Placidus ataca a Síria e mata S. Valentim: EUA em crise

Hoje é o Dia dos S. Valentim, dia dos namorados.

S. Valentim havia celebrado o casamento
entre a cristã Serapia e o legionário romano Sabino, que era pagão: a cerimónia ocorreu rapidamente, porque a jovem estava muito doente e, de facto, os dois cônjuges morreram juntos logo que Valentim acabou de abençoa-los.

A seguir morreu também S. Valentim, decapitado pela mão do soldado romano Furius Placidus, sob as ordens do imperador Aureliano. Praticamente um massacre. Doutro lado, se não houvesse dor e sofrimento nem seria coisa de Igreja.

Ficamos em tema e falamos da guerra na Síria.

Dólar: a nossa moeda, o vosso problema

Zero Hedge remata a notícia de Bloomberg segundo a qual ataques dos Estados Unidos teriam morto dúzias de mercenários russos na Síria, naquele que seria o maior choque entre cidadãos dos dois Países desde os tempos da Guerra Fria.

É altura duma pergunta: por qual razão Washington, que está a recuperar do ponto de vista económico após anos de crise, deveria empenhar-se numa série de acções tão arriscadas, num País tão afastado das suas fronteiras, onde nem há recursos para explorar? Porque aumentar o orçamento do Pentágono até 686 bilhões de Dólares (um sétimo dos gastos federais totais) quando a Dívida continua a ameaçar as finanças do País e seria uma boa altura para poupar uns trocos?

A narrativa dos órgãos de comunicação oficial conta com uma economia dos EUA em forte recuperação: não é apenas Wall Street que ganha (apesar do deslize registrado há poucos dias), as medidas de Trump e a mais favorável conjuntura internacional estão a dar os seus frutos.

Por isso pode causar espanto a posição da agência de rating Moody’s, segundo a qual os Estados Unidos estariam à beira do colapso económico. De acordo com o analista financeiro Ivan Danilov, “a natureza negativa dos seus comentários sobre as perspectivas que enfrenta a economia dos EUA mostra que a narrativa sobre a estabilidade e a invulnerabilidade financeira dos Estados Unidos deve ser revisada”.

De acordo com o analista, Washington consegue manter um bom rating, apesar da Dívida ter atingido proporções gigantescas, apenas em virtude dos privilégios económicos conquistados por Washington após a Segunda Guerra Mundial e, mais tarde, após a Guerra Fria.

Conclui o analista:

Mesmo uma economia tão próspera não poderá suportar por muito tempo uma Dívida tão enorme como aquela dos Estados Unidos.

Danilov é o comentador da agência russa Sputnik, pelo que pode não ser um modelo de imparcialidade. Todavia o problema das contas públicas existe mesmo. O que leva um Presidente a aumentar a Dívida em prol dum sector (o militar) que não promete um retorno tão imediato como poderia acontecer com outras áreas da produção?

A resposta é que em Washington têm a noção de que esta será uma questão de vida ou de morte.

O Dólar tem um status especial no sistema financeiro global, sobretudo por uma razão: o petróleo é comprado e vendido utilizando a moeda americana; facto que, com outras variáveis menores, protegem os Estados Unidos da turbulência.

Portanto, uma parte importante da prosperidade dos EUA não é devida ao mérito ou à eficiência da economia do País, mas sim à condição especial em que vive a sua moeda. Como disse John Connally, secretário do Tesouro dos EUA durante a administração Nixon: “O Dólar é a nossa moeda e o vosso problema”.

Só que nos últimos tempos alguns actores internacionais começaram a atacar o monopólio da moeda americana: por exemplo, China, Rússia e Venezuela vão na direção duma desdolarização do sistema financeiro internacional. O petróleo já não é trocado só por Dólares. E Washington vive este facto como uma ameaça real para a estabilidade económica dos Estados Unidos. E tem razão.

EUA: luta pela sobrevivência

A guerra na Síria, como é sabido, faz sentido na óptica dum ataque indirecto contra o Irão para eliminar um perigoso concorrente da família saudita e um actor que ameaça a supremacia israelita na região.

Aos olhos de Washington, é uma maneira para atingir a Rússia em primeiro lugar e a China depois: fracassada a tentativa de tornar o Afeganistão um posto avançado das “democracias” ocidentais, colapsado o Califado do Isis, com um Iraque enervado, uma Turquia histérica, um Paquistão cada vez mais perto de Pequim, umas Coreias que agora começam a dialogar, as tentativas americanas para pôr um pé no continente asiático estão a reduzir-se cada vez mais. Isso enquanto a China já conquistou o título de primeira economia planetária.

E este insistir na Síria mesmo perante uma derrota já escrita, se dum lado pode satisfazer os aliados israelita e saudita, do outro dá a medida do sentido de urgência que domina nos Estados Unidos: permitir que as forças “anti-Dólar” prosperem, com a moeda americana que perde o seu status privilegiado no panorama internacional, significa atirar a economia de Washington para uma crise excepcionalmente profunda, algo nunca enfrentado desde o fim da Segunda Guerra Mundial.

Não seria o fim dos Estados Unidos, mas seria de certeza o fim da super-potência. Quais as consequências? Washington ficaria “apenas” como a sede duma entre as várias potências mundiais; a posição de israel ficaria mais fragilizada no Médio Oriente; a Arábia Saudita, numa altura em que a passagem para as energias alternativas já começou, deveria abandonar também o sonho hegemónico em relação à religião islâmica.

É uma verdadeira luta pela sobrevivência e isso significa que o futuro bem pode trazer picos de violência muito superiores a quanto observado até aqui.

O desfecho? Para entende-lo não podemos esquecer que a Grande Finança é supranacional, não ligada a um País em particular. Se a sede por enquanto fica em Wall Street, é também verdade que os armazéns de Shangai estão cheios de tecnologia de ponta que por aí foi trazida. Quando os Estados Unidos tiverem concluído as suas funções, o bloco militar terá que abdicar e a Grande Finança migrará para outro ninho.

Ipse dixit.

10 Replies to “Placidus ataca a Síria e mata S. Valentim: EUA em crise”

  1. Nao esquecer que a guerra na siria que comecou em 2011 (Sim ja la vao 11 anos que os Sirios nao teem paz e tranquilidade) quando Bashar al-Assad recusou a passagem pela Siria do gasoduto vindo do Catar, projecto das naçoes Arábia Saudita, Jordânia, Síria e Turquia.
    O governo sírio optou pelo gasoduto do Irã, contrariando as potências ocidentais e as nações sunitas da região, que, juntas, passaram a dar apoio financeiro, logístico e bélico a grupos opositores (muitos ligados a terroristas da al-Qaeda e do ISIS) ao regime de Assad à medida em que eclodiam os protestos da Primavera Árabe em 2011.
    O objetivo era derrubá-lo e, assim, por em prática do projeto do Catar que tem o apoio da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), principalmente dos Estados Unidos, França e Reino Unido
    Olhando para o mapa mundo torna-se obvio que o bloqueio da passagem de gaz pela Ucrania (com a Russofobia, os roubos de gaz),
    mais o bloqueio do projecto do gasoduto Russo Corrente sul tal como o projecto Corrente Azul (ou Turca) que e uma tentativa de privar a estatal Russa e a Russia de uma das suas maiores formas de financiamento,
    o projecto do gasoduto vindo do Irao tambem foi bloqueado
    sendo que a alternativa de fornecimento de gaz a parte da europa so poderia ser pelo gasoduto vindo do Catar passando pela Turquia ou em alternativa explorando as reservas Sirias pelas 7 irmas juntamente com a importacao do carissimo gaz de xisto vindo dos eua que deixaria a Europa completamente refem.

    Isto e geoestrategia ao mais alto nivel. A guerra pelos recursos mais importante e o gaz e um deles. Fica dificil cozinhar sem gaz e ninguem gosta de estar sem aquecimento ou tomar banho de agua fria.

    EXP001

  2. A política externa dos USA no Médio Oriente e no Mundo é determinada pelo Lobby Judeu, que por sua vez é quem manda na política financeira não só dos USA como Mundial.

    Doutrina Wolfowitz ( Ex-presidente do Banco Mundial, arquiteto da política externa do governo de George W. Bush e da Guerra do Iraque) :

    “Nosso primeiro objectivo é impedir a reemergência de um novo rival, tanto no território da antiga União Soviética como algures, que coloque uma ameaça da ordem daquela colocada anteriormente pela União Soviética. Isto é uma consideração dominante subjacente à nova estratégia de defesa regional e requer que nos empenhemos para impedir qualquer potência hostil de dominar uma região cujos recursos, sob controle consolidado, seriam suficientes para gerar poder global”.

    Sim, Wolfowitz,

    https://en.wikipedia.org/wiki/Wolfowitz_Doctrine

    Aquele Judeu ex dirigente do Banco Mundial que como Secretário de Defesa dos USA redigiu o memorando revelado pelo general Wesley Clark, que descrevia " Como vamos desestabilizar 7 países em 5 anos, começando com o Iraque, e depois a Síria, Líbano, Líbia, Somália, Sudão e, finalizando, o Irão."…

    —————————-
    Ex congressista dos USA Cynthia McKinney diz que todos os candidatos ao Congresso têm de assinar uma promessa em como votam para suportar a superioridade militar de Israel etc…

    1. Acrescento:

      A mulher de um coronel marine dos Eua, visitou o departamento de Estado secção M.Oriente, e viu isto:

  3. O último parágrafo diz tudo. Os Estados Nacionais estão abaixo da Banca Sionista. Mas quanto a dívida EUA, não será ela que provocará, de fato, a decadência do Império atual, mas apenas um pretexto que será externalizado pela propaganda desses grupos. Dívidas públicas nunca quebraram um país. É lenda! Mas são imprescindíveis para exercer dominância/subjugação.

  4. Reservas de gás na wiki:
    https://en.m.wikipedia.org/wiki/List_of_countries_by_natural_gas_proven_reserves

    1-Russia-tambem conhecidos por-tira a mão
    2-Irã/o- não mexe
    3-Qatar- vai passear para a arábia e brincar com espadas outra vez

    4- EUA (ou na verdade poder corporativo que manda e desmanda) com o famoso gás de xisto ou shale gas – vamos rebentar com esta m***a, somos amigos do ambiente e bidiversidade dos aquiferos, ambiente, das placas tectónicas, e hipócritas qb. desde que fiquemos ricos, sem ver meios.

    https://en.m.wikipedia.org/wiki/Shale_gas

    os perigos do gás de xisto:

    https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Fraturamento_hidráulico

    ou mais simples

    https://environmentamerica.org/programs/ame/stop-fracking-our-future

    O objectivo sempre foi o Irã/Irão(muito difícil). Mas agora com a concorrência/ajuda Russo/Chinesa e sem o dólar na conversa, a coisa muda.
    Vão se espernear, ameaçar, o habitual, criar umas primaveras ou soft coups, guerra híbrida mas o destino está traçado, por muita força militar que tenham, a festa está a acabar, ou dão cabo do planeta, quem é que não assinou o Tratado de Paris?

    nuno

  5. O grande ganho da dominação,que permite que ela se eternize, é conseguir através de propaganda massiva, como t^em conseguido os EUA, que suas ações terroristas e assassinas do planeta, e nele de povos inteiros, sejam entendidas como naturais, convenientes e até necessárias. O ocidente colonizado pela "grande democracia" comunga alegremente de iniciativas criminosas, enquanto aqueles que são atingidos por elas ou sucumbem ou lutam ad infinitum.

  6. Max *off topic*
    Estive a ver TV e lá apareciam aquelas ligações Rússia-Trump.
    E afirmam inequívocamente, mas sem ainda provas concretas que foi ingerência Russa e nem um cidadão americano esteve envolvido nisso, é provável, a ingerência russa, mas não ao nível estapafúrdio que querem promover.
    Realmente a Hillary é das pessoas mais ressabiadas que já se viu, e o seu ressabiamento está a dar cabo dos Democratas.
    Chegando aqui a pergunta:
    A pergunta e se tens informaçôes:é que tudo leva tanto o brexit como a eleição de Trump e sabe-se lá a que mais, a um indivíduo de nome Mercer. A cnn, guardian, nytimes, wash. post, el país, é muitos mais já falaram por alto na personagem, mas parece que embora muitos queiram meter a coisa cá fora, parece existir um filtro ou um silêncio ensurdecedor sobre tal personagem. Sugeria quando tivesses paciência e se te lembras, de fazer um tópico ao tipo que financiou através da Cambridge Analytica(é o chefe não oficial com Alexander Nix-outro cromo),(Renaissance Technologies-ceo) e outras do mesmo ramo, a ascensão de Trump e o Brexit devem-se ao indivíduo.
    Os documentários da BBC hidden secrets of sillicon valley – até mostram por alto como foi.
    Como Robert Mercer não está aqui?
    Outra sugestão uns amigos, os irmãos Koch.
    É para compor a galeria de milionários "estranhos", os Koch dão nas vistas este existe mas parece que não.
    É um cromo à maneira inteligente e ao mesmo tempo sinistro, e usa tudo o que é tecnologia para manipular/alterar acontecimentos.
    É algo de novo, e refrescante ;)))

    obrigado
    nuno

    1. Olá Nuno!

      Robert Mercer? Não conheço. Mas vamos conhecer.
      Koch? Já ouvi, mas vamos conhecer melhor.
      Proximamente neste canal.

      Quanto ao Russiangate. São meses que falam disso. Acho que seria coisa simpática nesta altura apresentar provas. Não muitas, aos menos uma, assim tanto para a gente divertir-se. O Partido Democrata está a enterrar-se cada vez mais: ou conseguem livrar-se da corja de Hillary e companhia ou o futuro está muito escuro, porque desta forma só favorecem o Trump. Que, por seu lado, é um absoluto amador, nem muito inteligente, e bem precisaria duma oposição séria.

      Grande abraçoooooooooo!!!!!

  7. Interferência Russa? Reclamada por quem mais interfere no mundo? Além do que é uma questão entre sionistas russos e estadunidenses. Cômico!

Obrigado por participar na discussão!

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