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A inteligência em queda (culpas dos velhos!)

O Leitor tem a impressão de que as pessoas ao seu redor se tornam cada vez mais estúpidas?
Console-se, não é uma impressão: é um facto cientificamente comprovado. Pena que esta tendência abranja também o Leitor (mas, curiosamente, não o autor o blog).

No número de Maio de 1998 da revista Focus, o conhecido jornal de divulgação científica, já tinha aparecido um artigo assinado por Ivan Vispiez, no qual eram apresentadas algumas hipóteses sobre as transformações às quais várias espécies animais terão que enfrentar num futuro mais ou menos remoto; o que é mais interessa aqui é a parte referida à espécie humana, que arrisca voltar a ser uma espécie bestial num futuro não muito distante.

É importante repetir que não se trata de “vozes”, mas de um facto comprovado: as dimensões do cérebro humano estão a reduzir-se progressivamente.

As dimensões em queda

Como explica o estudo realizado pelo antropólogo professor Giuseppe D’Amore, da Universidade de Firenze (Italia), o cérebro humano atingiu o seu pico durante a idade Paleolítica, há 35 mil anos, com um volume cerebral de 1600 centímetros cúbicos, baixando para 1500 cc durante o Neolítico (8000 anos atrás) e chegando aos 1400 cc hoje.

As causas desta situação? Com progresso tornou-se cada vez mais fácil alcançar a idade adulta. Hoje todos podem fazer filhos sem ter a inteligência e a capacidade de sobreviver. Na Era da Pedra, essas qualidades eram necessárias para poder reproduzir-se. Parece que a civilização humana colocou a seleção natural sob controle, mas, ao fazê-lo, iniciou a decadência do homem como espécie.

Os limites aceitáveis desta decadência?  Segundo o antropólogo florentino, será necessário atingir o limite inferior de 1000 cc: aí não será mais possível falar Homo sapiens e os nossos os descendentes terão inteligência suficiente para manter em vida a civilização. Tempo previsto: três milhões de anos.

Mas parece uma previsão optimista: uma simples contagem mostra que para perder os primeiros 100 cc de volume cerebral ocorreram 27.000 anos, enquanto os segundos 100 cc foram destruídos em apenas 8.000 anos. Isso parece indicar que a velocidade de decomposição do cérebro humano desde o Neolítico até hoje é mais que triplicada.

Há, no entanto, um factor importante que deve ser considerado para ter o problema bem claro: as dimensões absolutas do cérebro não são uma medida directa da inteligência. Se assim fosse, alguns dinossauros deveriam ter sido muito mais inteligentes de qualquer ser humano. Mais confiável é o chamado “índice de cefalização” que é obtido multiplicando as dimensões do cérebro pela relação massa cerebral/corpo. Em termos simples, os homens pequenos têm cérebros menores do que os homens grandes sem que isso implique uma inteligência inferior: os seus cérebros têm menos massa corporal para controlar, portanto tudo é proporcional.

Os homens neolíticos eram de tamanho modesto, com uma altura de cerca um metro e sessenta centímetros, enquanto os mais antigos caçadores do Paleolítico alcançavam médias de 1.70-1.75 metros. A razão? O Neolítico coincide com a descoberta da agricultura, o estilo de vida do agricultor sedentário criou um excedente que permitiu que as comunidades humanas se expandissem numericamente, mas é inegável que o agricultor alimentava-se pior do que o caçador paleolítico, com uma dieta menos vária. A perda de tamanho cerebral entre Paleolítico e Neolítico é assim em parte explicada pela redução das dimensões do homem. Mas isso torna mais dramático o que ocorreu nos últimos oito mil anos: o homem voltou a crescer em altura mas o volume do cérebro continuou a diminuir.

Mas dado que falar de inteligência não é simples, temos de introduzir um novo conceito: além das dimensões absolutas (que, como vimos, valem o que vale), além da relação entre cérebro e dimensões do corpo, o que conta é também a maneira como o cérebro é utilizado. Um espaço menor pode conter mais coisas do que um espaço maior se estas estiverem dispostas de forma específica (mais racional, mais prática, etc.). Aqui o “truque” é treinar o cérebro: tal como a condição física, o património genético fornece uma série de possibilidades que, se exploradas, irão melhorar o desempenho da mente, apesar da redução do tamanho. Os crescentes desafios que o homem enfrentou nos últimos milénios tiveram exactamente este efeito. Até hoje.

Na nossa actual sociedade estamos ainda a “treinar” o nosso cérebro? A vida de moluscos com comando remoto numa mão e smartphone na outra, típica do Ocidente, compensa a redução do tamanho?

Os asiáticos inteligentes

O psicólogo Daniel Goleman, no livro Inteligência Emocional (Inteligência), efectuou uma cuidadosa
investigação entre crianças e rapazes de várias etnias. O resultado foi que no pré-escolar e no início da escola obrigatória não há diferença significativa entre as pontuações do meninos de origem asiática e de origem ocidental. Depois, ao longo dos anos, a diferença amplia-se e, uma vez atingida a idade adulta, permanece constante para o resto da vida. Portanto, é evidente como não haja uma diversidade de origem genética: é o diferente estilo de educação que determina o desenvolvimento cerebral.

Os pais de origem asiática são notoriamente mais exigentes, impõem uma disciplina mais severa aos meninos, inculquem nos filhos um preciso sentido de dever, exigem o respeito de regras e tarefas desde o primeiro ano de escolaridade; os pais ocidentais são mais indulgentes neste aspecto. Goleman completa a análise com a observação de que inúmeras atitudes, por exemplo a aptidão musical, conseguem desenvolver-se melhor quanto mais a aprendizagem começar numa idade precoce (e aqui não era precisa uma licenciatura para adivinha-lo).

O que emerge de tudo isso? Talvez uma reavaliação positiva em favor da bondade do que geralmente é definida como “educação tradicional”. Atenção: isso não significa que as escolas duma vez eram melhores das actuais, pois o foco está aqui centrado no papel da família, não na escola. É na família que a criança encontra os exemplos, é aqui que ainda aprende como relacionar-se com o ambiente, é aqui que acontece boa parte do desenvolvimento que determinará o seu futuro.

O bombardeado mediático, com relativa superabundância de estímulos, não consegue compensar o papel da família neste sentido, não favorece o desenvolvimento da inteligência: se os estímulos não estiverem organizados num sistema de conhecimento, favorecem apenas a superficialidade.

Curiosamente, o declínio da inteligência no nosso planeta tinha sido previsto de forma surpreendente por dois autores de ficção científica, Frederic Pohl e Cyril M. Kornbluth, que o mencionam na obra deles mais conhecida, The Space Merchants (“Os Mercantes do Espaço”) de 1953, e que foi o tema principal da novela The Marching Morons (“Os Idiotas em Marcha”) póstumo de 1968, escrito por Kornbluth sozinho.

De acordo com os dois romancistas americanos, o factor crucial destinado a conduzir ao declínio da inteligência no nosso mundo é relativamente simples de entender: as pessoas mais inteligentes e ambiciosas, com o potencial para alcançar um alto status social, são forçadas a um longo aprendizado, um currículo de estudos que ultrapassa o limiar dos trinta anos, longos tempos para uma adequada integração profissional e para iniciar uma carreira; e tudo isso acaba por demorar cada vez mais, com a relativa impossibilidade de formar uma família. Enquanto isso, nada impede que os indivíduos menos dotados, os idiotas, proliferem de acordo com a lei de Malthus. O que, afinal, não fica muito longe de quanto observado no filme Idiocracy (para quem escreve: uma autêntica obra prima).

Exageração? Sem dúvida. Mas pode ser que os dois autores tenham conseguido reter um pedaço da verdade?

Idosos e estúpidos

Voltando à questão da inteligência na nossa espécie, os investigadores desde 2004 notaram um declínio no QI (Quociente de Inteligência) médio, estimado em 7-10 pontos por cada século, como explica Michael Woodley, da Universidade de Bruxelas. Por quase um século, a média do QI nos Países ricos aumentou em cerca de três pontos a cada 10 anos, um efeito explicado pelos especialistas com as melhores condições socioeconómicas, uma dieta mais saudável e um nível cultural da maior população.

Para explicar o fenómeno, a equipa de Robin Morris do King’s College London examinou as características de mais de 1750 diferentes tipos de testes para medir o QI utilizados desde 1972. A hipótese final é que este declínio é real, mas está ligado ao envelhecimento progressivo da população.
Portanto: culpa dos velhotes.

E é surpreendente encontrar um estudo científico que faça estas afirmações: na prática, é o velho preconceito segundo o qual o idoso fica senil. Hoje estamos familiarizados com os efeitos do envelhecimento: o desbaste dos neurónios provoca um alongamento dos tempos de reação, mas nos idosos saudáveis ​​não há uma degradação significativa das habilidades cognitivas, excepto por uma certa perda de memória recente.

Existem doenças que prejudicam as habilidades cognitivas na velhice: a demência, a doença de Alzheimer, mas estas afectam uma parte limitada da população e é claro que pessoas idosas dementes não entram nos cálculos do QI médio, assim como não entram jovens dementes. A razão da perda de QI deve ser encontrada em outros factores: e o estilo de vida estupidificante que conduzimos não pode ser ignorado.

Para acabar, eis um mapa que mostra a distribuição do QI nos vários Países do Mundo (click para ampliar).

Notar a mancha verde chinesa e japonesa.
A seguir: amigos brasileiros, faço humildemente notar como a vossa presença baixe o QI médio do blog. Peçam aos chineses para vos substituírem, obrigado.

E, em breve, um novo artigo graças ao qual o blog será acusado de ser racista e também irá perder Leitores, porque “certas coisas não devem ser ditas”.
Paciência.

Ipse dixit.

Fontes: EreticaMente, Leggo