Site icon

UE: a estrada da liberdade (está fechada)

Censura (do latim censura) é a aprovação ou desaprovação
prévia de circulação de informação, visando à proteção dos interesses
de um estado ou grupo de poder.
A censura criminaliza certas ações de comunicação,
ou até a tentativa de exercer essa comunicação.
Consiste em qualquer tentativa de suprimir informação,
opiniões e até formas de expressão, como a arte.

Leitores preocupados por causa das fake news? Improvável.

Mas não importa: mesmo que não liguem ao assunto, eis que chegam boas notícias.

Durante o último ano e meio, a União Europeia e os Estados Unidos têm estado a trabalhar duramente e agora aparecem os resultados: em breve teremos uma rede de fact-checkers, obviamente 100% independentes, que irá separar o trigo do joio, tudo no rigoroso respeito do código ético.

A União Europeia deu o passo, anunciando medidas
“propedêuticas”. O cenário é suave: tudo é feito em nome da luta contra as falsidades, como explica o Comissário de Segurança da UE, Julian King:

A manipulação da
opinião pública através de notícias falsas é uma ameaça real à
estabilidade e coesão das nossas sociedades europeias.

Porque aqui na Europa estamos muito coesos, mas as fake news arriscam estragar tudo. Portanto continua Julian “Goebbels” King :

Criação, antes do Verão, de uma rede independente europeia de
verificação dos factos e, em Setembro, uma plataforma europeia sobre a
desinformação para ajudar no trabalho.

Além disso, Bruxelas
vai lançar este ano um novo concurso para a produção e a divulgação de
informação de qualidade sobre a UE através de informações baseadas em
dados.

Tentamos perceber um pouco mais desta louvável iniciativa que ninguém pediu.
Em muitos casos, explica King, por trás dessas operações existem “atores estrangeiros” e em particular “a doutrina militar da Rússia que reconhece explicitamente a desinformação na sua estratégia de guerra”.

Ahhhh, os russos! Malditos. E é verdade: a desinformação faz parte da doutrina de guerra dos bolcheviques. Mas não do Ocidente, onde a doutrina prevê só notícias reais baseadas em factos. E este é um facto.

Para proteger os cidadãos dos ataques russos que tiram o sono, King anuncia medidas para as redes sociais como Facebook e Twitter, além duma ajuda aos órgãos de comunicação tradicionais: a União fornecerá notícias “de qualidade”.

O código de boa conduta para as redes sociais permanecerá voluntário e não tem valor legal vinculativo: no entanto, a Comissão Europeia fará uma avaliação  e decidirá se necessário adoptar uma legislação para combater as fake news. Isso é: o código é voluntário mas se não for respeitado serão introduzidas leis para fazê-lo respeitar. Não sei se repararam, mas este é um dos pontos mais altos da democracia europeia.

Está previsto o lançamento de um fórum “de alto nível” para reunir indústria de publicidade, media e sociedade civil, coordenando assim os esforços na luta contra as notícias falsas. Será mesmo este fórum que terá que delinear antes de Julho o código de conduta das redes sociais. Uma vez estas instituições eram baptizadas “Ministério da Propaganda”, mas temos que admitir: “fórum” é mais fino e subentende a ideia duma certa discussão.

Entre as medidas sugeridas pela Comissão da UE, as redes sociais terão de monitorizar o fenómeno do click-baiting, reduzir as opções de segmentação para o marketing político, garantir a transparência do conteúdo político patrocinado, aumentar os esforços para fechar falsos perfis e trolls, identificar os bots que disseminam a desinformação.

Além disso, deverá ser facilitada a avaliação das fontes confiáveis ​​e a sinalização online de conteúdo falsos, enquanto os pesquisadores deverão poder analisar a dinâmica da desinformação social e o funcionamento dos algoritmos.

Quem verifica o quê? De quais dados estamos a falar? O que é uma fonte “confiável”? Como distinguir uma ONG financiada pela UE duma autêntica? Quem faz parte do tal fórum? Quem controla os controladores? Todas perguntas supérfluas e até irritantes que, justamente, a União ignora.

Informação Incorrecta saúda a decisão viril da Comissão Europeia, nega decididamente que nesta ocasião possa ser evocado o espectro da censura e lembra as palavras dum famoso democrata:

O
jornalismo é livre porque serve apenas uma causa e um regime: é
livre porque, sob as leis do regime, pode exercer e exerce as
funções de controle, crítica, propulsão.

B. Mussolini

Ipse Dux!

Fonte: Ansa