Navalny, o mártir

Alexey Navalny

Fala-se muito nestas horas da violência das autoridades da Rússia contra os pobres manifestantes das ruas.

Em particular, espanto por causa do tratamento reservado ao líder das manifestações, Alexey Navalny, promovido no campo qual mártir da democracia.

Tanto para repor as coisas na justa óptica, vamos lembrar quem é o simpático Navalny.

Formado na universidade norte-americana de Yale, foi escolhido qual membro do Greenberg Fellows Program World, um programa criado em 2002 para o qual são selecionados a cada ano em todo o mundo apenas 16 pessoas com características que podem fazer delas “líderes globais”.

Este líderes in pectore fazem parte duma rede de “líderes mundiais que comprometeram-se a tornar o mundo um lugar melhor”, composto atualmente por 291 bolsistas de 87 Países, em contacto uns com os outros e todos conectados com o Centros de Yale.

Navalny é também co-fundador do movimento Alternativa Democrática, um dos beneficiários do
National Endowment for Democracy (NED), poderosa fundação privada sem fins lucrativos dos EUA que, com fundos fornecidos pela Congresso dos EUA, financia abertamente ou às escondidas milhares de organizações não-governamentais em mais de 90 Países para “promover a democracia”.

Se procuram a origem da guerra na Ucrânia, olhem para a NED: foi esta que organizou a revolução colorida (a “Revolução de Maidan”) que derrubou o governo corrupto com o resultado que agora em Kiev há um um governo ainda mais corrupto, cujo carácter democrático é bem representado pelos neonazis que ocupam as posições-chave do País.

Moscovo 2017

As origens do simpático Navalny estão todas aí e não é um acaso que em 2011 ele tenha organizado a “Marcha Russa”, que Radio Free Europe descreveu como “um desfile unindo de grupos nacionalistas russos de todos os tipos”: na ocasião, Navalny apareceu como orador ao lado dos neonazis russos.

E mais: no caso da manifestação convocada por Navalny, Moscovo tinha concedido a autorização para que a manifestação fosse realizada em outras áreas da cidade, as mesmas zonas onde os eventos públicos ocorrem frequentemente. O simpático Navalny conduziu os seus partidários no centro da cidade, com o evidente intuito de provocar as autoridades e obter o inevitável acidente.

Também curioso é pensar que também no mundo ocidental e nas modernas democracias liberais, qualquer manifestação realizada em locais não autorizados é normalmente bloqueada pela polícia, exactamente como aconteceu nestes dias na Rússia.

Washington 2016

Em 11 de Abril de 2016, nos EUA, 400 pacíficos manifestantes que protestavam contra a corrupção
foram presos fora da Casa Branca com a mesma acusação: “manifestação ilegal”.

O presidente era Barack Obama, mas nenhum membro da comunidade internacional e nem as ONGs para os Direitos Humanos disseram algo. Nenhuma reação ou condenação relevante.

Vice-versa, em Moscovo um idêntico facto se torna um incidente diplomático internacional e mediático.

Muito curioso mesmo.

Ipse dixit.

Fontes: Reuters, Il Manifesto (via Come Don Chisciotte), Radio Free Europe, The New York Times

7 Replies to “Navalny, o mártir”

  1. É impressionante como nada muda em lugar nenhum!! Quando vi as primeiras notícias sobre o ocorrido na Rússia, já sabia do que se tratava: a eterna tentativa de desestabilizar um lugar mediante uma "revolução" comandada de longe. Pronto, e aí vem o Max com a cartografia do evento e seu protagonista de ponta, o que é ótimo porque só transforma minha hipótese intuitiva em fato histórico comprovado.

  2. O fado repete-se!
    Em 2014 em Hong kong com a revolução dos Guarda-chuvas houve uma tímida tentativa de desestabilização, agora na Rusia o mesmo cenário.
    Naturalmente que as autoridades russas sabem lidar com este tipo de situação.
    Todas as manifestações são instrumentalizadas e procuram sempre atingir um ou mais objectivos muito claros.
    Não existem manifestações espontâneas. Nem a manisfestação da Geração à rasca em Portugal o foi pois teve liders que organizaram o protesto.

    Krowler

    1. Na primeira manifestação da intitulada "Geração à Rasca" na Cidade do Porto, deve-se salientar o medo dos organizadores, completamente borrados, quando perderam o controlo dos milhares de cidadãos que aderiram em massa ao apelo, de forma espontânea, sem qualquer filiação ou dependência face a seitas religiosas, ou organizações/partidos políticos.

      O percurso da marcha que era para ser efectuado desde a Praça da Batalha, guinando à esquerda na Rua de Passos Manuel, foi desviada de forma natural pelos milhares de cidadãos no sentido da Rua de Santa Catarina, descendo descendo depois Sá da Bandeira em direcção aos Aliados; a Polícia de Segurança Publica (PSP) nesse dia, deu um exemplo de competência e sentido do dever, acompanhou com ponderação e consciência a gigantesca maré humana deixando-a seguir o seu curso, para pavor daqueles que tinham organizado o protesto e falavam nervosos com as autoridades policiais.

      Essa primeira marcha da tal "Geração à Rasca" foi uma reacção esporádica dos cidadãos que a ela se juntaram, pois responderam a um apelo novo, a uma convocatória para a luta nas ruas que não era normal, e muitos que lá estiveram pensaram que desta vez poderia ser diferente; foi a segunda maior marcha de protesto desde o primeiro 1º de Maio em 1974, na Invicta Cidade do Porto.

  3. O mentor da "fábrica" de líderes "democratas" chama-se Cecil Rodhes e sua Fundação, criada com o que essa figura sinistra explorou na África do Sul.

  4. Quem o Cecil Rhodes da Rhodesia vulgo Rodesia do Sul e Rodesia do Norte, da África do Sul ao Egipto. Mas o fundo de maneio não eram os célebres Rothschild.
    Estes financiaram a independência do Brasil o tio Cecil e suas aventuras africanas o canal do Suez etc…
    Está abaixo:
    https://en.m.wikipedia.org/wiki/Rothschild_family
    Mas não sabia que um "conquistador" britânico tinha think tanks actuais a funcionar pois alguns súbditos de sua majestade ainda sonham com o antigo Império, ainda pensam que a Índia(a jóia da coroa) ainda é deles. Gloriosos tempos que não tinham que dividir nada com os yankees.
    O Cecil:
    https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Cecil_Rhodes
    "Responsável pelo, talvez, maior Genocídio de negros africanos – história muito pouco divulgada (estima-se algo em torno de 60 milhões de africanos mortos)."

    E

    https://en.m.wikipedia.org/wiki/Round_Table_movement

    "Similar organisation:

    Lionel Curtis founded the Royal Institute of International Affairs in June 1920. A year later its sister organisation, the Council on Foreign Relations, was formed in America. One of the founders of the sister organisation was another member of the roundtable groups, Walter Lippmann.[7]"
    O CFR?
    https://en.m.wikipedia.org/wiki/Council_on_Foreign_Relations

    E pronto, o culpado é o Chaplin por me dar ideias "estranhas" e interrelacionadas que batem certo.
    Como não possuo o poder de ultra-sintese deu me para isto.:
    ps
    Mas é óbvio quando vi nas "notícias" que tinha que ter o dedo do costume.
    Mais uma vez o Putin tem razão, e para fazer isto é porque estão desesperados.
    Mas ele que se ponha a pau…a quantidade de diplomatas russos a morrer ultimamente diz algo assim como o assassinato do seu motorista(recado do simpático Obama).
    O mesmo se passou na China(bem abafado, mas passou)

    Isto ainda pode é acabar mal.

    Nuno

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