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Fracking: fim da linha?

Como é sabido, a tecnologia de fracturamento hidráulico (fracking) para extração de petróleo apresenta cinco problemas bastante sérios:

  1. desperdício de grandes quantidades de água;
  2. formas pouco limpas de financiamento;
  3. graves recaídas na geopolítica;
  4. graves recaídas ambientais;
  5. graves problemas de saúde por causa dos terremotos artificiais e do uso de substâncias químicas letais (algumas das quais são cancerígenas) .

O Wall Street Journal (WSJ) ignora quatro dos cinco problemas para concentrar-se sobre o aspecto financeiro. Em dois artigos assinados por Bradley Olson e Rebecca Elliott, aos quais foi adicionado também Christopher Matthews, o WSJ analisa o assunto mencionado os resultados do trabalho do pesquisador europeu Bethany McLean.

McLean apresentou o “fracasso financeiro da Federal Reserve com a miragem dos lucros do fracking“, referindo-se à bolha financeira que está escondida atrás do fracturamento hidráulico para extrair gás de xisto  e petróleo de xisto e posicionar os Estados Unidos artificialmente à frente da Rússia e da Arábia Saudita como o maior produtor mundial de petróleo.

O interesse do WSJ é relevante pois o diário é parte do conglomerado Fox News, um dos poucos aliados do Presidente Trump. Num primeiro artigo, o WSJ afirma que “os fracturadores” (os frackers) têm que enfrentar hoje uma dura realidade depois de obter lucros por quase uma década: a indústria perde dinheiro com o gás e o petróleo de xisto.

As frequentes injecções de capital por parte de Wall Street sustentaram o boom do fracking. De facto, sabe-se que a Federal Reserve incentiva os bancos de investimento a serem muito confiantes nos seus empréstimos à indústria e isso apesar das companhias petrolíferas envolvidas terem colectado em 2018 quase um terço do que haviam conseguido em 2012. Foi o estímulo financeiro que tem ajudado a transformar os EUA numa super-potência energética e no maior produtor mundial de petróleo, com cerca de 12 milhões de barris por dia; o que também deu uma independência energética artificial aos Estados Unidos, como reduziu drasticamente as suas importações do Médio Oriente.

Sete dias depois, um segundo artigo do WSJ revela algo mais: são as empresas de fracking que ameaçam o futuro do sector petrolífero dos EUA. Segundo o relato, as empresas querem adicionar mais poços de extração nas imediações dos antigos, onde geralmente é extraído menos petróleo. Isso poderia prejudicar a produção, o que levou as algumas empresas a reduzir o número de locais programados e cortar as previsões de produção total. Na prática: as empresas, para tentar compensar a queda nas receitas, querem mais e mais petróleo, mas isso acaba por prejudicar a actual extração.

O WSJ conclui que as empresas de fracking força toda a indústria estadounidense a repensar seu futuro. O que parece a tentativa de esconder-se atrás duma palhinha: o problema não é o número de poços ou a proximidade destes, o problema é o fracking. A curva de “rentabilidade” do sector é de curta duração, uma média de cinco anos, em comparação com a curva do petróleo convencional que é, em média, de 20 anos. Os poços árabes ou russos extraem crude de amplas reservas naturais: construído um poço, temos a certeza de que ao longo das próximas 10 ou 20 décadas este estará a funcionar segundo um ritmo mais ou menos constante. Num poço de fracking não é assim: espreme-se a terra para obter um crude que não está presente nas mesmas quantidade das reservas árabes ou russas. Além disso, a extração requer técnicas diferentes, mais avançadas: e isso significa que a quantidade de energia utilizada para extrair o mesmos barril é superior.

Provavelmente o fracking entrou no período de declínio, talvez rápido. Portanto, é provável que o foco os EUA fique na exploração das reservas do Golfo do México, lado mexicano, bem como no Mississippi. O colapso do fracking terá sérias repercussões geopolíticas: para já, explica a determinação dos EUA em querer assumir o controle das reservas do Orinoco, na Venezuela. Se Washington pretende manter a supremacia artificial na produção mundial de crude, terá que permitir que as suas companhias petrolíferas tratem do petróleo venezuelano.

 

Ipse dixit.

Fonte: AlfredoJalife.com via Controinformazione