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Do antissemitismo

O que é o antissemitismo? Perante este termo, logo pensamos a um indivíduo que odeia israel. E este
é um erro, derivado em parte da manipulação das palavras que costumamos utilizar e em parte da ignorância.

Wikipedia:

Antissemitismo é o preconceito ou hostilidade contra judeus baseada em ódio contra seu histórico étnico, cultural e/ou religioso. Na sua forma mais extrema, “atribui aos judeus uma posição excepcional entre todas as outras civilizações, difamando-os como um grupo inferior e negando que eles sejam parte da(s) nação(ões) em que residem”. A pessoa que defende este ponto de vista é chamada de “antissemita”.

Como muitas vezes acontece com a popular enciclopédia online: peguem no texto e atirem tranquilamente para o lixo. Porque tenta passar a ideia de que os semitas sejam os hebreus, o que é falso: são também os hebreus mas não só.

Sempre Wikipedia, página “Semita”:

O termo semita tem como principal designação o conjunto linguístico composto por uma família de vários povos, entre os quais se destacam os árabes e hebreus, que compartilham as mesmas origens culturais. A origem da palavra semita vem de uma expressão no Génesis e referia-se a linhagem de descendentes de Sem, filho de Noé. Modernamente, as línguas semíticas estão incluídas na família camito-semítica.

Historicamente, esses povos tiveram grande influência cultural, pois as três grandes religiões monoteístas do mundo -judaísmo, cristianismo e islamismo- possuem raízes semitas.

Devido a diversas migrações, não podemos falar de um grupo étnico homogéneo.

Portanto: dum lado Wikipedia afirma que ser antissemita significa ser anti-hebraico; do outro lado, afirma que os semitas são hebreus e árabes. Confuso, não é? Pois.Tentamos pôr um pouco de ordem:

Semita: que pertence a um grupo étnico que inclui vários indivíduos que vivem ou viveram no Médio
Oriente e no Norte da África. Do ponto de vista linguístico esses povos são derivados de uma única estirpe e, biblicamente, a partir do mesmo ancestral, o filho de Noé Sem.

Para ser ainda mais precisos, de acordo com a Génesis, Sem foi o pai dos Assírios, dos Caldeus, dos Sírios, dos Sabeus, dos Hebreus, dos Moabitas, dos Amonitas, dos Edomitas ocidentais, dos Ismaelitas reais, dos Midianitas, dos descendentes dos Laban e de todos dos quais tiveram origem algumas das 70 Nações descritas no Tanakh (o principal conjunto de livros sagrados judaicos).

Historicamente, sabemos como as línguas daqueles povos estão intimamente relacionadas entre elas e, de facto formam a família linguística semita. Mesmo os Cananeus e os Amorreus falavam uma língua pertencente a este grupo, apesar de ser descritos em Génesis como filhos de Cam.

Na Europa da Idade Média, no entanto, todos os povos asiáticos eram vistos como descendentes de Sem.

O termo “semita”, portanto, e tudo o que se segue (anti-semita por exemplo) deve ser inserido para um contexto racial (biológico) e não pode de foram nenhuma ser o sinónimo de “judeu” ou “hebraico”. Semitas são muitas nações: por exemplo, afirmar que os Palestinianos são anti-semitas significa afirmar que os Palestiniano odeiam-se. O que não faz muito sentido.

Hebreu: deriva de Abiru. Os Abiris viveram há 2000 anos entre os Cananeus, embora não
completamente assimilados a estes. Entre os Abiris, alguns mantiveram-se estáveis enquanto a maioria era nómada. Alguns dos descendentes de Abraão foram Abiris, tal como era o povo escravos no Egipto e depois libertados por Moisés.

O termo “hebreu” (ou “hebraico”), portanto, é para ser usado em referência a um povo específico, os descendentes imediatos de Abraão, Isaac e Jacob. Hebreu não indica necessariamente quem pertence a uma religião (há hebreus agnósticos ou ateus). Se um hebreu se converte a outra religião, não significa que ela deixa de ser hebreu. Um indivíduo torna-se hebreu, de acordo com o Alakah (lei religiosa), por nascimento ou por conversão religiosa ao judaísmo. As crianças nascidas de casamentos mistos são hebraicas se a mãe é hebraica; se apenas o pai for hebreu, então e preciso seguir o Ghiurim (curso de estudo) e passar um exame perante duma comissão rabínica. Esta modalidade de ser ou não ser hebreu com um exame perante as autoridades religiosas é fortemente contestada dentro do próprio hebraísmo pelos de hebreus seculares, os que não seguem o judaísmo.

Ser hebreu não indica pertencer a uma raça, não indica pertencer a uma religião, não indica ser membro dum Estado (um hebreu pode ser russo, americano, etc …). Ser hebreu significa pertencer a um povo específico, compartilhar a cultura, a tradição (dos quais, sem dúvida, a religião é uma componente fundamental), reconhecer-se na sua história e compartilhar o seu destino. O ódio anti-hebraico é dirigido especificamente contra os hebreus e não genericamente para os povos semitas, independentemente da religião professada.

Judeu: deriva de Judá, fundador de uma das doze tribos de israel. O judaismo é uma religião,
definida como “religião, filosofia e modo de vida” do povo judeu (mas não de todos os hebreus). Originário da Torá e da Bíblia Hebraica, explorado em textos posteriores como o Talmud, é considerado pelos judeus como a expressão do relacionamento e da aliança desenvolvida entre Deus com os Filhos de Israel.

O termo “judeu” é hoje utilizado principalmente em referência à religião (judaísmo) e a sobreposição do termo “hebreu” não é correcta porque, como vimos, há hebreus que não seguem o judaismo. O anti-judaísmo é a adversão à fé judaica, ao judeu enquanto tal e, portanto, não é motivado do ponto de vista racial mas sim religioso.

Israel: de israel, o nome do Estado hebraico. Além do uso relacionado com a história do povo hebraico e do Estado de israel, no qual caso os termos são equivalente, israel agora envolve a questão da nacionalidade (os israelitas). Mas israel não é sinonimo de hebreu, pois há de facto árabes, palestinianos e europeus também nascidos em israel sem ser cidadãos hebraicos ou sem pertencer à religião judaica. “Anti-israelitismo” é um termo que não existe e nem faria muito sentido.

Sionista: vem de Sião, a colina sobre a qual
foi construído o núcleo original de Jerusalém. Sionista é aquele que
adere e promove o movimento sionista que surgiu no final do século XIX
entre os hebreus que viviam na Europa; o objectivo deles era a afirmação do direito à autodeterminação do povo hebraico
através do estabelecimento de um Estado hebraico. O sionismo é parte mais ampla do nacionalismo hebraico moderno; o fenómeno também está ligado à expectativa da era messiânica da qual para muitos representa o começo.

O termo
“sionismo” é hoje erroneamente usado qual principal referência das
políticas do Estado de israel, mas, apesar do sionismo ser basicamente um
movimento político e apesar da política de israel não poder ser separada
do sionismo, a sobreposição dos termos é tecnicamente incorreta: a prova é que este
“sionismo” (ou melhor, o que é hoje em dia é considerado como tal) é o resultado duma “política de governo”
religiosa e ortodoxa que tem sempre, por sua vez, criticado o
movimento sionista original enquanto força secular e não-religiosa. O sionismo actual (o seguido pelo Estado de israel) é o fruto da fusão entre os valores originais do sionismo com o fanatismo religioso.

Resumo:

Tanto para esclarecer (espero duma vez por todas): este blog não é antissemita, não é anti-hebraico, não é anti-judeu, não é anti-israelita. Pelo contrário, é anti-sionista.

Ipse dixit.