A origem do Isis

Cada vez que houver um atentado, os diários ocidentais difundem logo a teoria do ataque islâmico, as vezes mesmo antes da polícia fazer qualquer declaração ou
bloquear um suspeito.

Foi o caso de Berlim, onde houve 12 mortos no
mercado de Natal; foi o mesmo em Nice, onde outro camião atirou-se na terrorista promenade matando 86 pessoas; é assim também no caso do mais recente ataque numa discoteca na Turquia.

Obviamente, se cair um avião russo no Mar Negro a causa é um erro do piloto. Mas este é outro discurso.

No dia 20 de Dezembro, o The Washington Post titula: “Ataque de caminhão pode ser parte da estratégia Isis para afiar divisão entre muçulmanos e outros“. Pelo que, nem tinham passado 24 horas do massacre e o diário Washington Post já identificava mandantes e estratégia. Apesar da falta de provas.


A “análise” do Washington Post não explica por qual razão o Isis deveria atingir um País que até agora desempenhou apenas um papel menor nas operações anti-Califado, nem a lógica que alegadamente deveria ficar por trás dum fosso ainda maior entre muçulmanos e Ocidente. Pensamos nisso: uma vez que o tal “fosso” ficasse bem profundo, quais as consequências? O que temos até agora, no Ocidente, é uma crescente desconfiança em relação aos muçulmanos, com o eleitorado que enverga por escolhas cada vez mais nacionalistas, que vota quem promete “fechar as fronteiras” (Trump nos EUA, Marie Le Pen em França, etc.). Pelo que: qual seria a vantagem para o ISIS? Resposta: nenhuma.

Mas na propagação do mito do Isis, o Washingon Post vai mais longe: no artigo sugere que o Isis estaria a tentar bloquear o fluxo de refugiados dos seus territórios de origem para Países, como a Alemanha, que têm uma política de portas abertas para recebê-los. Pena que estas “portas abertas” não existam: e é simples verificar isso após alguns meses passados em Italia, onde a falta de cooperação por parte dos outros Países da União Europeia para “absorver” as vagas dos imigrantes é um problemas bem tangível.

Na verdade, o Washington Post e os outros “especialistas” entrevistados evitam cuidadosamente observar e comentar o óbvio: o terrorismo é a grande arma do Capitalismo (ou melhor: aquela coisa na qual vivemos e que insistimos a definir como “Capitalismo”). Alvos dos ataques nunca são os centros do poderes, as sedes dos grandes bancos ou das corporações, os lugares da política ou da Finança; pelo contrário, são atingidos elementos dispensáveis como são os cidadãos comuns.

Depois temos a cansada retórica da narrativa oficial: no caso de Berlim, só para fazer um dos mais recentes exemplos, há o terrorista que milagrosamente foge de todas as câmaras de Berlim, consegue atravessar meia Alemanha, entra na França, muda de comboio, chega em Italia, Temos o documento regularmente encontrado pelas autoridades. E temos o tiroteio final no qual o terrorista morre (e é bom lembrar que os mortos não falam). Um filme já visto várias vezes.

Os documentos

E pensar que explicar o Isis seria simples, muito simples. Seria suficiente que o Washington Post e os outros diários publicassem um par de documentos; nada de entrevistas com os grandes “especialistas”, só um par de documentos.

O primeiro é um memorandum da DIA, a agência de inteligência da Defesa dos Estados Unidos, datado de 2012. Eis o texto:

Se a situação se desenvolve, há a possibilidade de estabelecer um declarado ou não declarado reino Salafista no leste da Síria (Hasaka e Der Zor), e isso é exatamente o que as potências que suportam a oposição [da Síria, ndt] querem com o fim de isolar o regime sírio, que é considerado o foco estratégico da expansão xiita (Iraque e Irão).

Quais são “as potências que suportam a oposição”? É o mesmo relatório que explica:

O Ocidente, os Países do Golfo e a Turquia apoiam a oposição, enquanto a Rússia, a China e o Irão apoiam o regime.

O segundo documento é de 2014. É um e-mail entre o Assessor do Presidente, John Podesta, e o ex-Secretário de Estado, Hillary Clinton. Eis o texto:

[…] Temos que usar os nossos meios diplomáticos e de inteligência tradicional para exercer pressão sobre os governos do Qatar e da Arábia Saudita, que estão a fornecer apoio financeiro e logístico ao Isis e aos outros grupos radicais sunitas da região de forma clandestina.

Estes dois documentos devem constituir a base de qualquer raciocínio sobre o “terrorismo islâmico”, tanto no Ocidente quanto em outras partes do Mundo. Depois podemos acrescentar mais pormenores, como a Turquia que recebia o petróleo do Isis, as viaturas do Estados Islâmico fornecidas pelo Departamento da Defesa dos EUA (as famosas Toyota) e mais ainda; mas a base está toda aí, no facto dos EUA terem apoiado, de forma directa e indirecta, a formação do Califado com o fim de abater o regime sírio.

O Isis é um útil “inimigo”criado pelo Ocidente a partir do zero para atingir os seus objectivos geopolíticos: e até quando Washington e os seus aliados considerarem o Califado conveniente, irão mantê-lo em vida, para ser usado tanto como uma força mercenária em guerras onde não há intervenção directa do Ocidente, quanto como um pretexto para uma intervenção militar directa do mesmo Ocidente. A estratégia da tensão deverá ser mantida, assim os ataques “islâmicos” como os de Bruxelas, de Paris, de Nice, de Berlim, da Turquia, continuarão a ocorrer.

Ipse dixit.

Fontes: The Washington Post, Judicial Watch (documento Pdf, inglês), Wikileaks

5 Replies to “A origem do Isis”

  1. A Al-Qaeda, o ISIS, e no futuro outros grupos terroristas instalados possivelmente em provincias da China ou em zonas da Russia, são os desordeiros da claque, e têm funções muito especificas neste tipo de conflito que agora se chama de guerra hibrida. Essas funções passam pela destabilização dos teatros de operações, encobrimento de Black-Ops, contribuir para a manipulação da opinião pública, operações de bandeira falsa, etc.
    De certa forma nada de novo, antigamente chamavam-se de forças revolucionárias ou contra-revolucionárias.
    Do ponto de vista militar são forças muito fracas pois não dispõem do poderio bélico de um exercito convencional, mas em situações de guerrilha podem fazer muitos estragos.
    São chamados de terroristas pois os pais não assumem a paternidade.

  2. Max, uma demonstração clara da manipulação midiática pode ser observada no julgamento de Slobodan Milosevic ("o carniceiro dos Bálcãs", " o novo Hitler"), que só terminou agora no segundo semestre de 2016. Penso que a história daria uma matéria muito interessante. Até agora tenho estado impressionado como a mídia ignorou o veredito. Parece que a eternidade o terá para sempre como carniceiro no que depender desta indústria da informação manipuladora.

    Expedito.

  3. A alta finança (capital global) pretende dividir/dissolver as Nações… terraplanar as Identidades… para assim melhor estabelecerem a Nova Ordem Mundial: uma nova ordem a seguir ao caos – uma ordem mercenária (um Neofeudalismo).
    {Obs: por todo o lado existem marionetas ao serviço da alta finança – capital global}
    .
    Actualmente a alta finança (fornecendo armas das suas fábricas de armamento) está a patrocinar os fundamentalistas islâmicos… que poderão ser usados para… terraplanar Identidades.

  4. Além do que já foi dito esta histórinha do ISIS alcança um objetivo, a meu ver importante,na verdade três:
    1.Difundir o medo que gera a impotência das populações;
    2.Gestar o ódio entre os grupos nas populações que vai determinar o isolamento de grupos e a guerra fratricida entre grupos de humanos do povo.
    3. Afastar qualquer possibilidade que seja na realidade os podres poderes dos bilionários privados e seus braços armados e "informativos" os responsáveis pela criação, manutenção e financiamento destas estratégias de fabricação de pânico e ódio.
    Simplesmente porque não há nada melhor para a dominação do que medo,ódio entre iguais, e consenso em torno das "não verdades"

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