Clima: lockdown e Estado de Emergência

Na semana passada, o Presidente ZomBiden assinou uma ordem executiva para voltar a aderir aos acordos climáticos de Paris. Um gesto maioritariamente simbólico, uma vez que o alarmismo espalhado antes do acordo de 2016 está agora a ser ignorado, tal como faz a China, por exemplo. A vredade é que ZomBiden chega atrasado: a luta contra as alegadas alterações climáticas antropogénicas já passou para a fase seguinte, tendo disso não apenas como até institucionalizada e globalizada com as presentações do plano conhecido como The Great Reset, onde não serão os vários Países a decidir acerca do assunto mas as disposições irão chegar directamente da cúpula técno-industrial.

Sobretudo, o campo de intervenção abandonou a cruzada de carácter geral, considerada já ganha, para concentrar-se no terreno dos privados: agora são as empresas que constroem e vendem cada vez mais automóveis eléctricos em nome do “zero emissões” enquanto começa a espalhar-se a ideia de introduzir insectos na alimentação (a União Europeia já deu passos nestes sentido). Agora, o enviado climático da Administração ZomBiden, John Kerry (que usa um jacto privado para retirar um prémo “climático” na Islândia: “façam o que digo mas não façam o que eu faço”), está a dizer aos EUA e ao mundo que os termos do acordo de Paris são “inadequados”.

É nesta óptica, que surge a ideia dos “bloqueios climáticos”. Faz todo o sentido: agora que as massas foram treinadas a aceitar o confinamento obrigatório em nome duma doença, porque não ir um pouco além? Tanto trabalho para nada? Um desperdício.

A possibilidade de bloqueios climáticos já foi proposta por alguns das nossas melhores mentes, as que vêem a confluência de crises globais como uma oportunidade. A tempestade perfeita causada pela Covid-19 e o consequente colapso económico global oferecem a oportunidade de considerar uma acção mais ousada “para salvar o planeta”. A legislação “verde” de ZomBiden já não é suficiente e aos olhos dos progressistas terá de haver mais. Cada vez mais.

Mariana Mazzucato, autora e professora de economia inovadora na Universidade de Londres, levantou a perspectiva dos bloqueios climáticos em MarketWatch já em Setembro passado:

À medida que a Covid-19 se espalhou no início deste ano, os governos introduziram lockdowns a fim de evitar que uma emergência de saúde pública ficasse fora de controlo. Num futuro próximo, o mundo poderá ter de recorrer novamente ao lockdowns, esta é a altura de fazer face a uma emergência climática. […]

Sob um “bloqueio climático”, os governos limitariam a utilização de veículos privados, proibiriam o consumo de carne vermelha e imporiam medidas extremas de poupança de energia, enquanto as empresas de combustíveis fósseis teriam de parar.

A justificação? A do costume: as previsões dos ambientalistas, as mesmas que nunca conseguem tornar-se realidade mas que continuam a assustar as mentes fracas:

A COVID-19 é ela própria uma consequência da degradação ambiental: um estudo recente apelidou-a de “a doença do Antropoceno”. Além disso, as alterações climáticas irão exacerbar os problemas sociais e económicos evidenciados pela pandemia. Estes incluem a capacidade cada vez menor dos governos para enfrentar as crises de saúde pública, a capacidade limitada do sector privado para resistir a perturbações económicas sustentadas, e a desigualdade social generalizada. […]

A crise climática é também uma crise de saúde pública. O aquecimento global provocará a degradação da água potável e permitirá que as doenças respiratórias ligadas à poluição prosperem. De acordo com algumas projecções, 3,5 mil milhões de pessoas em todo o mundo viverão num calor insuportável até 2070.

Portanto, eis o silogismo: a crise climática é como a crise da Covid, então tem que ser enfrentada com meios parecidos. Sem esquecer as míticas energias renováveis, a panaceia que deixaria todos às escura:

Finalmente, precisamos de reorientar o nosso sistema energético em torno das energias renováveis – o antídoto para as alterações climáticas e a chave para tornar as nossas economias seguras do ponto de vista energético. Devemos, portanto, expulsar os interesses dos combustíveis fósseis no curto prazo dos negócios das finanças e da política. Instituições financeiramente poderosas, tais como bancos e universidades, devem desinvestir nas empresas de combustíveis fósseis. Até lá, prevalecerá uma economia baseada no carbono.

Finalzinho com a ameaça bem conhecida: o tempo está a esgotar-se!

A janela para lançar uma revolução climática – e conseguir uma recuperação inclusiva da COVID-19 no processo – está a fechar-se rapidamente. Precisamos de avançar rapidamente se quisermos transformar o futuro do trabalho, do trânsito e da utilização de energia, e tornar o conceito de uma “boa vida verde” uma realidade para as gerações vindouras. De uma forma ou de outra, a mudança radical é inevitável; a nossa tarefa é assegurar que conseguimos a mudança que desejamos – enquanto ainda temos a escolha.

Um Capitalismo diferente. A principal motivações retórica do The Great Reset.

A simpática Mariana não é a única a espalhar o verbo do lockdown “verde”. Karl Lauterbach, deputado do Partido Social Democrata Alemão, escreveu no Die Welt no passado mês de Dezembro:

Espero que as alterações climáticas venham a desempenhar um papel dominante em todos os manifestos eleitorais dos partidos democráticos. Pessoalmente, a experiência de combater a pandemia de Corona até agora, infelizmente, tornou-me extremamente pessimista sobre se seremos capazes de combater com sucesso as alterações climáticas a tempo.

Para mim, permanece a impressão de que nós na Alemanha e também na Europa, quanto mais nos Estados Unidos, não teríamos conseguido derrotar esta pandemia sem o desenvolvimento de uma vacina. No entanto, nunca haverá uma vacina contra o CO2. Assim, precisamos de medidas para lidar com as alterações climáticas que sejam análogas às restrições à liberdade pessoal na luta contra a pandemia.

Naturalmente, tudo aplicado seguindo a ciência. E a ciência demonstra o quê? Demonstra que os confinamentos obrigatórios que começaram na Primavera de 2020 contribuíram para aquilo que os cientistas definem como a maior queda nas emissões de CO2 em anos. A principal razão para isto foi uma diminuição de cerca de 40 por cento no transporte. O Fórum Económico Mundial festejou a notícia com um artigo cujo título diz tudo: “As emissões caíram durante o confinamento. Vamos manter as coisas assim“:

Se há um lado bom de algo tão catastrófico como a COVID-19, é o impulso ambiental e o abrandamento das emissões de gases com efeito de estufa que sentimos no início do ano.

À medida que a produção industrial abrandava, e que os carros desapareciam das estradas, e os aviões ficavam imobilizados, as pessoas em todo o mundo notaram um efeito positivo no seu ambiente. O ar era mais limpo, havia menos poluição, e a natureza começou a restabelecer o equilíbrio.

Esta não seria a primeira vez que uma recuperação económica se faz em detrimento do ambiente. A crise financeira global de 2008-2009 viu as emissões globais de CO2 diminuir 1,.% em 2009, imediatamente seguida de um crescimento de 5,1% em 2010, bem acima da média a longo prazo. As emissões regressaram rapidamente ao seu caminho anterior quase como se a crise não tivesse ocorrido.

Não vamos repetir o mesmo erro. Temos de separar as nossas prioridades económicas da ameaça mais lenta, mas em última análise maior, das alterações climáticas. Se negligenciarmos as alterações climáticas como o mais importante risco existencial global, não fará sentido reconstruir economias e vidas se sacrificarmos o futuro do planeta.

A recuperação da COVID-19 não é uma escolha entre a recuperação económica versus uma agenda verde, mas uma oportunidade de alcançar uma com a outra. Devemos tomar decisões na firme convicção de que a incorporação de políticas verdes pode ser um catalisador para o crescimento económico, tendo ao mesmo tempo um impacto positivo na nossa saúde e bem-estar. […]

Não vai ser fácil. A transição para uma economia global que descarboniza, mantém a prosperidade e diminui a desigualdade ao mesmo tempo, será um desafio hercúleo. Não há uma vacina rápida. Mas a COVID-19 proporciona esperança. Governos e empresas em todo o mundo demonstraram na sua resposta à pandemia que têm o poder, flexibilidade e rapidez para lidar com uma crise global. Com a mesma determinação, eles podem enfrentar a crise das alterações climáticas.[…] Precisamos que todos sigam um caminho verde. A Covid-19 reuniu-nos a todos como uma comunidade global para combater uma das pandemias mais mortíferas a atingir o nosso planeta nos últimos 100 anos. Vamos usar esse mesmo espírito e solidariedade para enfrentar a maior ameaça existencial do próximo século.

A Covid, o grande aliado. O carbono, o grande inimigo. Aliás,o único inimigo. É esta a mensagem espalhada: diminuir o carbono significa mais vida. Não é exactamente o que acham as plantas, mas este é um pormenor, assim como secundárias são as imensas quantidades de poluentes que atiramos para o meio ambiente de forma continua. Pouco importa se as energias verdes têm uma pesada pegada ambiental, se as energias verdes hoje seriam absolutamente insuficientes para manter uma população de mais de 7 biliões de indivíduos com o actual nível de bem estar. Isso pode ser esquecido: o carbono é o Mal.

Mas como seria possível introduzir restrições à liberdade tendo como base a mudança climática? Simples: declarando que as alterações climáticas são uma crise imediata de saúde pública e de segurança. Uma verdadeira emergência nacional, prevista pela legislação norte-americana: é este o cerne do projecto de lei apresentado na semana passada por Bernie Sanders e Alexandria Ocasio-Cortez, uma ideia já espalhada em Novembro pela futura Presidente Kamala Harris.

Mas o que é uma Lei de Emergência nacional? As páginas do Brennan Center For Justice, da Universidade de New York, identificam cerca de 140 estatutos que qualquer Presidente pode utilizar ao declarar uma emergência nacional. E, como é explicado na páginas de Gizmodo (um bastão dos Democratas no panorama dos media), “Um Presidente pode argumentar que há razões mais do que suficientes para declarar uma emergência nacional em matéria de alterações climáticas, dada a miríade de formas como esta mina a segurança dos EUA a nível interno e externo”.

A lista completa das medidas contempladas num Estado de Emergência nacional pode ser encontrada nas páginas do já citado Brennan Center For Justice: A Guide to Emergency Powers and Their Use – The 136 statutory powers that may become available to the president upon declaration of a national emergency, “Guia para os Poderes de Emergência e a sua Utilização –
Os 136 poderes estatutários que podem ficar à disposição do presidente após a declaração de uma emergência nacional”. Por aqui realçamos só algumas delas:

43 U.S. Code § 155 o Presidente pode restringir o acesso e a utilização de terras públicas.

49 U.S. Code § 114 dá ao ramo executivo a capacidade de “coordenar o transporte doméstico, incluindo a aviação, o transporte ferroviário, e outros transportes de superfície, e o transporte marítimo”. Isso, poro exemplo, pode dar ao Presidente a capacidade de reduzir os voos comerciais ou introduzir várias restrições ao uso de automóveis e camiões.

46 U.S. Code § 56301 permite que Secretário dos Transportes requisitar qualquer embarcação marítima.

50 U.S. Code § 4531 fornece garantias de empréstimos a qualquer empresa ou pessoa considerada necessária para criar, manter, acelerar, expandir, proteger ou restaurar a produção e as entregas ou serviços essenciais à defesa nacional.

10 U.S.C. § 12302 (a) (anteriormente 10 U.S.C. § 673) Uma autoridade designada pelo Secretário em questão pode, sem o consentimento das pessoas envolvidas, ordenar a qualquer unidade e a qualquer membro da Reserva Pronta que permaneça no activo até 24 meses consecutivos; não mais de 1.000.000 membros da Reserva Pronta podem estar no activo sem o seu consentimento ao abrigo desta secção em qualquer altura.

40 U.S.C. § 3147 O presidente pode suspender os requisitos legais em matéria de taxas salariais para contratos públicos.

10 U.S.C. § 2461 (e) A função do Departamento de Defesa desempenhada por funcionários civis pode ser convertida em desempenho de empreiteiro sem concurso público/privado.

50 U.S.C. § 4309 O depositário de bens estrangeiros, ou qualquer oficial sucessor, pode, mediante determinação do Presidente de que o interesse e bem-estar dos Estados Unidos exigem a venda, vender qualquer bem estrangeiro ou interesse na sua custódia antes da instauração de uma acção judicial relativa ao referido bem ou interesse.

7 U.S.C. § 5712 (c) O presidente pode proibir ou limitar a exportação de qualquer produto agrícola.

7 U.S.C. § 1743 (a)(6) O presidente pode determinar a doação, venda ou outra disposição de produtos agrícolas em reserva).

18 U.S.C. § 793 A disposição penal da Lei de Espionagem estende-se a locais proibidos designados pelo Presidente, onde qualquer coisa para uso do Exército, Marinha ou Força Aérea está a ser preparada, construída ou armazenada.

18 U.S.C. § 2153 Ferir, interferir ou obstruir a preparação ou realização de actividades de guerra ou defesa dos Estados Unidos ou países associados, com a intenção de o fazer ou com motivos para acreditar que as acções o farão, puníveis com multa ou pena de prisão até 30 anos.

47 U.S.C. § 606 (c) O Presidente pode, se o considerar necessário no interesse da segurança ou defesa nacional, suspender ou alterar os regulamentos aplicáveis às estações ou dispositivos capazes de emitir radiações electromagnéticas; dirigir o encerramento de qualquer estação para comunicação via rádio, ou qualquer dispositivo capaz de emitir radiações electromagnéticas entre 10 quilócitos e 100.000 megaciclos que seja adequado para utilização como auxílio à navegação para além de cinco milhas, e a remoção dos seus aparelhos e equipamento; ou autorizar a utilização ou controlo de qualquer uma dessas estações ou dispositivos e/ou dos seus aparelhos e equipamento por qualquer departamento do Governo.

42 U.S.C. § 1320b-5 O Secretário da Saúde e Serviços Humanos pode renunciar à confidencialidade, certificação, sanções e outras disposições, conforme necessário, para fornecer serviços de saúde pública.

21 U.S.C. § 360bbb-3 A Secretaria da Saúde e dos Serviços Humanos pode autorizar a utilização de um medicamento, dispositivo ou produto biológico não aprovado, ou uma utilização não aprovada de um medicamento, dispositivo ou produto biológico aprovado.

42 U.S.C. § 5177a A Secretaria da Agricultura pode conceder subsídios a agências públicas ou organizações privadas com estatuto 501(c)(3) que tenham experiência na prestação de serviços de emergência a migrantes de baixos rendimentos e trabalhadores agrícolas sazonais.

Dificilmente o Estado de Emergência passará, os Democratas não têm a maioria no Senado. Mas entretanto começa a falar-se disso, espalha-se a ideia: “já não temos tempo, as actuais medidas são insuficientes, é preciso mais: olhem o que aconteceu com a Covid”. E com o tempo as maiorias mudam.

Assim fica mais clara a intenção atrás do pretexto da “alteração climática”. Obviamente, e como sempre, nenhuma preocupação: eles estão apenas a seguir a Ciência e tudo é para o nosso bem.

 

Ipse dixit.

3 Replies to “Clima: lockdown e Estado de Emergência”

  1. Segundo consta, o sr. Biden, presidente senil dos Estados Unidos da América do Norte (EUA), terá muitas dificuldades em fazer avançar o «Acordo Verde» ou se preferirem a «emergência climática», pois o ex-Presidente Donald Trump assinou uma série de directivas e leis que vão dificultar a concretização dessas medidas, e isto para não falar da República Popular da China (RPC) que será o maior obstáculo que os globalistas e o seu plano de genocídio global («Acordo Verde», «alterações climáticas», «energias renováveis»), vão enfrentar.

  2. Olá Max: ontem a noite acompanhei o discurso de Trump (já absolvido do absurdo processo de impedimento que a câmera de deputados dos EUA haviam a ele impingido ). Foi um discurso de agradecimento aos presentes convidados: os senadores que votaram a seu favor, familiares, amigos, advogados, enfim aqueles que garantiram o seu bem estar e a absolvição.
    Naturalmente dormi bem, só temendo o seu possível assassinato.
    Kamala em recente entrevista, deixou no ar, entre risos e gargalhadas, a pergunta:” Seria isso impensável?”. Por outro lado a bruxa hilaria já havia aventado tal hipótese :” Ele tem de sair de qualquer maneira”.
    Mas o simpático Trump não saiu, e mais do que nunca, prepara-se para voltar como prometera; “Encontrarei uma maneira de voltar”
    O que me chamou a atenção no encontro, é que ninguém usava máscara, sentaram-se uns ao lado dos outros, enfim desconheceram absolutamente as novas regras de controle, inclusive mais um decreto do presidente ilegal, ora em exercício, do uso obrigatório de máscaras para os funcionários federais do governo.
    Penso que a desobediência civil seria uma forma eficiente de resistência, especialmente se posta em prática, ao mesmo tempo, por grandes grupos.

  3. Será que vão decretar lockdown proibindo os vulções de realizarem suas atividades também ? atualmente temos 20 em atividade que devem influenciar o clima só um pouco mais do que os automóveis.

Obrigado por participar na discussão!

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