Vacinas: a Medicina não é uma ciência exacta

Nestes meses estamos a ser doutrinados por legiões de médicos, paramédicos e pseudomédicos que pontificam a partir das improvisadas tribunas dos órgãos de informação. Enquanto o pessoal no terreno esforça-se para gerir uma situação que realça todas as falhas dos sistemas de saúde (mas não era esta um direito constitucional?), outros exploram a situação para conceder entrevistas, aparecer na televisão, publicar livros: indivíduos totalmente desconhecidos até ontem, hoje aparecem nos ecrãs, ocupam colunas dos jornais, lançam anátemas, explicam o que deve e o que não deve ser feito.

No meio disso tudo, arriscamos esquecer só um pequeno pormenor: a Medicina não é uma ciência.

As ciências exactas são disciplinas teóricas, baseadas em rácios numéricos abstractos. A Medicina tem como objecto o cuidado do corpo humano e, embora todos nós partilhemos os mesmos órgãos e o mesmo funcionamento básico, cada corpo humano é diferente. E cada corpo humano reage de forma diferente tanto a um agente patogénico como a um determinado tratamento de saúde. Para funcionar, a Medicina utiliza o trabalho de ciências exactas (por exemplo a Química), mas não é uma ciência exacta.

Vamos fazer uns exemplos.

Na Matemática, que é uma ciência exacta, 2 + 2 será sempre 4. Não importa a latitude, a longitude, a língua e o conhecimento de quem calcula ou os instrumentos utilizados para o computo: 2 + 2 = 4, inexoravelmente (dito entre nós, é mesmo esta a razão pela qual odeio a Matemática: não deixa margem à fantasia).

Na Medicina, vice-versa, 2 + 2 pode dar 4 mas também 5 ou 6 ou 7… é por esta razão que são testadas as vacinas. Se na Medicina 2 + 2 fosse sempre 4 nem seria preciso testar milhares de pessoas: seria suficiente um único voluntário. A vacina funciona no voluntário? Então funciona para todos os seres humanos do planeta. Isso, repito, se na Medicina 2 +2 fosse sempre 4. Mas, dado que a Medicina não é uma ciência exacta, são preciso inúmeros testes para tentar abranger todas as variáveis presentes entre a população. E nunca a Medicina consegue abranger todas as excepções: se assim fosse, nas bulas dos medicamentos não haveria os “Efeitos secundários possíveis”, que não poucas vezes incluem consequências preocupantes (até letais).

É por esta razão que a Medicina é uma prática (ou uma técnica, escolha o Leitor o termo). Não é por acaso que Hipócrates, considerado o pai da Medicina Ocidental, foi o primeiro a falar de Medicina como de “técnica”, no sentido de “ofício”, de “arte” para preservar a saúde e tratar as doenças. A prática da Medicina, enquanto não ciência exacta, deve ser e só pode ser adequada de caso para caso, através do conhecimento individual do paciente, das suas reacções, das suas condições, das suas características. Este é, de facto, o significado originário do termo latim cura: não “tratamento” mas “observação”. A necessária observação para avaliar o paciente, e a sua especificidade, só depois tentar intervir. Os Romanos entendiam isso, nós não e o resultado é que hoje Medicina é sinónimo de ciência.

A Medicina não é e nunca poderá tornar-se uma ciência exacta: qualquer reivindicação de exactidão e infalibilidade deve ser posta de lado quando se reflecte sem preconceitos sobre o potencial e as limitações da Medicina. Pelo menos enquanto o foco principal da investigação médica continuar a ser a clínica, ou seja, uma actividade complexa, que não pode ser reduzida a um procedimento padronizado numa base matemática, será inevitável que a Medicina mantenha uma bivalência fundamental dividida entre uma base científica rigorosa e o desenvolvimento de uma actividade decididamente condicionada por uma pluralidade de variáveis subjectivas.

Apesar do número crescente de testes de diagnóstico disponíveis e terapias eficazes, nunca podemos ter a certeza do que se passa no nosso corpo, nem podemos saber antecipadamente se um tratamento irá realmente resolver o problema para essa pessoa individual. A considerável disponibilidade de testes pode levar-nos à ilusão de que tudo pode ser investigado e pode fazer-nos perder o sentido do limite. E é por isso que definir a Medicina como ciência não é apenas um erro, é também algo perigoso.

Medicina e vacinações

Quando consideramos a Medicina como uma ciência, pensamos em grandes números, estatísticas, percentagens. Mas esta abordagem faz sentido quando se trata de reparar uma secretária, um carro ou um computador que não funciona bem, porque mesmo numa percentagem minoritária, com uma intervenção errada o pior que pode acontecer é que tais objectos deixem de funcionar completamente. O que não deveria ser viável para os seres humanos. De facto, aplicar à Medicina a ideia de ciência significa transformar o ser humano num objecto; significa considerar a saúde e a vida como bens dispensáveis, sobre os quais alguém pode decidir em nome duma “ciência”.

Ninguém deve ter o poder de decidir matar alguém para o bem comum. Sacrificar a vida de algumas pessoas por um teórico “bem comum” é uma acção eticamente idêntica ao sacrifício de virgens aos Deuses da Saúde a fim de promover uma boa colheita. Um gesto indigno de uma sociedade civil, que só indivíduos humanamente miseráveis hoje podem conceber, partilhar e propagandar. Pelo que, repito, considerar a Medicina como uma ciência não é apenas um erro estúpido, é um erro perigoso.

Nesta altura torna-se bastante óbvio porque aplicar tratamentos de saúde para operações de massa é uma loucura. O mesmo tratamento de saúde, na presença dos mesmos sintomas genéricos, pode ser benéfico para alguns pacientes, desnecessário para outros, prejudicial e até letal para outros ainda. A aplicação de um tratamento de saúde deve sempre ser considerada com base no caso individual, no seu historial médico, na sua condição e nas suas reacções individuais. Apenas em condições de emergência podem ser implementados tratamentos de saúde sem uma história adequada do paciente e uma análise adequada do contexto individual. E “condições de emergência” não significa números abstractos de hipotéticas infecções ou alegadas pandemias: significa condições perigosas presentes e concretas para o paciente sob exame. “O paciente”, não “os pacientes” porque de qualquer forma estamos a falar de tratamentos individuais. Os tratamentos de saúde só podem ser sempre e em qualquer caso individuais.

Se os tratamentos de saúde em massa já são um erro altamente perigoso, torná-los obrigatórios é, em todos os aspectos, um crime. De facto, significa condenar um número variável de pessoas a sofrer danos na saúde, até condena-los à morte. Quando um paciente morre como resultado de um tratamento de saúde que escolheu livremente, estamos certamente perante um péssimo exemplo de “Medicina”. Mas quando um paciente morre em resultado de um tratamento de saúde que lhe foi obrigatoriamente imposto, contra a sua própria vontade, somos confrontados com um homicídio para todos os efeitos. Se este crime for cometido contra grupos de pessoas, somos confrontados com um massacre.

Se os meios de comunicação desempenhassem pelo menos uma parte do papel que deveriam desempenhar numa sociedade funcional, nomeadamente para explicar de forma simples e clarificar questões complexas, a frase “vacinação em massa obrigatória” seria considerada por si só um artigo digno do código penal. Acabámos de ver porque é que o tratamento de saúde em massa é errado, estúpido e perigoso, e porque é que o tratamento sanitário obrigatório é um crime. Mas a vacinação obrigatória em massa pode ser um crime ainda pior.

Existem tratamentos curativos e tratamentos preventivos. Quando uma pessoa sofre de uma doença grave, a administração de medicamentos para tratar a causa do mal é um exemplo de tratamento curativo de saúde. Quando uma pessoa é completamente saudável e for dado um medicamento para prevenir um possível risco sanitário futuro, falamos de tratamento preventivo. As vacinações pertencem a este último tipo: são tratamentos preventivos.

Vamos ser claros: as vacinas são dadas a indivíduos saudáveis. E como qualquer outro tratamento de saúde, as vacinas são úteis em alguns casos, inúteis noutros casos, perigosas quando não letais noutros casos. Como afirmado, quando um indivíduo totalmente saudável morre devido a um tratamento de saúde que lhe foi obrigatoriamente imposto, contra a sua própria vontade, somos confrontados com um homicídio para todos os efeitos porque o sentido é “estava em excelentes condições de saúde, matámos-o para que, talvez, amanhã não ficasse doente”.

Quando um tal crime é cometido contra grupos de pessoas, somos confrontados com um massacre. Se este crime for cometido contra populações inteiras, então somos confrontados com um verdadeiro crime contra a humanidade. E é precisamente isto que estamos a testemunhar, assustados, anestesiados e distraídos pelos terroristas da “emergências de saúde” ao serviço dos órgãos de comunicação social. Paradoxalmente, aqueles mesmos órgãos que deveriam informar o público.

Assim, uma vacina que costuma demorar anos para ser projectada, testada e difundida, de repente tem licença para ignorar os limites e, passados poucos meses, pode estar disponível para todos. Mas atenção: tudo isso no caso duma vacina normal. E aquela contra a Covid-19 não é uma vacina normal, é a primeira duma geração totalmente nova de vacinas, algo nunca experimentado antes. Seria esta a altura certa para proceder com o máximo dos cuidados. Mas não: é mesmo agora que todas as precauções são postas de lado em nome duma urgência colectiva que deveria antes ser cientificamente demonstrada (a Estatística é uma ciência).

Esta vacina preparada à pressa será obrigatória? Provavelmente não do ponto de vista legal, sim os factos. A obrigatoriedade duma vacina pode ser determinada por leis estaduais mas também imposta de forma indirecta e sorrateira. Afirmar que a vacina é a única maneira para travar uma terrível pandemia não demonstrada significa aproveitar-se das condições de medo que foram espalhadas para o efeito para convencer os cidadãos a vacinar-ser. Afirmar que sem um adequado boletim vacinal (ou “passaporte sanitário”) determinadas actividades serão proibidas (por exemplo visitar Países estrangeiros) significa impor nos factos a vacinação. Portanto: mudam as formas, mas o resultado continua a ser o mesmo.

 

Ipse dixit.

6 Replies to “Vacinas: a Medicina não é uma ciência exacta”

  1. «…Vacinas…»

    Só tomo a vacina Russa, Sputnik V, a primeira a ser criada e disponibilizada a nível global, e a que melhores resultados tem apresentado tanto a nível do seu desenvolvimento como de resultados.

    Mais informação:

    – Sputnik V

    https://sputnikvaccine.com/prt/

      1. Olá JF!

        Olha, o próximo artigo é mesmo dedicado ao Sputnik visto a partir do Ocidente. E sim, parece funcionar… mas não injecta nenhum RNA sintético! Uma falta imperdoável.

    1. Meu caro JF se quiser tomar duas eu cedo-lhe gentilmente a minha, cá me aguento. Não tem de quê, ora essa .
      Suponho que os resultados devem ser excelentes principalmente devido ao facto de até aqui as vacinas demoraram quase 10 anos a serem consideradas “seguras ” mas o nome sputnick é um marketing excelente que convence só pelo nome , suspeito até que se desenvolvessem uma vacina em forma de supositório tomada em duas doses com os nomes Buran e Energy havia de haver quem tomasse as duas doses juntas e ao mesmo tempo … até chegar às estrelas … Meu caro JF brincadeiras a parte informe se melhor sobre vacinas antes de se injetar , olhe que aquilo não traz nada no rótulo e a responsabilidade não é de quem a produz nem de quem a comercializa , nem de quem a injeta … a responsabilidade é toda sua … porque será? Se são assim tão boas …

  2. Olá Max e todos: medicina é um conjunto de saberes sistematizados sobre o corpo humano, variando conforme o tempo e a cultura. Mas são justamente os médicos aqueles que reivindicam o seu trabalho e pesquisas como científicos, ou seja, dar-lhes um caráter privilegiado para refletir sobre eles mesmos. Assim que contrariar o médico é considerado estupidez. Coisa muito oportuna para estes profissionais que têm então carta branca para matar
    No âmbito da medicina, sua prática no ocidente invariavelmente conduziu estes profissionais a serem dependentes do resultado de exames que reportam nosso corpo por dentro e de uma indústria criminosa que lhes oferece a solução para o paciente através de injeções, comprimidos e cápsulas. Portanto a maioria dos médicos embora tendo estudado medicina, são meros repassadores da produção multimilionária das fábricas de remédios. As vacinas não fogem à regra, somente são resultados da indústria farmacêutica aliada a interesses geopolíticos.
    Passei muitos anos tentando encontrar médicos que fugissem do padrão comum. Estou razoavelmente satisfeita com os que tenho agora, dedicando-lhes certa confiança. É gente que ocupa duas horas em uma consulta, que querem saber o histórico de doença-cura-não cura, que olham no rosto, que procuram no corpo do paciente indícios e sinais, mas que também me enchem de exames e remédios, mas se dignam a explicar os resultados dos exames, e acompanhar os efeitos dos remédios.
    Sei que isso é o mínimo, mas mais não há. Então me resigno a pagar consultas, até porque essa gente não trabalha para o SUS e a Unimed ( embora seja descontado do meu ordenado mais ou menos 10% para essas entidades, ainda que eu seja aposentada).
    Em geral converso com eles de tudo e eles comigo, só porque me consideram inteligente ( talvez uma idosa que ainda não caducou) e a eles próprios mais ainda.
    Recentemente um deles me confidenciou a morte por Covid-19 ?) de 4 amigos dele, médicos atendendo no hospital Regional, local onde mandam pacientes de uma vasta região, várias cidadezinhas próximas daqui. Ele indignado com a falta de atenção ao vírus. Comecei a falar as coisas que sei a respeito da pandemia e consequente vacina, e meu médico foi ficando com uma cara de desencanto sobre a minha pessoa. Devo ter falado uns 10 minutos, e calei frente a sua mudez surpreendida.
    Tenho certeza que a partir de então não sou mais uma pessoa inteligente, e não posso contar com ele para dar um destino conveniente para a dita vacina.

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