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O jogo dos Rothschild na Síria

Não há apenas a democracia, as armas nucleares ou os interesses locais de israel na guerra contra a Síria e o Irão. Como sempre, para entender aquelas que são as razões mais profundas (e autênticas) temos que seguir o fluxo do dinheiro.

Qual a principal riqueza do Médio Oriente? O petróleo? Actualmente sim, pois Países como a Arábia Saudita e Irão estão entre os principais produtores mundiais desta commodity. Mas se o petróleo é o presente, o gás representa o futuro: e o futuro já começou.

Em Fevereiro de 2013, supervisionada por mercenários do Isis, a Genie Energy, com sede em New Jersey (Estados Unidos), obteve uma licença para a exploração de petróleo nas Colinas de Golan ocupadas por israel, no sul da Síria. Pois também israel tem um pouco de petróleo, não muito em verdade. A Genie recebeu a licença para perfurar o Golan do governo israelita, em flagrante violação do Anexo à Quarta Convenção de Genebra, e opera no local através da subsidiária Afek Israel Oil & Gas.

Fundador da Genie é Howard Jones, obviamente hebreu: Jones fundou em 1990 a sociedade IDT Corporation, que trata de telecomunicações (é de Fevereiro de 2015 o acordo entre a IDT e a Empresa de Telecomunicaciones de Cuba S.A. para as comunicações de longa distância: viva la revolución!) mas em 2011 a Genie Energy (até então parte da IDT) foi transformada numa empresa independente com presidente Efraim Eitam, um antigo general de brigada das forças de defesa de israel, formado no Royal College of Defense Studies em Londres.

Em que ano a Genie Energy foi cindida da IDT? Em 2011.
Em que ano começou a guerra civil na Síria? Em 2011.
Mas a vida é assim, feita de coincidências…

Voltando ao simpático presidente da Genie, Efraim Eitam, o seu pensamento é o seguinte:

Nós não podemos ficar com todos esses árabes e não podemos deixar a terra porque já vimos como acaba. Alguns podem permanecer sob certas condições, mas a maioria terá que sair.

E se Eitam é simpático, ainda mais interessantes são os seus chefes. O Conselho Consultivo Estratégico da Genie Energy inclui:

São todos investidores do Genie.
Um documento de 1983 da CIA revela o plano dos Rothschild para a Síria: o documento, escrito pelo oficial Graham Fuller, afirma que o Ocidente deve “forçar a Síria” a derrubar o então Presidente sírio, Hafez al-Assad, substituindo-o por um fantoche pró-banqueiros e excluindo o envio das armas na Síria a partir da Rússia. Isso teria preparado o caminho para um oleoduto e um gasoduto controlado pela City de Londres com partida do Qatar.

A Exxon Mobil detém uma grande parte da Qatar Gas, cujo campo offshore de North Pars contém mais gás natural do que qualquer outro campo no mundo. Uma riqueza imensa em perspectiva, transportado para o Ocidente com um gasoduto que seria direcionado para o norte via Bahrein, Arábia Saudita e Jordânia antes de atravessar a Síria e entrar na Turquia com destino final a Europa. Um volume de gás tão grande que disputaria a supremacia do mercado com a russa Gazprom nas importações da Europa.

Doutro lado, a Rússia, o Irão, o Iraque e a Síria promovem uma rota diferente a partir do campo de gás adjacente do Golfo Pérsico, Southern Pars, de propriedade do Irão. O gasoduto seguiria para o norte através do Irão e, em seguida, para o oeste via Iraque, Síria até o porto de Lataqia, onde seria canalizado sob o Mar Mediterrâneo ou transportado por navios até a Europa.

A Genie Energy é só uma das empresas que fazem parte da galáxia de sociedades que exploram a dupla petróleo/gás da região e que obteria uma enorme vantagem na construção do novo óleo-gasoduto. Um mapa da região com os projectos dos óleo e gasodutos planeados monstra claramente o delicado papel da Síria:

Seja no projecto russo (Irão-Iraq-Síria), seja no projecto americano (Qatar-Turquia), a Síria é a passagem obrigatória: ambos os óleo-gasodutos passam por aquele País. E não há alternativas facilmente viáveis: desviar o projecto russo para o norte (via Irão e Turquia sem passar pelo Iraque e a Síria) significaria entrar numa zona fortemente instável (é a área curda) e enfrentar custos bem maiores por causa da geografia (no leste da Turquia há cadeias montanhosas que ultrapassam os 3.000 metros). Mesmo discurso no caso do projecto americano que deveria atravessar o Iraque (onde os xiitas estão a ganhar terreno) e depois enfrentar a zona oriental e montanhosa da Turquia.

É por esta razão que a Síria é a vítima sacrifical. E isso significa que os problemas do País estão longe de ser
resolvidos: qualquer pretextos será utilizado para manter sob pressão o
exausto Presidente Trump e continuar a luta contra Damasco. Percebe-se também por qual razão o Irão representa outro grande inimigo: uma mudança de regime possibilitaria o bloqueio do projecto russo (que, inclusive, é bem mais curto do americano). Em jogo há os biliões do petróleo e do gás, em jogo há o fornecimento destas commodities para o Ocidente e a concorrência russa.

Nota: estes projectos de óleo e gasodutos não devem ser confundidos com o projecto Nabucco.

Ipse dixit.

Fontes: Left Hook