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Varoufakis, o anti-capitalista em business class

Só como curiosidade.
Após ter sido demitido do papel de Ministro da Economia na Grécia, Yanis Varoufakis começou um verdadeiro tour dentro e fora da Europa. Congressos, artigos, conferências, entrevistas… Varoufakis explica a crise e como resolve-la.

O que até seria bom, não fosse por um pormenor: o dinheiro que ele recebe.

60 mil dólares no caso de conferências fora da Europa.
5.000 Dólares para um discurso na Europa.
1.500 Dólares para uma lição universitária.
Nada mal.

No passado dia 17 de Setembro, Varoufakis transitou na televisão italiana: 24 mil Euros. Considerando que a aparição durou 22 minutos, fazem mais de 1.000 Euros por cada minuto. E temos que acrescentar alguns extras: viagem em business class, alojamento, transferências de e para o aeroporto, comida.
Nada mal mesmo.

Varoufakis é assistido pela multinacional da comunicação London Speaker Bureau, chefiada pelo ex-Ministro dos Negócios Estrangeiros da Alemanha, Joschka Fischer, na qual encontramos também o Nobel da Paz Muhammad Yunus, o ex-secretário da NATO George Robertson, o ex-Presidente da Comissão Europeia Durão Barroso, Roger Fisk (o director das campanhas presidenciais de Obama), o outro Nobel da Paz Lech Walesa, outro ex-Presidente da Comissão Europeia, Romano Prodi, e muita outra gente simpática.

Podemos pensar: “Bom, se encontra pessoas dispostas a paga-lo…”.
Sim, verdade. Mas é um pouco esquisito ver um dos paladinos anti-capitalistas totalmente absorvido pela lógica do dinheiro. Ou talvez não, talvez seja perfeitamente normal. Talvez sejamos nós que temos de acordar. Os tempos em que os “heróis” dos povos frequentavam as praças acabou: agora é altura de business class e retribuições tipo rock star.

Escreveu Costantino Lazzari, figura histórica do primeiro Socialismo italiano, colega de Filippo Turati e Anna Kuliscioff (primeira década de 1900): 

Em breve atingirei setenta anos de vida. Cheguei no último período da vida pobre e proletário tal como nasci, sem possuir mais riqueza do que a consciência limpa e a fé no futuro do Socialismo (…). Como consegui essa fé em mim e como comprei essa tranquilidade de consciência? Não é possível responder a estas perguntas sem ter conhecimento do ambiente social em que cresci e cujo caráter teve certamente uma fundamental influência em determinar em mim o pleno entendimento das modernas doutrinas igualitárias.

E foi mesmo assim: Lazzari morreu pobre, após ter sido o sétimo secretário do Partido Socialista Italiano e ter dedicado toda a vida a um valor.
Na óptica de hoje: um autêntico idiota.

Ipse dixit.

Fontes: The Telegraph