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David Rockefeller: antes tarde…

No mês passado abandonou-nos David Rockefeller.

Este grande homem, que tanto fez para si mesmo, morreu prematuramente com 101 anos de idade e lembrar agora de todos os sucessos por ele alcançados é tarefa inglória, pois de certeza que muitos ficariam fora duma eventual lista.

Mas vamos relembrar apenas alguns deles, como devido tributo a uma pessoa que pertencia a um restrito círculo de seres humanos: os que nunca deveriam ter nascidos.

O simpático David viu a luz em New York, no humilde prédio de oito andares propriedade do pai, John Davison Rockefeller Jr., por sua vez filho do fundador da Standard Oil, John Davison Rockefeller Sr.

Em 1936 conseguiu licenciar-se cum laude na Universidade de Harvard, depois frequentou a London School of Economics (onde conheceu John Fitzgerald Kennedy) e trabalhou uns tempos na local filial do banco Chase Manhattan. Mas era claro que o simpático David tinha outros objectivos na vida.

Em 1939, junto com os seus quatro irmãos (Nelson, John D. III, Laurance e Winthrop), financia um grupo ultra secreto de Estudos de Guerra & Paz junto ao Conselho de Relações Exteriores de New York, que era o mais influente think tank dos Estados Unidos, também já controlado pelos irmãos Rockefeller.

A ideia era simples: reunir especialistas de vários sectores para programar o fim da Segunda Guerra Mundial. Que nem tinha eclodido ainda. Mas o projecto era importante e merecia uns esforços: afinal na calha estava nada menos de que o Século Norteamericano.

Foram dispostas as peças: os irmãos Rockefeller doaram a terra, em Manhattan, onde foi erguido o
Quartel General da ONU (no processo lucraram bilhões por causa da valorização dos terrenos adjacentes, também de propriedade
dos irmãos, mas este foi sem dúvida um inesperado efeito colateral). A facção Rockefeller criou a Guerra Fria contra a
União Soviética, porque é sempre preciso um bom inimigo. Criou também a Nato, para que os Países da Europa Ocidental ficassem complacentes vassalos.

O petróleo

No meio disso, obviamente não podia ser ignorado o petróleo, que tanta felicidade já tinha proporcionado à família.

Henry Kissinger, conselheiro político de David Rockefeller desde 1954, esteve envolvido em todos os maiores projectos dos irmãos: foi ele que manipulou secretamente a diplomacia no Médio Oriente para justificar o embargo sobre o petróleo árabe em 1973.

Não deve admirar: a crise do petróleo, entre 1973 e 1974, foi orquestrada por uma organização secreta criada por David Rockefeller nos anos ’50, conhecida como Grupo Bilderberg. Em Maio de 1973, o simpático David e os presidentes das maiores companhias petrolíferas dos Estados Unidos e do reino Unido encontraram-se em Saltsjoebaden, na Suécia, no meeting anual do Grupo Bilderberg para planear a crise do petróleo. A culpa foi atirada por cima dos “gananciosos xeques petroleiros”. Dessa forma, o Dólar dos Estados Unidos, em queda abrupta, foi salvo e os bancos de Wall Street, entre os quais o Chase Manhattan de David Rockefeller, se tornaram os maiores do mundo.

Nos anos ’70, Kissinger assim resumiu a estratégia de David Rockefeller:

Se você controla o petróleo, controla nações inteiras; se você controla a comida, controla o povo; e se você controla o dinheiro, controla o mundo inteiro.

Ah, pois: onde está o dinheiro?

O dinheiro

Do site Information Clearing House:

David Rockefeller foi presidente do Chase Manhattan Bank, o banco de família. Também foi o responsável por nomear vice-presidente do Chase Paul Volcker, o presidente da Federal Reserve sob o governo Carter que implementou a terapia de choque da “taxa de juros Volcker” que, mais uma vez, salvou o Dólar em queda e os lucros de Wall Street, incluindo, claro, o Chase, às custas da economia mundial.

A “terapia de choque” das taxas de juros de Volcker, em Outubro de 1979, apoiada por Rockefeller, criou a terceira crise mundial da dívida nos anos ’80. Rockefeller e Wall Street usaram a crise dos débitos para forçar as privatizações estatais e a drástica desvalorização das moedas em Países como a Argentina, Brasil e México. Assim, Rockefeller e os seus amigos como George Soros, se apoderaram das joias da coroa desses Países a preço de saldo.

O modelo foi muito parecido com o usado pelos bancos ingleses contra o Império Otomano depois de 1881, quando eles tomaram de facto o controle das finanças do Sultão, através do controle de todas as receitas fiscais através da Dívida da Administração Pública dos otomanos. Rockefeller usou a crise da dívida de 1980 em proveito próprio para saquear os Países endividados da América Latina e da África, usando o FMI como a sua polícia financeira. Ele era amigo pessoal de alguns dos mais selvagens e sanguinários ditadores na América Latina, entre eles o General Jorge Videla na Argentina ou Pinochet no Chile, os quais conseguiram os seus empregos através de golpes arranjados pela CIA, ordenados pelo então Secretário de Estado Henry Kissinger, que estava por trás dos interesses da família Rockefeller na América Latina.

Através de organizações como a sua Comissão Trilateral, Rockefeller foi o principal arquitecto da destruição de várias economias nacionais e fez avançar a assim chamada Globalização, uma política que beneficia principalmente os grandes bancos de Wall Street, a City de Londres e um grupo selecto de corporação globais – os mesmos que são membros convidados da Comissão Trilateral. A Comissão Trilateral foi criada por Rockefeller em 1974. A seguir deu ao seu grande amigo Zbigniew Brzezinski o trabalho de escolher os membros nos Estados Unidos, Japão e Europa.

É verdade, dito assim o simpático David pode parecer até um pouco malandreco. Mas não podemos esquecer a outra face da moeda: David Rockefeller era um filantropo.

A filantropia 

David Rockefeller amava os homens. Talvez não todos, mas a maioria sim, Ou pelo menos alguns.

É por isso que em 1939 os Rockefeller já financiavam a pesquisa biológica no Instituto Kaiser Wilhelm em Berlim. Era a eugenia nazista, a tentativa de criar uma raça superior e a eliminação, com a esterilização, daqueles que são considerados “inferiores”. A eugenia nazista era financiada pelos Rockefeller, tal como pela Standard Oil, de propriedade da família, que violava alegremente as leis dos Estados Unidos e fornecia combustível aos aviões da Força Aérea Nazista durante a guerra.

Depois da Guerra, os irmãos Rockefeller trouxeram para o Ocidente alguns daqueles cientistas nazis, para que os estudos fossem continuados. Perguntem à Cia, perguntem donde saiu o Projecto MKUltra: foi a filantropia dos Rockefeller..

Nos anos ’50, os Rockefeller fundaram o Conselho Populacional para a eugenia avançada, disfarçada de pesquisa populacional e controle da natalidade. Nos anos ’70, eram responsáveis por um projecto secreto do governo dos EUA, dirigido por Kissinger, Assessor do Conselho Nacional de Segurança dos Rockefeller, intitulado NSSM-200: “Consequências do Crescimento da População Mundial para a Segurança dos Estados Unidos e os seus Interesses Além Mar”.

O projecto questionava o crescimento populacional em Países em desenvolvimento com matérias primas estratégica como petróleo ou minerais: o aumento da população era uma “ameaça para a segurança nacional” dos Estados Unidos, porque poderia fazer crescer a procura por essas matérias primas nos Países de origem. Ou seja: os Países nos quais ficavam os recursos poderiam ter tido o desejo de utilizar aqueles mesmos recursos. Francamente ridículo. O NSSM-200 fez dos programas de redução populacional uma condição essencial para receber a ajuda dos Estados Unidos.

Nos anos ’70, a Fundação Rockefeller também financiou em conjunto com a Organização Mundial de Saúde o desenvolvimento duma vacina especial contra o tétano que limitava o crescimento populacional ao tornar as mulheres incapazes de manter uma gestação.

Fundação Rockefeller significa Monsanto, uma parceria no âmbito da manipulação genética. Objectivo: modificar o ADN das plantes e utilizar o controle genético para poder gerir a cadeia alimentar de seres humanos e animais. Hoje, mais de 90% de todas as sementes de soja que crescem nos Estados Unidos são OGM, juntamente com mais de 80% de todo o milho e o algodão.

Vamos concluir com aquela que sem dúvida  é melhor foram para lembrar o simpático David: com as palavras dele.

A primeira é uma piada:

Eu acredito que o governo é o servo do povo e não o seu dono.

A segunda é uma confissão:

Alguns até acreditam que nós (família Rockefeller) fazemos parte de uma cabala secreta que trabalha contra os melhores interesses dos Estados Unidos, caracterizando a minha família e eu como “internacionalistas”, e que conspira com outras pessoas ao redor do mundo para construir uma estrutura global política e económica mais integrada. Um só mundo, se você quiser. Se essa é a acusação, eu declaro-me culpado, e estou orgulhoso disso

Titula a revista portuguesa Sábado:

David Rockefeller, um homem de bem com todos (1915-2017)

Não. Para boa sorte nem todos somos assim.

Ipse dixit.

(Agradecimento especial para a Sempre Muy Nobre Maria por ter sugerido o artigo!)

Fontes: Information Clearing House, Sabado