o desenvolvimento de uma imunidade muito mais robusta. “Anticorpos ultra-poderosos“, ou “super imunidade”, foram descobertos em pessoas infectadas com SARS-CoV-2 no ano passado. Estes anticorpos respondem a mais de 20 mutações virais diferentes e persistem mais tempo do que os anticorpos adquiridos através da vacinação.

Pelo menos o Ministro da Saúde, Jens Spahn [da Alemanha, ndt], anunciou agora que também serão aceites provas de anticorpos. Mas para ser considerado oficialmente imune, ainda tem de ter uma vacinação. Quem entende esta lógica? Uma entrevista da CNN com o Dr. Anthony Fauci, presidente do Instituto Nacional de Saúde, mostra claramente o absurdo da situação. As pessoas com imunidade natural têm sido até agora ignoradas pelos políticos!

Conheço um médico que tenta desesperadamente obter uma resposta das autoridades sanitárias e do RKI [Instituto Robert Kock, uma agência do governo federal da Alemanha e um instituto de pesquisa, responsável pelo controle e prevenção de doenças, ndt] sobre esta questão: um dos seus pacientes tem um nível de anticorpos IgG de 400 AU/ml, muito superior ao de muitas pessoas vacinadas. Uma vez que a sua infecção com coronavírus data de há mais de seis meses, ele já não é considerado imune. Foi-lhe dito: “Porque não o vacinam”, o que o médico se recusa a fazer com esse nível de anticorpos.

 

Uma falta fundamental de compreensão jornalística

O resultado da pandemia promovida pela política e pelos meios de comunicação social é uma subscrição permanente de vacinação. Os cientistas que apelam a uma abordagem diferente ainda não estão adequadamente representados nos meios de comunicação social públicos, como o demonstrou mais uma vez a reportagem parcialmente difamatória sobre a campanha #allesaufdentisch [iniciativa não governamental alemã que apela a um debate “amplo, factual e aberto”, ndt]. Em vez de discutirem o conteúdo dos vídeos com as pessoas envolvidas, utilizam especialistas para desacreditar a campanha. Ao fazê-lo, os emissores públicos estão a cometer exactamente o erro de que acusam esta campanha.

Anton Rainer, jornalista da Spiegel, disse numa entrevista à SWR sobre a campanha, que não foi uma entrevista no sentido clássico da palavra: “Basicamente vês duas pessoas que concordam uma com a outra. Ouvir esta emissão do meu patrão pôs-me doente; pôs-me literalmente doente do estômago a falta de compreensão jornalística básica para conseguir que o outro lado falasse. Manifestei as minhas preocupações às pessoas envolvidas e à direcção editorial por correio electrónico”.

Um comentário clássico nas conferências editoriais é que o argumento é “já feito”. Por exemplo, quando levantei a questão da provável subnotificação de complicações relacionadas com a vacina. Sim, é verdade, a questão foi discutida com o perito interno que, sem surpresas, concluiu que não havia subnotificação. O “outro lado” é mencionado aqui e ali, mas é muito raro que lhe seja dado um rosto humano e que o tema seja abordado sob a forma de uma real discussão com pessoas que tomam posições críticas.

 

Críticos sob pressão

Os críticos sinceros enfrentam buscas, processos judiciais, congelamento das suas contas, transferência ou demissão e até internamento numa ala psiquiátrica. Mesmo que estas sejam opiniões que não se partilham, num estado de Direito tal coisa não deveria existir.

Nos Estados Unidos já existe um debate sobre se as críticas à ciência devem ser classificadas como um “crime de ódio”. A Fundação Rockefeller ofereceu 13.5 milhões de Dólares para censurar a desinformação no sector da saúde.

O director da WDR, Jörg Schönenborn, disse que “os factos são factos, são confirmados”. Se for esse o caso, como é possível que os cientistas estejam constantemente a discutir à porta fechada e até a discordar uns dos outros sobre questões fundamentais? Até nos apercebermos disto, qualquer pressuposto da chamada objectividade conduz a um beco sem saída. Só podemos esperar aproximar-nos da “realidade” e isto só é possível através de uma troca aberta de opiniões e conhecimentos científicos.

O que está a acontecer agora não é uma luta sincera contra fake news. Pelo contrário, a impressão é que qualquer informação, prova ou discussão contrária à narrativa oficial é suprimida.

Um recente exemplo é o vídeo factual e cientificamente transparente do cientista informático Marcel Barz. Numa análise dos dados em bruto, Barz nota surpreendentemente que nem os números da mortalidade em excesso, nem os números da ocupação de camas, nem a incidência das infecções correspondem ao que lemos ou ouvimos nos meios de comunicação social e dos políticos durante o último ano e meio. Também mostra como estes dados possam certamente ser utilizados para retratar uma pandemia e explica porque o considera desonesto. O vídeo foi retirado após 3 dias do YouTube, após 145.000 visualizações (e só foi tornado acessível novamente após uma objecção de Barz e numerosos protestos). A razão dada foi “desinformação médica”. Isto levanta a questão: quem tomou esta decisão e em que base?

Os verificadores de factos do Volksverpetzer [blog alemão de fact checkers, ndt] desacreditaram Marcel Barz como falsificador. O veredicto de Correctiv [site de investigação jornalística da Alemanha, ndt] foi um pouco mais moderado (Barz respondeu publicamente e em pormenor). O relatório de peritos elaborado para o Ministério Federal da Saúde, que mostra que a utilização do hospital em 2020 por doentes do Covid-19 foi apenas 2%, prova que ele tem razão. Barz contactou a imprensa com a sua análise, mas esta não recebeu qualquer atenção. Se o debate público funcionasse realmente, os nossos meios de comunicação social convidá-lo-iam a entrar na arena.

Milhões de vezes, o conteúdo acerca das questões relativa à Covid foi eliminado, como mostra a jornalista Laurie Clarke no British Medical Journal. Facebook e Co. são empresas privadas e por isso podem decidir o que é publicado nas suas plataformas. Mas será que também têm o direito de controlar o debate público?

O serviço público de radiodifusão poderia proporcionar um equilíbrio importante, assegurando uma troca aberta de pontos de vista. Mas, infelizmente, isto não está a acontecer!

 

Passes digitais de vacinação e vigilância

As fundações Gates e Rockefeller conceberam e financiaram as directrizes da OMS para os passes digitais de vacinação. Estes passes estão agora a ser introduzidos em todo o mundo. Só com eles é possível a vida em sociedade, quer seja para tomar o eléctrico, beber um café ou procurar tratamento médico. O exemplo francês mostra que este cartão de identidade digital deve permanecer em vigor mesmo após o fim da pandemia. A deputada Emanuelle Ménard tinha pedido o seguinte aditamento ao texto da lei: o registo digital de vacinação “terminará quando a propagação do vírus deixar de representar um risco suficiente para justificar a sua utilização”. A sua emenda foi rejeitada. Portanto, estamos apenas a um passo do controlo global da população ou mesmo de um estado de vigilância através de projectos como o ID2020.

A Austrália está a testar um aplicativo de reconhecimento facial para garantir que as pessoas em quarentena fiquem em casa, israel está a utilizar pulseiras electrónicas. Numa cidade italiana, os drones estão a ser testados para medir a temperatura dos banhistas e em França a lei está a ser alterada para tornar possível a vigilância dos drones em grande escala.

Todas estas questões requerem um intercâmbio intenso e crítico dentro da nossa sociedade. Mas os nossos radiodifusores não os abordam suficientemente nos seus relatórios e não foi um tema de campanha eleitoral.

 

Perspectivas limitadas

A forma como o debate público é limitado é característica dos “cães de guarda da informação”. Um exemplo actual é dado por Jan Böhmermann, que exigiu que o virologista Hendrik Streeck e o Professor Alexander S. Kekulé deixassem de poder falar, porque não eram competentes.

Para além do facto de ambos os médicos terem currículos respeitáveis, Böhmermann reajustou assim os antolhos. Então as pessoas que apresentam, mesmo com luvas, as suas críticas à abordagem do governo não devem continuar a ser ouvidas?

O debate público foi restringido de tal forma que a Bavarian Broadcasting Corporation absteve-se repetidamente de transmitir os discursos dos parlamentares críticos das medidas durante os debates parlamentares na Assembleia da Baviera.

 

Algo correu mal

Durante muito tempo pude dizer com orgulho e prazer que trabalhei para uma empresa pública de radiodifusão. ARD, ZDF e Deutschlandradio produziram muitas pesquisas, formatos e conteúdos excepcionais. Os padrões de qualidade são extremamente elevados e os milhares de empregados fazem um excelente trabalho, mesmo face à crescente pressão dos custos e às medidas de redução de custos. Mas algo correu mal com a Covid. De repente, descobri uma visão de túnel, antolhos e um chamado consenso que já nem sequer é questionado.

A emissora austríaca Servus TV mostra que é possível fazer as coisas de forma diferente. No programa Corona-Quartett” / “Talk im Hanger 7, apoiantes e críticos têm o mesmo espaço. Porque é que isto não deveria ser possível na televisão alemã? “Não se pode dar um palco a todos os malucos” é a resposta. O falso equilíbrio, de que opiniões sérias e não sérias podem ser ouvidas igualmente, deve ser evitado. Um maciço argumento que nem sequer é científico. O princípio fundamental da ciência é duvidar, questionar, verificar. Se isto já não acontecer, a ciência torna-se uma religião.

Sim, existe de facto um falso equilíbrio. É o ponto cego que se instalou nas nossas mentes e já não permite um debate sincero. Atiramos factos aparentes à cara um do outro, mas já não nos conseguimos ouvir um ao outro. O desprezo toma o lugar da compreensão, a luta contra a opinião contrária substitui a tolerância. Os valores fundamentais da nossa sociedade são prodigiosamente atirados borda fora. Aqui dizemos: “As pessoas que não querem ser vacinadas são estúpidas”, ali dizemos: “Vergonha das ovelhas adormecidas”.

Enquanto discutimos, não nos damos conta de que o mundo à nossa volta está a mudar a um ritmo vertiginoso. Praticamente todas as áreas das nossas vidas estão a ser transformadas. A forma como isto evolui depende em grande parte da nossa cooperação, compaixão e autoconsciência, do que dizemos e do que fazemos. Para a nossa própria sanidade, faríamos bem em abrir o espaço de debate, com plena consciência, respeito e compreensão de diferentes perspectivas.

 

Ipse dixit.

3 Replies to “O jornalista e a Covid”

  1. Olá Max: artigo muito bom esse teu, que inclusive me deu notícias de israel, que faz muito não sabia.
    Já sabemos, no entanto, o que se passa, e II foi determinante para o meu conhecimento.
    Agora sabemos que há de se enfrentar um novo paradigma, anunciado faz bom tempo, embora lá no fundo acreditávamos superá-lo antes que se tornasse realidade.
    Não aconteceu. Nem toda gente caiu no conto da Covid e da vacinação em massa e permanente, mas a destruição das fontes que são contrárias ao conto global têm sido estigmatizadas, e até então não conseguiram alterar as regras do jogo.
    Tenho dúvidas que consigam, então precisamos descobrir novas formas de enfrentamento.
    Se por um lado devemos continuar falando, escrevendo, discutindo, por outro urge encontrar formas de sabotar as exigências dos novos paradigmas.
    Não sei se concordas, mas meu pensamento só consegue ir até aí.
    Pode ser que o telegran ou outra forma de comunicação estimule um pouco mais os meus neurônios.

Obrigado por participar na discussão!

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