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Ar novo?

Genova

Algumas breves impressões sobre a Itália, dado que me encontro nestas bandas.

O governo não está lá há mais de um mês e a impressão é que as coisas estejam a melhorar. Dado que o mesmo aconteceu na Espanha no ano passado (e ao longo de vários meses),
talvez seja bom começar a fazer algumas perguntas sobre o real papel
desempenhado pela classe política nas economias nacionais. Não que os governos sejam inúteis, nada disso, mas também é verdade que às vezes a ausência deles é benéfica. E isso é bem capaz de significar algo…

Quanto ao resto: Genova, a minha cidade, parece estar um pouco melhor. Muito turistas estrangeiros, não me lembro de ter visto tantos e todos juntos. Bom sinal: significa que mesmo no resto da Europa há dinheiro para ser gasto em viagens. Durante a semana, uma breve visita a Brescia, não longe de Milão: Ferrari, Porsche e Ducati nas estradas. Pequenos sinais, sem dúvida, mas algo parece estar melhor.

Por outro lado, é verdade que as perspectivas políticas parecem boas. O
próximo governo deverá ver subir ao poder o Movimento Cinco Estrelas, o partido
mais votado nas últimas eleições políticas, provavelmente com a ajuda
da Lega antieuropeia. Com Berlusconi fora dos
jogos e o Partido Democrático (teoricamente de Esquerda, na realidade uma emanação das políticas de austeridade da União Europeia) que tem de digerir a pior derrota de todos os tempos, parece
que algo realmente possa mudar.

Sobretudo a eleição dos 5 Estrelas tem um sabor importante: movimento anti-sistema, atacado continuamente pelos órgãos de comunicação oficiais, reúne hoje um eleitorado que é difícil descrever.  de certeza já não é possível tratá-lo como um simples “partido do descontentamento” ou
“de protesto”: nas últimas eleições o programa foi muito claro e
bem estruturado, há um projeto, há uma organização bem estabelecida.  O mesmo pode ser dito em relação à Liga.

Portanto,
duas forças anti-Europa, anti-Euro, uma a favor da introdução do
“rendimento de cidadania” (5 Estrelas), outra favorável a um rigoroso
controle das fronteiras para limitar os imigrantes ilegais.
É óbvio que esses pontos programáticos estão muito distantes dos ideais de Bruxelas, em alguns casos até contrários. Isto
é algo que a União deve levar em consideração: já não é possível
esconder as forças desagregadoras sob o manto do simples “protesto”. Tais forças são hoje fortes na Catalunha e constituem a maioria na Itália.

Há todavia outro discurso que deveria ser feito: se é sabido quem fica atrás da Lega, menos conhecido é quem está a mexer-se atrás dos 5 Stelle. E aqui a coisa pode ficar bem interessante: a minha curta viagem em Itália deveria servir para entender se certas vozes que circulam possam ou não ser verdadeiras. E’ o que tentarei fazer, se for possível.

Ipse Italia!