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Trump: não é revolução

No próximo dia 20 de Janeiro Donald Trump será formalmente nomeado Presidente dos Estados Unidos. A boa notícia é que Hillary Clinton desapareceu. Então, qual a má notícia?

Na verdade não há: o simpático Obama tenta deixar novos problemas como herança para o próximo inquilino da Casa Branca (não fossem suficientes os que já provocou até hoje), mas isso era esperado sendo ele o máximo representante do politically correct democrata.

E Trump? Será verdadeira revolução? A resposta pode ser só uma: não.
Donald Trump não é contra o sistema: Donald Trump é o sistema, portanto nada de ilusões. A sua vitória quebrou o arrepiante emaranhado entre Washingotn e a lobby que reúne boa parte das multinacionais; travou o projecto globalizador que com a Clinton teria ganho nova linfa. Não é pouco, aliás, já por isso merece ser agradecido: mas não podemos cultivar falsas esperanças, porque Trump nasceu e prosperou no sistema USA e não será ele a destrui-lo. 

As suas primeiras escolhas são bastante claras neste sentido. Trump nomeou como chefe do Conselho dos Assessores Económicos um jornalista, Larry Kudlow. Tanto para ter uma ideia, Kudlow escrevia em 2007, poucos meses antes da crise dos subprimes:

O debate
sobre a recessão acabou, não vai acontecer, é hora de seguir em
frente. […] O boom de Bush está vivo e em saúde. Está terminando o seu sexto
esplêndido ano com muitos mais anos pela frente.

Larry Kudlow

Não satisfeito, em Agosto de Maio de 2011 escrevia uma artigo nas páginas da CNBC com o título esclarecedor “Não há recessão” e no texto acrescentava:

Não acredito que estamos a entrar numa recessão.

Ok, ninguém é perfeito… mas admitir a evidência já não seria mal. Ah: Kudlow é de família judia, se é que interessa. Continuemos.

O novo Secretário do Tesouro será Steve Mnuchin, 17 anos de Goldman Sachs. Mnuchin é acusado de ter especulado sobre a crise financeira, adquirindo em 2009 por poucos cêntimos IndyMac, pequeno banco da Califórnia especializado em empréstimos hipotecários: tudo isso com graves perdas por parte dos pequenos investidores.

A intenção de Mnuchin é explícita: atirar para a sucata algumas das regras promulgadas após a crise de 2007-2008. Pelo que podemos esperar uma boa dose de desregulamentação (ou deregulation, como costumam dizer nos EUA). Ah, ia esquecendo: Mnuchin é judeu.

Gary Cohn

Em frente.
Top adviser (principal conselheiro) de Trump será Gary Cohn, ex-presidente e CEO de Goldman Sachs, nomeando director do Conselho Económico Nacional. Dizia dele Greg Smith, após ter abandonado o cargo na direcção do banco: 

Quando os livros de história serão reescritos mostrarão como Goldman deixou cair a cultura empresarial enquanto eles (Greg Smith e Lloyd Blankfein) seguravam as rédeas do grupo. Um declínio de espessura moral na empresa no longo prazo representa uma ameaça muito séria para a sua sobrevivência.

Portanto, nada de limpar a “lixo” no mundo da Finança: o lixo continuará a administrar a política financeira nos próximos anos também.

O que falta? Ah, sim: Cohn é judeu, olhem o acaso. Pelo que: boa parte das escolhas financeiras e económicas da Administração Trump ficarão nas mãos de judeus. Dito assim, só como curiosidade.

O resto da equipa escolhida por Trump apresenta nomes que de “revolucionário” têm pouco. Tal como o futuro Presidente, são indivíduos que, na maior parte, conseguiram o sucesso a partir do interior do sistema, não do exterior. É o caso de Wilbur Ross, o bilionário Secretário de Comércio; de Rex Tillerson, CEO da Exxon Mobil e próximo Secretário de Estado; do empreendedor Andrew Puzder, futuro Secretário do Trabalho.

Todavia há algo que tem de ser realçado: contrariamente ao que aconteceu com as recentes Administrações democratas, aqui não há ninguém ligado a think tank de renome, grupos de poder externos às instituições onde costuma ser feita política ao mais alto nível (e longe dos olhares dos eleitores); pensamos no Council of Foreing Relations, pensamos ao círculo de Zbigniew Brzezinski.

Aliás, neste aspecto é importante observar como toda a doutrina geopolítica seguida nas últimas décadas (a ocupação da Eurásia), com Trump fica para o lixo.

O que não é nada mal se pensarmos aos “sucessos” do simpático Obama: Líbia, Síria, Iraque, Yemen,
Somália são as guerras que o Prémio Nobel da Paz travou. E neste preciso momento está a enviar para as fronteiras russas 3.500 tanques e 5.000 forças especiais, isto é, esquadrões da morte, só para reiterar o seu “abandono das guerras”. Nem podemos esquecer as ingerências dos EUA nas Honduras, Paraguai, Brasil e Ucrânia.

Queremos falar de Putin déspota homofóbico, do napalm em Gaza contra o terrorismo, da União Europeia para a democracia e o bem-estar das massas, do Brexit catástrofe, da segurança NATO, do bom papa, do Dalai Lama divinas, da riqueza do TTIP, de Al-Qaeda, do Isis? A pouco servem Madonna e George Clooney, este é o muro de mentiras que a “Nova Esquerda” democrata construiu contra a realidade da verdade.

Com Trump não será revolução porque os EUA são sempre os EUA: um sistema que nasceu e prosperou seguindo a face mais escura e mórbida do liberalismo. Nada de revolução, mas um bom golpe de esponja já nem seria mal.

Tudo isso antes da Grande Depressão: os únicos dois Presidentes-empreendedores na história dos EUA foram Harding e Hoover, mesmo antes da queda e Wall Street. A História nunca se repete de forma idêntica: mas costuma rimar.

Ipse dixit.

Fontes: National Review, CNBC, The New York Times, The Economist, The Independent, Russian Today