Gesell, o Copérnico da Economia – Parte II

…dizia-se: por qual motivo a economia da nossa sociedade
tem sempre que crescer? Porque estamos condenados ao eterno crescimento?

Pensando bem, árvores, crianças e galinhas crescem também. Mas há uma
diferença: árvores, crianças e galinhas não crescem indefinidamente, há
um limite. Os processos de crescimento natural são normalmente marcados
por um forte crescimento inicial, que diminui com o tempo para
estabilizar-se num nível constante. Não há galinhas que crescem para ficar tão grandes quanto
torres. E se a Natureza não fez as galinhas altas como prédios deve existir uma razão. A razão é que, na Natureza, o crescimento
ilimitado é destrutivo como o câncer e nunca é a base de processos
estáveis.

Somente a economia parece imune a esta lei natural: deve continuar a crescer, sempre. Porquê?

Juros e crescimento ilimitado

A
resposta tem um nome: “juros”. Sim, ainda e sempre eles. E espantem-se: esta coisa do crescimento ilimitado parece funcionar, no sentido que todos estamos convencidos de que a economia tem que crescer, sempre. E funcionará pelo menos até quando houver
uma população suficientemente ingénua, mal informada ou desinteressada que consegue acreditar nesse absurdo e
perverso mito.

Trata-se dum crescimento compulsório
imposto pelo sistema capitalista, que destrói o ambiente, afecta a
estabilidade da comunidade, produz crescentes desequilíbrios sociais.

O
juro sobre o capital emprestado é a razão pela qual aqueles que possuem
instrumentos financeiros ficam mais ricos mesmo enquanto dormem, e
aqueles que vivem apenas do trabalho tornam-se cada vez mais pobres. É por causa dos juros que o sector financeiro corre enquanto o económico rasteja: a
actividade financeira é a verdadeira fonte da grande riqueza e cresce três ou quatro vezes as taxas da economia real.

Esse crescimento deve
ocorrer às custas da produção real, uma vez que o primeiro (o crescimento financeiro) não produz
nada, mas retira a prosperidade daqueles que a produziram com o
trabalho, sobrecarregando-a com um crescente endividamento.

As soluções

No livro “A Ordem Económica Natural”, Gesell fornece uma nova teoria do dinheiro, baseada em quatro factores principais:

  • um novo tipo de dinheiro que torna impossível a usura
  • a restauração da propriedade pública (mas não do Estado!) da terra
  • a completa liberdade do mercado e dos seus actores
  • a completa ausência de pobreza e de todas as formas de taxação.

Absurdo? Na nossa sociedade sim, completamente absurdo. Mas
Gesell estudou os problemas subjacentes ao dinheiro e percebeu que
existem três contradições fundamentais no actual sistema monetário:

  1. o dinheiro é uma propriedade pública e também privada.
  2. o dinheiro é um meio para transferir o valor e também um instrumento para preservá-lo.
  3. os créditos são dinheiro.

Vamos ver esses pontos com mais detalhes.

Dinheiro: uma instituição pública

Gesell
observou que, se o dinheiro é uma instituição de direito público (isto
é, um bem emprestado a todos com o objectivo de facilitar as trocas
económicas), não pode simultaneamente ser um bem privado. As
instituições públicas estão disponíveis para todos, mas ninguém pode
usá-las para os seus próprios fins: qualquer obstáculo causado a uma
instituição pública impede o seu uso por parte de outros. E nem podemos esquecer que qualquer uso
duma estrutura pública envolve custos, que os usuários pagam directa ou
indirectamente.

Então, quando temos uma nota na mão, surge em primeiro lugar o problema da
propriedade física da mesma. Depois, o bom senso de Gesell chegou à conclusão
de que o dinheiro, como instituição pública, tem que ter um custo de
utilização a ser pago aos cofres públicos.

Lembramos: o dinheiro é apenas um
símbolo de valor, não é valor em si. O dinheiro é um conceito, útil como
uma unidade e uma ferramenta para medir o valor. Mas não deveria ser possível
comercializa-lo. A farinha pode ser comercializada, mas não o quilo, que
mede o peso da farinha; a gasolina pode ser comercializada mas o litro, que é a unidade de medição da gasolina, não. O dinheiro é a unidade de medição do valor (ou da riqueza, tanto faz): como pode ser comercializado? Esta é uma contradição do nosso sistema.

Quando temos uma nota de 50 Euros na mão, é nosso o valor (a riqueza) dos
50 Euros mas não o meio físico que os suporta, a nota em si, que
pertence a todos. É um pouco como ter a propriedade da carga de um
camião: é nossa a carga, não o camião que é alugado e deve ser
devolvido.

Agora, esta ferramenta que é o dinheiro faz
parte dum sistema monetário que tem um problema: a velocidade da
circulação monetária não é constante. Se, por exemplo, uma nota de 50
Euros muda de mãos 20 vezes por ano, isso gera um poder de compra de
1.000 Euros: a nota é utilizada 20 vezes para fazer compras (50 x 20 = 1.000). Se for trocada 40 vezes, o volume de negócios
que gera é de 2.000 Euros (50 x 40 = 2.000). Isso significa que a mesma ferramenta (a nota de 50 Euros) dobrou
o seu poder de compra apenas ao girar de forma mais rápida (40 vezes em vez que 20).

Acontece que no nosso sistema monetário um indivíduo pode interromper este fluxo, prejudicando a economia, e no final até receber um prémio em vez que ser penalizado. Absurdo? É, mas é o que acontece. Ao acumular dinheiro, interrompemos arbitrariamente a velocidade de circulação da moeda e prejudicamos a economia: a moeda não será trocada nem 40, nem 20 mas 0 vezes, gerando um poder de compra igual a zero. O que acontece à pessoa que interrompeu este fluxo, guardando o dinheiro na sua conta bancária? Paga uma penalidade? Não: recebe um prémio, os juros.

É esta a actividade dos bancos: retiram da circulação dinheiro e para desbloqueá-lo pedem o tal prémio (juros). Portanto: os juros são dinheiro não gasto em mercadorias. Consequência directa: os juros são também desemprego, porque menos mercadoria adquirida significa menor produção o que comporta menos lugares de trabalho.

A taxa de utilização sobre o dinheiro

Gesell
percebeu que um mecanismo que obrigasse a circulação da moeda
produziria uma tendência
marcada para o pleno emprego:

mais dinheiro em circulação = mais compras = mais produção = mais lugares de trabalho

Gesell chegou à conclusão de que o
dinheiro teria fluído de forma mais regular quanto mais fosse desejável possuir bens e
mercadorias em vez que dinheiro: menos acumulação e mais circulação. Para obter isso, o capital financeiro guardado
deveria causar custos, não juros. O que tornaria mais lucrativo
investir, emprestar sem juros ou gastar o capital em mercadorias. A palavra de ordem deve ser: impedir que o capital seja retirado do mercado e utilizado por parte de poucos para acumular riquezas com o mecanismo dos juro.

Como explicou o mesmo Gesell:

Em
vez de dar um prémio (chamado juros) àqueles que têm mais dinheiro do
que precisam, eles devem pagar uma pequena taxa (taxa de utilização) se mantiverem o
dinheiro fora da circulação.

Dinheiro
obrigado a circular para criar mais riqueza significa, como vimos, mais compras de mercadorias, mais
lugares de trabalho. Afinal: plena ocupação.
  
Foi isso que fez de Gesell o Copérnico da Economia, é isso que significa a frase “a função do dinheiro é servir o ser humano e não, ao contrário, o homem servir o dinheiro”. Com o novo tipo de moeda proposto por Gesell,
praticamente foi inventado o sistema anti-usura, encontrando o remédio
para boa parte dos nossos problemas económicos. Com essa nova ferramenta, a libertação definitiva da economia do polvo do capitalismo financeiro não é uma utopia, mas uma meta
concreta. É o fim do Capitalismo entendido como
“acumulação de capital”, é o triunfo do livre mercado, livre dos dogmas
do Capitalismo.

Décadas mais tarde Keynes, na sua “Teoria Geral”, considerou
perfeitamente possível que com um dinheiro não “guardado” os juros
pudessem desaparecer no prazo duma geração e achou esta “a maneira mais
racional para livrar-se das formas mais repugnantes do Capitalismo”.

Dinheiro que circula e rendimento de cidadania

Como afirmado, a ideia de Gesell era solicitar uma taxa pelo uso privado dum bem público
(o dinheiro): desta forma, o dinheiro não utilizado teria começado a perder valor (pois gravado pela taxa). A taxa, obviamente, teria entrado para os cofres do Estado, compensando assim o poder de compra não gerado pela circulação do dinheiro. Esta taxa sobre o dinheiro “parado” teria substituído os normais impostos e financiado o Estado. Como consequências, quase todo o dinheiro
seria mantido em circulação, reduzindo as taxas de juros a
quase zero.

Além disso, uma taxa solicitada pelo
Estado para o uso privado do dinheiro representaria também uma sólida fonte para estabelecer um decente rendimento de cidadania
(outra invenção de Gesell): uma vez pagos os serviços do Estado, o dinheiro gerado pela taxa seria divido entre todos os cidadãos.

Vale a pena aqui lembrar o conceito segundo o qual o dinheiro é uma instituição pública e, como todas as instituições públicas, tem custos de utilização. Uma taxa paga à comunidade pelo uso do
dinheiro é como pagar o bilhete do autocarro: é a mesma coisa. É uma taxa necessária porque
os outros mecanismos de fluxo monetário, como taxas de juros e inflação-deflação, falharam
completamente. Quando a
inflação é baixa, o dinheiro é retido. Isso aumenta as taxas de juros e
o fluxos de dinheiro para investimentos de curto prazo, aumentando a
necessidade de dinheiro. Isso obriga o banco central a emitir mais
dinheiro, produzindo inflação, para baixar as taxas de juros. O dinheiro é então
mantido até que as taxas subam. Etc., etc.

Um exemplo histórico: as Bracteatas

Mas uma moeda que “custa” pode funcionar? Na verdade já funcionou. Reza a sábia Wikipedia:

Em algumas regiões, as bracteatas foram desacreditadas (“verrufen”) em intervalos regulares (em Magdeburgo no século XII, duas vezes por ano), pelo que tiveram que ser trocadas por bracteatas novas. Durante este processo, quatro moedas antigas tiveram que ser mudadas, por exemplo, por três novas. A perda da quarta moeda era conhecida como o dinheiro de impacto (“Schlaggeld”) e foi com frequência o único imposto que recolhiam os governantes (Renovatio monetae).

O dinheiro de impacto gerou o efeito de aumentar a velocidade da circulação do dinheiro. Através da desacreditação, o dinheiro resultou pouco atraente como ativo e sua função como meio de trocas universal foi reforçada (função dupla de dinheiro). Acumular ativos monetários (bracteatas) foi considerado pouco interessante, pelo que se reforçou o investimento em propriedade, o que gerou uma busca de artesanato e artes. O resultado deste processo foi o período de desenvolvimento mais importante na história alemã. Nesse momento, as diferenças sociais eram tão equilibradas como depois nunca mais se conseguiu no curso histórico.

Bracteatas: nada de juros, nada de acumulação, mais circulação, mais investimentos, mais trabalho, mais equilíbrio social. Este é um facto, não uma teoria.

Voltemos para o início da nossa conversa: fica claro agora por qual razão Silvio Gesell é (e permanecerá) um emérito desconhecido?

Ideias como “o dinheiro pertence à comunidade”, “a acumulação é negativa”, “os juros são simples usura e prejudicam a economia”, “os clássicos instrumentos quais inflação/deflação e controle da taxa de juros falharam redondamente” são ideias revolucionárias, autênticas blasfémias que a nossa sociedade recusa em bloco. São conceitos que apoiam em pleno o livre mercado mas destoem o Capitalismo: são
extremamente perigosos para as estruturas tradicionais de poder. E, por isso, na nossa sociedade devem ser combatidos.

Anexo I : Capitalismo e livre mercado

Só um esclarecimento, mas fundamental para entender Gesell.

“Capitalismo” não é sinónimo de “livre mercado”. Embora os termos sejam normalmente utilizados como se indicassem a mesma coisa, nas verdade estão aos extremos opostos. O Capitalismo (para o qual em boa verdade não é fácil encontrar uma definição acerca da qual todos possam concordar) é a morte do livre mercado por causa da acumulação de riqueza (que retira dinheiro à produção) e, na versão da nossa sociedade, por causa dos juros (que premeia o facto de abrandar a circulação do dinheiro).

A sábia Wikipedia, tanto para confundir o Leitor, apresenta o livre mercado nos seguintes termos:

O mercado livre, no âmbito da economia de mercado, é um princípio capitalista […]

Lógico para o Leitor achar que livre mercado e Capitalismo sejam a mesma coisa. Consequência: sem Capitalismo não há livre mercado. Tudo isso é completamente falso.
  

Anexo II: O valor de Gesell na Economia

Os seguintes são julgamentos acerca das ideias e das obras de Gesell (os mais entendidos em assuntos económicos não tardarão a reconhecer os nomes aqui citados).

Prof. Dr. Irving Fisher, economista da Universidade de Yale:

O dinheiro livre pode vir a ser o melhor regulador da velocidade da circulação do dinheiro, que é o elemento mais confuso na estabilização do nível de preços. Aplicado corretamente, poderia de facto tirar-nos da crise em algumas semanas […] Sou um humilde servo de Gesell.

John Maynard Keynes, economista, membro do King’s College, Cambridge:

O trabalho principal de Gesell é escrito em termos bonitos e científicos, embora seja executado com uma devoção apaixonada e carregada de justiça social que muitos acham pouco adequado para um estudioso. Acredito que o futuro aprenderá mais com Gesell do que com o espírito de Marx.

Prof. Dr. Dudley Dillard, economista da Universidade de Maryland:

O ponto de vista de Gesell é anticlísico e antimarxista […] A singularidade da teoria de Gesell reside na sua atitude em relação à reforma social. A sua teoria só pode ser entendida considerando o seu ponto de vista geral como um reformador […] A sua análise não está completamente desenvolvida em vários pontos importantes, mas, no geral, o seu modelo não apresenta falhas.

Prof. Dr. Lawrence Klein, economista da Universidade da Pensilvânia:

Os economistas académicos estão sempre prontos para ignorar os “loucos”, especialmente os reformadores monetários. Johannsen, Foster e Catchings, Hobson e Gesell tiveram contribuições brilhantes, mas não puderam receber audiência. Espera-se que, no futuro, os economistas dêem ouvidos àqueles que possuem uma grande intuição económica.

Prof. Dr. Joachim Starbatty, economista da Universidade de Tübingen:

A ciência económica deve a Silvio Gesell um profundo olhar sobre a natureza do dinheiro e dos juros, mas Silvio Gesell sempre foi considerado um sujeito estranho pelos círculos económicos. É claro que não era professor, o que já levanta suspeitas […] O facto decisivo é que as ideias fundamentais de Silvio Gesell em relação à ordem económica são corretas e exemplares.

Prof. Dr. Oswald Hahn, economista da Universidade de Erlangen-Nuremberg:

Silvio Gesell conseguiu escrever com clareza e fazer-se entender, uma dádiva da qual os teóricos e os reformadores mais puros, assim como muitos especialistas práticos de hoje, carecem. […] Gesell desenvolveu conceitos brilhantes e foi esquecido, enquanto seus contemporâneos menos brilhantes deslumbraram várias gerações antes que a percepção das suas falsidades pudesse manifestar-se.

Portanto: Gesell como um grande da Economia, no mínimo.
Agora, vamos ver o que diz dele Wikipédia versão portuguesa:

Johann Silvio Gesell (Sankt Vith (hoje Bélgica), 17 de março de 1862 – Oranienburg, Alemanha, 11 de março de 1930) foi um comerciante alemão, economista teórico, ativista social, anarquista e fundador da Economia livre (em alemão: Freiwirtschaft).

E nada mais. Segundo a sábia Wikipedia, Gesell foi em primeiro lugar um “comerciante”. E nem uma palavra acerca das suas ideias (o link Freiwirtschaft não funciona).
Gesell tem que ser esquecido.

Ipse dixit.

Relacionado: Gesell, o Copérnico da Economia – Parte I

Fontes: no texto, Nexus, Pulso Geselino

18 Replies to “Gesell, o Copérnico da Economia – Parte II”

  1. Portanto, não aprendi nada de novo. As ideias de Gessel estão ao alcance de um qualquer aluno a tirar economia.

    Na realidade quando o BCE imprime dinheiro o que faz é mesmo aumentar a velocidade de circulação do capital e não a quantidade de capital na economia.

    Os juros são uma ferramenta bastante útil (imagine-se um comum cidadão a poupar para a reforma), contudo, deve-se balancear o seu poder com politicas redistributivas como tributação de mais valias e o aumento da taxa de juro directora…

    Deixo um pequeno video para se perceber como a economia funciona…

    Como se pode ver, é mesmo o sistema de Moeda fiduciária que permite o crescimento, o que nos torna a todos mais ricos e essa é a função da economia…

    1. Gosto do "é o que nos torna mais ricos" xD…

      Acho que qualquer coisa não está bem… Porque Portugal está bem pior que à 15anos atrás… Em termos económicos é claro…

      Eu acho este sistema escravo. Eu até nem ganho mal, mas gostava de ter uma casa. Mas deparo me com um grande problema é o acesso ao crédito, pois trabalho no Porto e o preço das casas são exorbitantes. Dps deparo me com os juros e entrada ao crédito e credo… Que roubalheira…
      Ou seja torno me num escravo do banco…

      Para além do medo da incerteza no trabalho… Hoje tenho lugar aqui amanhã não sei…

      Esta é a minha visão macro micro sei lá… Da economia…

      Enfim…

    2. Se ver o video, perceberá, que o que se passou com Portugal foi que se endividou a um ritmo que a sua produtividade não o permitia, criou um défice portanto…

      Mas se o the rip, suponhamos, tivesse um superavit (produzi-se mais que o que consumisse) emprestava esse dividendo sem impor condições (juros)?

    3. Caro Anónimo,

      Após oito anos de blog já não tenho paciência para estas coisas.
      Você aparece aqui e tem a lata de apresentar um vídeo de Ray Dalio, o bilionário fundador da Bridgewaters, amigo pessoal de Bill Gates e de Warren Buffett, para "perceber como a economia funciona"?!?

      Qual o próximo vídeo? A questão palestiniana explicada pelo governo de Tel Avive? Porque o nível é este.

      O vídeo demonstra logo duas coisas:
      1. Se Você acredita nas ideias do vídeo tal como forem apresentadas, então Você nada entende de economia. Não digo "pouco" mas "nada" mesmo. Lamento, mas o vídeo escolhido fala por si.
      2. Este é um blog onde as pessoas (autor incluído) tentam entender algo do mundo em volta deles. Ninguém tem a verdade no bolso, como costumo dizer, nem o autor. Pelo que as críticas são não apenas aceites mas também bem vindas (esta também é a razão pela qual os comentários censurados são raríssimos).

      Única coisa pedida é o respeito. E fazer propaganda é mera falta de respeito. A minha única dúvida é: o Anónimo está aqui porque deseja aprender algo (não de mim, mas do trabalho de todos) ou é uma pessoa com as ideias erradas convencida de que sabe tudo? Isso eu não posso saber.

      Síntese: se o Anónimo decidir juntar-se à nossa procura, seja muito bem vindo também, pois será mais um ponto de vista. Se está aqui só para fazer uma actividade de trollagem e/ou de propaganda, sabe também como interrompe-la antes que a interrompa eu.

      Abraço.

    4. Desculpe Max, mas agora fiquei algo confuso? Quem melhor, que o gestor do maior hedge fund para explicar o funcionamento da economia? Marx e seus copérnicos?

      Têm que ainda estudar muito Max, você ainda não passou da idade dos idealismos enquanto que o mundo se move pelo realismo. Desculpe se fui altivo no comentário e não leve pro lado pessoal, grato pelos artigos…

    5. Anónimo,

      ao ter uma economia explicada por um investidor de Wall Street, terá apenas uma única versão da economia, aquela que funciona na nossa sociedade. Uma visão bastante reduzida da realidade, pois há Países em que esta realidade é interpretada de forma diferente ou até é rejeitada em bloco.

      Para que esta não se transforme em fé dogmática, é preciso por-se algumas perguntas, como: "Mas esta é a única forma possível de economia funcional?". É mesmo depois (e não antes) de ter estudado a economia real, com os resultados conseguidos, é que uma pessoa quer ir além procurando ouvir outras doutrinas.

      Aí descobre-se que pode haver outros realismos, não apenas idealismos. É por esta razão que, no final do artigo dedicado a Gesell, fiz questão de apresentar os pareceres de economistas que suponho você conhece. Irving Fisher um mero idealistas? John Maynard Keynes, Dudley Dillard, Lawrence Klein…todos idealistas que não estudaram a economia e seguem só utopias? Por favor…

      Logicamente o simpático Dailo observará com desdém um Keynes: no entanto, Keynes é considerado como o mais brilhante entre os economistas do século passado, enquanto Dailo poderá sempre afirmar ter acumulado muito dinheiro e ter feito um vídeo.

      Se do seu ponto vista as duas figuras são equivalentes, eu já não sei o que dizer… e esqueça Marx, que detesto.

      Abraço.

    6. Max, certamente que "esta" não é a única forma de economia que funciona, mas contudo, é a que melhor funciona, e, consequentemente é a que é adoptada pela maioria dos países do 1º mundo…

      A mesma lógica é aplicada a Ray Dalio, que não é por ser o gestor do maior hedge fund do mundo que percebe de economia mas sim o oposto – os investidores confiam o seu dinheiro a este homem porque é um dos que melhor percebe como o sistema económico funciona e consequentemente torna-se o bilionário fundador da Bridgewaters (mas talvez seja judeu, não sei 😉

      Resumindo Max, encontrei os seus artigos porque pesquisei temas fora da caixa, mas talvez o seu problema seja mesmo esse, você está demasiado fora da "caixa"…

      cps

    7. "é a que melhor funciona, e é a adotada pela maioria dos países do 1º mundo…"
      "Esqueceu" que a lógica relacionada ao dinheiro jamais foi mudada, mas agravada pela sobreposição da especulação financeira em relação a economia real. E não me venha com socialismos/comunismos fabianos, meros ramos do mesmo sistema. Num mundo com mais de 7 bilhões de pessoas, o sistema beneficia cerca de 1/10, mas se mostra, através da propaganda, como algo inquestionável…

    8. Olá cps!

      "mas talvez o seu problema seja mesmo esse, você está demasiado fora da "caixa"

      Lolololol…juro, esta foi a primeira vez que alguém me acusou de tal coisa. Aliás, o blog sempre foi acusado do exacto contrário, ser demasiado "conservador" por não explicar de forma adequada aos Leitores a suposta "Matrix" na qual vivemos. Já me disseram que sou um estúpido por não condenar o livre mercado e acreditar que possa existir uma tal economia "com rosto humano". Mas ser "demasiado fora da caixa" é novidade absoluta 🙂

      O que acho é que há um limite entre possibilidade e fantasia, entre estradas que podemos percorrer e sonhos que nunca serão alcançados. Este blog, com a constante ajuda dos seus Leitores, escolheu não mergulhar num mundo de pura fantasia e irracionalidade para espreitar caminhos alternativos viáveis. É exactamente este pragmatismo o principal limite de Informação Incorrecta, que por isso está condenado a ser um blog de nicho, com um número de Leitores reduzido (o pragmatismo não tem muitos adeptos).

      Mas pragmatismo não significa passiva aceitação da única versão da realidade tal como é apresentada. Há outros caminhos que é possível percorrer, perfeitamente viáveis, que a nossa sociedade recusa tomar em conta porque contrários aos interesses do poder estabelecido. Isso não é novidade, é a História da Humanidade e também da Economia dela.

      Para ser realistas temos que observar a nossa sociedade apenas à luz da divisão entre Direita e Esquerda que actuam num sistema capitalista? É este o nosso único horizonte? Não pode haver nada mais do que isso? Se assim for, mais valia um suicídio em massa porque o destino do Homem seria apenas aquele do rato que corre na roda. Para boa sorte assim não é: a História mostra como a realidade mude de forma constante.

      Mas esperar que seja uma pessoa como Ray Dalio, que prospera com a nossa economia, a explicar que existem outras formas económicas igualmente viáveis e que mostre novos caminhos parece-me bastante ingénuo.

      Da mesma forma, dizer que este é o sistema económico que "melhor funciona" significa fazer uma afirmação que carece de qualquer evidência: no máximo podemos dizer que "este sistema económico funciona", mas não que seja o melhor, faltando por completo o segundo termo de comparação (a não ser que sejam tomados enquanto tais os Capitalismos de Estado de estilo soviético, venezuelano, etc.).

      Não querendo ofender, as suas observações fazem-me lembrar o raciocínio dos cristãos: "é verdade porque está escrito na Bíblia". Ergo: se não estiver escrito na Bíblia, não pode ser verdade. Pior: se não estiver escrito na Bíblia só poder ser obra do demónio. É só substituir "Bíblia" com "Capitalismo".

      Como bom ateu (ok, esta não é propriamente a verdade mas o discurso seria demasiado complicado) recuso basear-me apenas num acto de fé; como pragmático procuro as provas factuais; e como italiano sou irritante e curioso por natureza 🙂

      Abraço!

    9. Questionável? É inquestionável que um dos cânceres/cancros da economia são precisamente esses "instrumentos financeiros" a economia casino de wall Street e outros locais mal frequentados.
      Não produzem nada de nada, para isso iam para Las Vegas ou Macau.
      Este sistema não pode continuar por muito tempo, é como uma praga de gafanhotos que vão de um local a outro até acabar com quase tudo(recursos: quer humanos cada vez pior, quer a própria natureza, como se fosse tudo ilimitado).
      Artigo do Business Insider com links para estudos já feitos por bancos e instituições:

      https://www.businessinsider.com.au/worlds-richest-people-are-getting-even-richer-two-thirds-of-global-wealth-by-2030-2018-4

      nuno

    10. Caro anónimo… Eles são bilionários pq controlam o sistema.

      Portugal contraiu dívida pq assim alimenta o sistema, e sistema assim o quiz. Seja lá com o euro ou lá com o ranking das agências de ranking, banco mundial ou FMI…

      A quem achas que Portugal paga sete mil milhões de juros todos os anos?

      E pq quando Portugal tinha que pagar juros altos à pouco tempo, só alguns podiam adquirir essa dívida??? Se calhar até interessava a mtos portugueses investirem as suas economias num produto tão apetecível e sem impostos!!!

      E achas que podes??? Não mas esse teu amigo do hedge fund deve conseguir… Mete mérito nisso.

      O sistema está viciado…

  2. Eles são rápidos Max… depois que a propaganda foi institucionalizada acabou qualquer possibilidade de enfrentar os donos do mundo…Wikipedia? Apenas uma ferramenta, entre tantas, ao serviço dos segmentos dominantes…Ouse ir contra e logo serás taxado de teórico da conspiração… O limite tolerável da crítica é aquele que não desabona o sistema como um todo… o que aqui não é o caso…

    1. Olá Chaplin!

      Este continua a ser um blog de nicho, com um alcance naturalmente limitado. Por continua a surpreende-me que possa ser alvo de propaganda ou trollagem. É verdade que o futuro próximo pode ser bem complicado, mas tentar encantar poucos milhares de Leitor diários aqui quando há páginas na internet que totalizam milhões de visitantes…

      Será que nos tempos difíceis vale "o pouco conta-se, o nada não?" Só se for isso.

      E pensar que estou a conter os artigos onde é citado israel antes que me caia em cima um daqueles serviços de Tel Avive que vasculham internet: e nem são poucos, há inteiros departamentos de escolas com estudantes voluntários a fazer isso.

      Grande abraçoooo!!!!

  3. http://www.berndsenf.de/

    https://wikivividly.com/lang-de/wiki/Silvio_Gesell

    https://en.wikipedia.org/wiki/JAK_Members_Bank

    https://wikivividly.com/lang-de/wiki/Umlaufgesichertes_Geld

    Pesquisem BERND SENF no youtube e vejam um video (acho que tem 12 partes) onde ele explica em ingles o principio económico sugerido por Gesell.

    https://www.monetative.de/

    https://www.vollgeld-initiative.ch/

    Brevement na Suica vai realizar-se um referendo para votar a favor de ser um banco público a emitir dinheiro em detrimento dos bancos privados.

  4. "Quando você perceber que, para produzir, precisa obter a autorização de quem não produz nada; quando comprovar que o dinheiro flui para quem negocia não com bens, mas com favores; quando perceber que muitos ficam ricos pelo suborno e por influência, mais que pelo trabalho, e que as leis não nos protegem deles, mas, pelo contrário, são eles que estão protegidos de você; quando perceber que a corrupção é recompensada, e a honestidade se converte em auto-sacrifício; então poderá afirmar, sem temor de errar, que sua sociedade está condenada." – 1920, Ayn Rand

    1. Exacto. ^^^^^
      E cá está a parte didática do ii fiquei a conhecer um pouco melhor Silvio Gesell.

      Agora ao ver o jornal Público vejo isto e penso em todos esses economistas(a sério) que tenho uma ideia e Keynes a minha maior influência e de muitos outros.
      Óbvio que se for para outra geografia vem o tal de Mises(não entendo porque não passa de think tank, assim como o Cato e muitos outros. Porque é que as ideias deles não são seguidas por uma única nação que seja na Europa? Devemos ser muito burros, mas não parece ?!)

      Mas para o primeiro anónimo trago boas novas, para o restante a constatação de um facto, o tal artigo do Público:

      https://www.publico.pt/2018/05/06/economia/noticia/a-empresa-que-esta-a-mudar-o-capitalismo-1818931

      Uma das…, nada produzem, nada constroem e corroem os alicerces da sociedade como uma peste, além de retirar direitos já consagrados é implícito. Se todos fizessem o mesmo vivíamos de quê? Até à Nestlé e Bayer p/ex algo fazem de facto, estes nem coisa adulterada.

      nuno

  5. Oi Max: obrigada pela exposição clara das ideias deste Gesell. Tu mesmo aponta que, nessa linha de pensamento não foi o único. Vale muito a experiência fugaz das Bracteatas, como em geral fugazes são as experiências que desacreditam o status quo. Me parece que a contribuição teórica fundamental (embora nada entenda de economia, todos aqui sabem disso, mas também sabem que não sou idiota nem mal intencionada) é afirmar o livre mercado como positivo, dissociando-o do capitalismo.
    A questão dos juros me lembra duas situações:
    1. É possível usar água como combustível para carros, mas quem comprova isto desaparece ou cai no ostracismo e na incredulidade para a maioria desinformada e para a minoria interessada nos ganhos com outros combustíveis. É o caso do nosso amigo economista. Ainda fico admirada que gente renomada o reconheça.
    2.Tido como inimigo número 1 dos ambientes financistas neste planeta aparece o Islã, que deve ser demonizado, pois muito porque seus códigos legais, morais religiosos repelem a usura ( que também foi repelida pelo cristianismo no início…muito no início) e consequentemente a "arma" conhecida como juros para um tipo de guerra cujas baixas são indivíduos e países endividados, enquanto os vitoriosos são os financistas que desenham o mundo de acordo com seus interesses.
    Então a questão que se me ocorre não é propriamente o desconhecimento de soluções para a miséria do mundo, mas como ativá-las. Questões menores como a simples auditoria de dívidas públicas de países são eternamente relegadas, e quando levadas a efeito como no Equador de Rafael Corrêa são questionadas e provavelmente tornadas sem efeito em futuro próximo.
    Finalmente considero que o mito do crescimento existe porque ele não aparece como um fim em si, mas como condição para o desenvolvimento de todos e a supressão das carências dos carentes no meio desses todos, que são a maioria. A ssim como perniciosamente livre mercado é entendido como expressão maior do capitalismo, crescimento indefinido é entendido como expressão maior do desenvolvimento humano.

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