Media, propaganda e ovelhas

Aviso desde já: este é um desabafo. Além duma curta notícia, o Leitor não irá encontrar nada de novo por aqui. Só uma pergunta no fundo.

Cada vez mais complicado descodificar a avalanche de notícias que diariamente atinge internet. Cada vez mais complicado distinguir a verdade da mentira: o império online é feito de tudo e do contrário de tudo. A propaganda não tem limites, engole os factos e regurgita interpretações vendidas como verdade.

Um exemplo.

Aurora, sito italiano declaradamente de Esquerda, apresenta com orgulho a última novidade da China, directamente das páginas do Global Times:

China mostra tolerância zero para fake news ao proibir a BBC World News

A China enviou ao mundo um sinal claro de tolerância zero para as fake news na Sexta-feira, impedindo que a BBC World News transmita na China. A decisão não é uma surpresa. Segundo a National Radio and Television Administration, a BBC World News está proibida porque algumas reportagens sobre a China violaram os princípios da veracidade e imparcialidade do jornalismo.

Desde há algum tempo, a BBC não tem sido um canal de notícias que apoie reportagens objectivas, mas tem sido degradada a um moinho de rumores infundados. É justo dizer que é a vanguarda ocidental na elaboração e divulgação de rumores e mentiras sobre a China. A BBC vê o que diz respeito à China com dois pesos e duas medidas. E agora paga.[…]

A BBC lidera uma cruzada na opinião pública contra a China. É um instrumento de propaganda das forças secessionistas e separatistas da China, ameaçando a segurança nacional chinesa com notícias falsas. Para servir os secessionistas, segue um padrão em relatórios seleccionados degradando-se até tornar-se um megafone de rumores. Dito isto, a China tem todos os motivos para tomar medidas contra ela. A punição da emissora britânica é razoável. Se não respondermos, isso significa que toleraremos qualquer pessoa que nos menospreze. A China precisa de dar uma lição à BBC. É de salientar que a proibição da BBC World News não tem nada a ver com a liberdade de imprensa. Será que a chamada liberdade de imprensa defendida pelo Ocidente significa que os meios de comunicação social são livres de produzir mentiras e de lançar acções de repressão politicamente motivadas contra um alvo, ao mesmo tempo que são imunes a qualquer punição? Se assim for, a China não tem necessidade de tal liberdade de imprensa. Os meios de comunicação social ocidentais não têm a moralidade para criticar a China sobre a liberdade de imprensa.

Maravilhoso: Pequim que envergonha os meios da propaganda ocidental, fechando duma vez por todas um dos líderes desta cruzada anti-chinesa. E não pode haver dúvidas quanto ao facto, pois a fonte é o Global Times, o tablóide que é uma emanação do maior diário chinês, aquele Rénmín Rìbào (Diário do Povo), publicado pelo Partido Comunista Chinês. Data do artigo: 12 de Fevereiro.

Um salto no tempo e no espaço até o outro lado do mundo. Bloomberg:

O Reino Unido acaba com a licença da televisão chinesa, alimentando tensões com Pequim

O regulador dos media do Reino Unido retirou do ar o canal de televisão estatal chinês CGTN, uma decisão que está destinada a aprofundar as tensões com Pequim. […]

A China Global Television Network (CGTN) tinha pedido que a sua licença fosse transferida para uma entidade chamada China Global Television Network Corporation, mas faltava “informação crucial” no pedido, e o novo proprietário foi impedido de possuir uma licença uma vez que teria ficado sob o controle dum organismo dirigido em última instância pelo Partido Comunista Chinês, disse a Ofcom [o regulador, ndt].

Numa declaração, a CGTN disse estar desapontada e expressou “forte oposição” às conclusões da Ofcom ao mesmo tempo que defendeu a sua como uma organização “profissional” dos media. A emissora disse que cumpre todas as leis locais, acrescentando que iria “continuar a promover a compreensão, comunicação, confiança e cooperação”.

Data do artigo: 4 de Fevereiro.

Resumindo: a Grã Bretanha obscura no Reino Unido o canal chinês CGTN, acusando-o de imparcialidade. Uma semana depois, a China obscura a BBC como retaliação. Não há nenhuma luta contra as fake news, ambas as emissoras estão profundamente envolvidas, de forma simétrica, na divulgação de respectiva propaganda.

Tenho a sorte (por assim dizer…) de ter à disposição ambos os canais e, quando sinto-me demasiado alegre, costumo vê-los para equilibrar-me (dica para o Leitor: o mesmo efeito pode ser conseguido com um dos canais das igrejas evangélicas, cujos efeitos são ainda mais rápido. Canais aparentemente longes nas formas mas não na substância). A BBC é um dos amplificadores mais ortodoxos das posições político-económicas tipicamente “progressistas” do Ocidente, aquela parte do planeta que nunca falha (e se falha é por culpa da crueldade do inimigo). Mesmo discurso no caso da CGTN, só do lado oposto. E, com o canal CGTN Documentary, ficamos com a impressão de que a China seja o novo Éden: a versão moderna do Paraíso Terrestre, até um pouco melhor.

Infelizmente, este discurso todo tem algumas implicações, nenhuma das quais representa uma novidade.

A primeira é que somos continuamente feitos alvos da propaganda mediática. Como afirmado, não é novidade nenhuma, pois já na altura da Guerra Fira a situação era a mesma. Só que agora o nível foi aumentado num grau exponencial e nenhuma das partes (categoricamente: nenhuma) está imune aos atractivos oferecidos pela propaganda através de internet, televisão, imprensa, etc.

A segunda implicação é que encontrar notícias que sejam mesmo isso, notícias e nada mais, é cada vez mais complicado. Como demonstram os exemplos acima, não é suficiente individuar a fonte mas é também preciso contextualiza-la. No caso específico, uma decisão que poderia parecer como uma luta da China contra a propaganda ocidental, na verdade revela-se como uma retaliação contra uma anterior decisão da parte adversa. E nem vamos aqui procurar quais as motivações da parte adversa, porque ao cavar provavelmente seria possível encontrar uma anterior manobra da China que “justificou” a medida do regulado britânico (assim por alto vi o nome Huawei num dos artigos, mas sinceramente já não tinha paciência para procurar mais).

É triste, mas cada vez mais encontro provas do que penso e sustento nestas páginas há anos: não há o Bem dum lado contra o Mal do outro. Simplesmente: não há o Bem e não há o Mal. O que há é uma simples luta de poder entre vária facções que utilizam as mesmas armas para idênticos fins. As ideologias políticas, cada vez mais enfraquecidas, já não permitem camuflar a realidade atrás duma cortina de pseudo-valores:

  • o Liberalismo ocidental não passa dum mercado controlado pela Finança no qual o cidadão é reduzido a uma ovelha consumidora;
  • o “Comunismo” (já é ridículo chama-lo desta forma) de Pequim é uma oligarquia autoritária que controla cada aspecto da sociedade, com 1.6 biliões de ovelhas-escravas formatadas e vigiadas;
  • o post-Comunismo de Putin é algo que fica no meio, provavelmente sendo nesta altura a vertente que mais desenvolvimentos poderá oferecer no futuro, também porque é a mais jovem: mas é por causa desta juventude que desconta a maior fragilidade (o risco duma implosão política ainda está presente: o que acontecerá depois de Putin?) e apresenta tendências autoritárias bem poucos agradáveis.

Em qualquer um destes casos, a grande ausente é a ideia de Democracia, sempre substituída pelos interesses oligárquicos (a elite, seja a ocidental, a chinesa, a russa ou aquela supranacional). Calhava bem um reset. Não o Great Reset da manada de Davos, ora essa, mas uma reposição autêntica. E depois da reposição? Eis o problema: não é que não haja alternativas, é que não somos capazes de apresenta-las, nem de imagina-las. E sem uma alternativa não pode haver uma (re)acção.

Podemos ficar descansados pois, em qualquer caso, nada acontecerá até as ovelhas encontrarem um pouco de comida e um smartphone na manjedoura. Mas é mesmo aqui que fica bem uma pergunta para o Leitor: qual deve ser, na óptica dele, o nosso papel, o papel de todos?

Por exemplo: assumir a nossa condição e esperar que um dia possa mudar? Organizar-se para que algo mude já? E como? Continuar a recolher informações para ter uma ideia (na medida do possível) de quanto está a passar-se? Ou ignorar tudo, abraçar a “ovelhitude” com a consciência de que a mudança não está ao nosso alcance? Ainda: acha que algo irá mudar? Uma guerra, The Great Reset, uma revolução?

Resumindo: o Leitor espera o quê?

Obrigado por responderem.

 

Ipse dixit.

11 Replies to “Media, propaganda e ovelhas”

  1. Sei que tu não acredita, mas, eu nao espero nada, uma vez que já encontrei. É espiritual e fica longe das igrejas, cultos, irmandades, e todos esses cultos.
    Mas lutaria com vocês até o fim para terem o direito de não crer em nada. Acredito que é uma viagem pessoal de cada um e que quem sai pregando coisas por ai é um pé no saco. Vide os progressistas ou testemunhas de jeova.

    1. Olá Pedro!

      Acho entender e respeito o ponto de vista. Mas aqui falamos da vida prática, material, que depois é aquela onde também vivemos.

      Por exemplo, estou convencido de que haja algo depois da morte: não estou a falar de religião ou cultos, falo de algo que, na minha óptica, vai além do material mesmo sem estar ligado às religiões tradicionais. Quanto mais o tempo passar, tanto mais estou certo disso: eu utilizo raramente a expressão “estou certo”, mas nesse caso é um convencimento muito profundo que não sou capaz de motivar do ponto de vista racional (se não em parte).

      Tudo isso ajuda-me, e não pouco, numa perspectiva futura: não tenho nenhum medo da morte (eventualmente tenho medo, e muito!, da dor), porque aprendi a considera-la como parte integrante da vida e não o fim mas uma passagem. Aliás, tenho uma certa curiosidade para ver o que irá acontecer na hora da despedida (que, em qualquer caso, espero poder adiar, dado que paguei o alojamento WordPress até Abril!).

      Concordo com Pedro quando afirma que esta é uma viagem pessoal, mas também acho que temos algumas obrigações para com o próximo: nada de esmolas ou piedade, mas ajuda, cooperação, partilha, melhoramento comum, preservação do ambiente e das outras formas de vida (esta é uma minha fixação). Sei que são aspectos que não emergem do que escrevo em Informação Incorrecta pois aqui o foco está em outros assuntos: percebo que, pelo contrário, possa transparecer a ideia dum frio ateo materialista, mas a verdade é que é bem possível ter uma forma de espiritualidade sem ser obrigado a aderir a uma igreja, a adorar uma estátua, acreditar em dogmas ou rezar 🙂

      Todavia, apesar deste convencimento e da ideia associada (a vida é só uma fase duma experiência maior), agora estou aqui e tenho que lidar com coisas tangíveis, não apenas espirituais, filosóficas ou ultra-terrenas. Há coisas bonitas mas também há coisas negativas. O mesmo acontece com todos: estamos aqui e agora, com uma série de coisas concretas como a nossa sociedade, o trabalho, o dinheiro, etc. etc., coisas com as quais temos obrigatoriamente que lidar.

      A minha pergunta não é relativa ao âmbito espiritual ou metafísico, mas ao lado extremamente prático. Como evolverá o conjunto de pessoas que chamamos de “seres humanos”?

      E obrigado pela resposta 🙂

      1. Oi Max…

        talvez seja esse o problema..

        não existe muita diferença entre o Espiritual e material… tudo é Espiritual.. é so uma questão de frequência.. o que chamamos de material é só o espiritual em uma frequência mais baixa..

        aqui no site tem muitos textos sobre Religiões, Bíblia, judaísmo, anjos, satanismo, maçonaria, UFOs e nos textos fica claro que esses assuntos estão influenciando os “Mundo Humano” , que tem efeitos “Práticos” nos seres humanos..

        “Você é um homem que observa o mundo pelo buraco da fechadura. Passou a sua vida tentando alargá-lo. Seu trabalho salvou milhares de vidas. E se eu dissesse…que essa realidade é uma de muitas?”

        Doutor Estranho | Novo Teaser Trailer Oficial Legendado [Marvel] HD
        https://www.youtube.com/watch?v=uJYorT8OoGc

        Nenhum problema pode ser resolvido pelo mesmo estado de consciência que o criou.

        Albert Einstein

      2. Pois bem, fico feliz pela sua visão deste ponto.
        Resteingindo me agora a tua pergunta:
        Ontem vi um documentário emitido pela emissora “la 2” no youtube, sobre como a onu interferiu, por meio de fundações “Ford, Rockefeller…” A mando de Henry Kissinger, nos controles de natalidade da india, china e coreia do sul. Horrores na época, resultados horrorosos hoje. Me somou a tudo que já sei do Kissinger, e como isso foi arquitetado a mais de 40 anos. Com tudo que sabemos que está passando hoje, através das fundações atuais, só nos resta melhorar o nosso raio de interações humanas, nosso alrededor. Não há combate justo nesse mundo, pois as forças opositoras são antigas e seus planos vem de décadas, qualquer ação de nossa parte é atrasada. Agora no nosso raio de ação, perante aqueles a quem alcançamos, há sim a possibilidade de melhora imediata. Principalmente aqui, entre nós, que sabemos o real poder de uma comunidade.

  2. A China está Aprisionando e Torturando mais de 1 milhão de pessoas da População Uigures… (reportagem da BBC)

    O Reino Unido faz parte da elite que manipula o mundo (7 bilhões de pessoas)..

    lembrei dos seu post sobre a polícia chinesa..

    “A China retira os órgãos dos seus prisioneiros.

    Estou muito feliz que os EUA não retirem os órgãos dos nossos presos, por tanto estamos à frente deles.

    *O Microfone Cai* Cantos “USA! USA! USA!””

    https://informacaoincorrecta.com/2020/06/18/policias-da-china-matam-menos-que-policias-americanos/

    Acho que o melhor é o Caminho do Meio…

    ¬“Bhikkhus, há esses dois extremos aos quais aquele que abandonou a vida em família e seguiu a vida santa não deve se entregar. Quais dois? A busca da felicidade nos prazeres sensuais, que são baixos, vulgares, grosseiros, ignóbeis e que não trazem benefício; e a busca da mortificação, que é dolorosa, ignóbil e que não traz benefício. Evitando esses dois extremos o Tathagata despertou para o Caminho do Meio, que faz surgir a visão, que faz surgir a sabedoria, que conduz à paz, ao conhecimento direto, à iluminação, a Nibbana.

    “E qual, bhikkhus, é o caminho do meio para o qual o Tathagata despertou, que faz surgir a visão … que conduz a Nibbana? É este Nobre Caminho Óctuplo: entendimento correto, pensamento correto, linguagem correta, ação correta, modo de vida correto, esforço correto, atenção plena correta, concentração correta. Esse, bhikkhus, é o caminho do meio para o qual o Tathagata despertou, que faz surgir a visão, que faz surgir a sabedoria, que conduz à paz, ao conhecimento direto, à iluminação, a Nibbana…

    Rajja Sutta (SN IV.20) – Governo. É possível ter um governo virtuoso?
    https://www.acessoaoinsight.net/sutta/SNIV.20.php

    Você pediu uma resposta.. Tentei..

  3. Para mudarmos o mundo, temos que começar a mudança em nós próprios. Quem disse esta frase deve ser muito inteligente.
    Não tenho ambição de mudar o mundo, mas vou fazendo uma viragem pessoal, tipo ‘vintage’, que agora até está na moda.
    Para inicio de conversa, comecei pelo smartphone. Arranjei no OLX um smartphone velhinho, onde consegui instalar o sistema Linux Ubuntu Touch e espetei como o meu android na gaveta. Agora não tenho aquelas apps maravilhosas instaladas, mas também não preciso delas para nada, e senti-me um nadinha mais livre.

  4. Olá Max

    Sábias palavras:
    “Simplesmente: não há o Bem e não há o Mal. O que há é uma simples luta de poder entre vária facções que utilizam as mesmas armas para idênticos fins. As ideologias políticas, cada vez mais enfraquecidas, já não permitem camuflar a realidade atrás duma cortina de pseudo-valores..”

    Para mim , a palavra chave da vida é “discernimento”. Para que não haja erro de interpretação , segue definição do dicionário:

    Discernimento: 1. capacidade de compreender situações, de separar o certo do errado;
    2. capacidade de avaliar as coisas com bom senso e clareza; juízo, tino.;

    Respondendo a sua primeira pergunta, “qual o nosso papel” ? Aprimorar nosso discernimento pode nos tornar um pouco mais imunes a toda essa manipulação. E que pode ser feito de várias formas:

    – Da forma que já estamos fazendo, acessando o conteúdo das mídias eletrônicas alternativas: E nesse caso temos que
    saber usar alguns filtros;
    – Pela convivência cotidiana seja ela em âmbito familiar , social e profissional. Principalmente ouvindo as experiências de
    vida de outras pessoas.
    – Acreditando na intuição. Quando analisamos um problema ou situação , a primeira ideia que vem a nossa cabeça é a
    intuição. Depois , nosso cérebro racionaliza e surge a segunda ideia sobre o assunto em questão. E geralmente optamos
    pela segunda, pois acreditamos que a ideia original foi “polida” e que deva ser a mais apropriada. Façam seus testes e
    verão que a primeira ideia geralmente é a mais correta.

    O que eu espero?

    Continuo com a mesma opinião: Espero mais do mesmo, o mais forte oprimindo o mais fraco, independentemente de cor, raça, religião, Covid, Agenda Verde, etc… Os flagelos sociais são fruto do caráter humano. As catástrofes naturais fazem parte das características de nosso planeta. Porque Deus é pela sua obra, não pela sua criatura.

    Abraço.

  5. Max faz pergunta, sinto-me convocado a responder.
    O que eu espero?
    Não, não espero nada.
    Do meu ponto de vista, tudo o que historicamente tem acontecido aos povos sob governos loucos e que culmina com essa de reset e a democracia – democracia que finalmente chegou sob a forma de doença para todos e sua cura compulsória associada -, tem como fim abalar nossa capacidade de associação para fins comuns.
    Esse é o grande alvo dos governos seja sob a forma de impérios ou estados nacionais e suas sempre pedagógicas instituições.

    Assim, não há o que esperar, pois é preciso que atuemos com o que temos à mão e que é tão agressivo a todas formas autoritárias e centralizadoras de modos de nos relacionar uns com os outros: o apoio mútuo.

    Pode parecer ingênuo, mas, sinceramente, este é o grande ácido que pode destruir rapidamente as instâncias que se esmeram tanto e tão vigorosamente em neutralizá-lo.

    É claro que depois das religiões monoteístas e suas verdades mortíferas, dos estados com suas leis e instituições voltadas a tomar o lugar do cuidado de uns para com os outros, dos valores impressos em papel ou bits de computador, das tecnologias de informação voltadas a descarnar e anular todos os afetos e fazê-los passar, invariavelmente, por setores de inteligência, controle e capitalização, da percepção da sociedade como classes em luta… é um pouco difícil compreender que tudo isso visa minar algo tão singelo e possível quanto a solidariedade.

    Quanto à informação confiável, é preciso ter em mente que informação é informação, nada mais do que isso, ou seja, algo que no registro a que temos acesso e que a nós é direcionado provém da guerra. Toda tecnologia informacional colocada a nossa disposição está vinculada a estratégias derivadas dos serviços secretos e deles deriva… sempre vigilância, identificação e controle. A informação que provém de computadores, redes de informação, celulares, inteligência artificial e o que mais se possa imaginar, está comprometida, até o último fio de cabelo, com a guerra.

    Uma guerra contra todos nós, aqui em baixo, incitados a nos odiarmos na medida em que nos identificamos com isso ou aquilo – católicos, muçulmanos, negros, homossexuais, mulheres, brasileiros, brancos, pertencentes a esse ou àquele partido, grupo ou ideologia.

    A tua pergunta e o argumento do teu texto chegam para mim como um sinal, uma advertência de que estamos, sem sombra de dúvida, em guerra. Levando em consideração que a condição para que uma guerra ocorra é que todos os que dela participarão estejam loucos. Acho que este quesito está plenamente preenchido.

    E a loucura, caro Max, toda loucura, provém da infeliz ideia de estabelecer que uma pessoa com cabeça, tronco, membros e o conteúdo de suas tripas é superior a outra. Estabelecer diferenças em termos de posições hierárquicas e superioridade “real” entre pessoas ,sejam essas humanos, animais, plantas ou qualquer outra criatura, é a chave da nossa desgraça.

    Poderia ficar aqui desenvolvendo isso por muito tempo e sob vários aspectos, mas fico por aqui.

    Não sem antes agradecer a ti pelo inestimável trabalho de torcer a informação até o ponto de ela se tornar confiável, ao menos para mim tem funcionado assim.
    A série sobre o vírus e, depois, a relativa à vacina e quejandos é muito importante e tenho levado vários pontos e questões, que só encontro aqui em ii, para debates junto aos meus alunos e a amigos.

    Um grande abraço, coisa.

  6. Olá COISA: inteligente postura, como sempre. Te lembras de uma musiquinha que a Elis Regina cantava? “Alo, alo, marcianos. Aqui na terra estamos em guerra…” Abraços

    Olá Max: olho para o céu e me dá vontade de rir da pretensão da nossa espécie. Não atingimos o muito grande e o muito pequeno, o muito longe e o perto demais, espaço, matéria e tempo, e nos consideramos os tais.
    Daí Max, que a única coisa que acredito, daquelas que ninguém sabe, é que lá fora da nossa prisão terrena, existe inteligências maiores, determinantes da solidariedade, do amor e da liberdade. É nessas criaturas que deposito minha esperança da vida no universo, não no bicho homem, que para mim vêm com a marca do bem e do mal, mas que devido a tamanha ignorância, predomina e sobrepuja o mal.
    Entre nós há alguns lances de inteligência e sensibilidade, conseguimos ver um pouquinho, e nosso papel é repassar o que vislumbramos para o máximo de bichos homens que nos seja possível. É exatamente o que faz II: comunica informação neste mundo de mentira, traição, ódio, ressentimento…guerra.É o que alguns de nós, aqui em II, vivem a fazer.

  7. Que mais posso acrescentar ao que já referi? Quero estar errado, mas não consigo evitar aquilo em que creio.
    Continuarei a estar atento aos sinais e a preparar-me para o pior, enquanto espero pelo melhor… https://history.howstuffworks.com/world-war-ii/buildup-to-world-war-2.htm
    Que sinais? Os similares aos seguintes por exemplo (isto parece-me algo adequado ao pretendido)…
    https://prezi.com/hq9jvstmdtnb/20-most-important-events-during-the-great-depression-1929-19/
    Aviso->Quem tiver a mania do “copy-past” vai passar ao lado do fundamental, caindo no novelismo.
    São as bases por detrás dos eventos que interessam, não as “roupagens” das épocas.
    Esperando pelo melhor, vou informando quem mais próximo estiver, disponível para ouvir.
    Preparando-me para o pior, espero ter ainda os anos que preciso para alterar mentes e atitudes para o que tem de ser, pois só desse modo conseguirei dar um novo rumo ao meu barco. Caso contrário, afundar-me-ei com os meus.
    Estou convicto que caso a ovelha consumidora não adquira a consciência do poder que detém enquanto o que é, o mundo humano cairá novamente no pior dos tempos da sua história. Está por isso nas mãos da ovelha consumidora, aceitar o seu papel e através dele alterar o “modus operandi” da sociedade humana. Mesmo que conduzida ao pasto, a escolha do que por lá pastar tem de a assumir como sendo sua. E, sempre atenta ás cancelas abertas, aos buracos nas cercas, a toda e qualquer hipótese de se pôr a andar para melhores pastos, para melhores companhias. Inconformismo é obrigatório.

  8. Que mais posso acrescentar ao que já referi? Quero estar errado, mas não consigo evitar aquilo em que creio.
    Continuarei a estar atento aos sinais e a preparar-me para o pior, enquanto espero pelo melhor… …*ttps://history.howstuffworks.com/world-war-ii/buildup-to-world-war-2.htm
    Que sinais? Os similares aos seguintes por exemplo (isto parece-me algo adequado ao pretendido)…
    …*ttps://prezi.com/hq9jvstmdtnb/20-most-important-events-during-the-great-depression-1929-19
    Aviso->Quem tiver a mania do “copy-past” vai passar ao lado do fundamental, caindo no novelismo.
    São as bases por detrás dos eventos que interessam, não as “roupagens” das épocas.
    Esperando pelo melhor, vou informando quem mais próximo estiver, disponível para ouvir.
    Preparando-me para o pior, espero ter ainda os anos que preciso para alterar mentes e atitudes para o que tem de ser, pois só desse modo conseguirei dar um novo rumo ao meu barco. Caso contrário, afundar-me-ei com os meus.
    Estou convicto que caso a ovelha consumidora não adquira a consciência do poder que detém enquanto o que é, o mundo humano cairá novamente no pior dos tempos da sua história. Está por isso nas mãos da ovelha consumidora, aceitar o seu papel e através dele alterar o “modus operandi” da sociedade humana. Mesmo que conduzida ao pasto, a escolha do que por lá pastar tem de a assumir como sendo sua. E, sempre atenta ás cancelas abertas, aos buracos nas cercas, a toda e qualquer hipótese de se pôr a andar para melhores pastos, para melhores companhias. Inconformismo é obrigatório.

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