Eleições em Portugal

Em breve haverá eleições em Portugal.
Não esperem encontrar programas, notícias ou alguma coisa relacionada ao assunto neste blog: a vida é demasiado curta para gastar tempo nestas cosias.

Não é um implícito convite para a abstenção: cada um está livre de escolher segundo a sua própria consciência, como é óbvio.

Há quem diga que abster-se significa perder o direito de criticar a seguir. Esta é uma idiotice. Ao tomar um autocarro pagamos o bilhete e não escolhemos o condutor. Mas se este guiar como um cão (com todo o respeito para os cães), temos todo o direito de nos queixar. Porque pagamos o bilhete, sempre.

Há quem diga que votar significa apoiar, duma forma ou de outra, o regime. Pode ser. É verdade também que se as eleições contassem para algo, já teriam sido eliminadas.

Por fim, há quem diga que a melhor coisa é ir às urnas mas votar em branco. Estou mesmo a ver a classe política assustada pelo número dos votos em branco. Imagino os pesadelos, coitados.

Seja como for, façam as vossas escolhas e decidam. Eu não voto. Não por escolha mas simplesmente porque não sou português. Mas não é por causa disso que decidi não dedicar espaço às eleições: faria o mesmo se pudesse votar. Nada de campanha eleitoral aqui porque, qualquer seja/m o/s partido/s vencedor/es (e a escolha é limitadíssima: na pratica só duas opções), o caminho está traçado. Portugal assinou os tratados da União Europeia e se a intenção for permanecer na Zona Euro (e os dois únicos partidos que podem ganhar não têm dúvidas acerca disso), não há muitas escolhas que possam ser feitas.

Sem escolhas

Do meu ponto de vista, Portugal está feito o bife. Lamento, mas esta é a realidade.

O governo que ainda está no cargo (coligação de Centro-Direito PSD-CDS) vendeu (com preços de saldo) todo o património que era do Estados, isso é: dos cidadãos. Criou mais 200 mil desempregados. Arrasou a capacidade produtiva. Aumentou a Dívida Pública para níveis nunca alcançados antes. Diminuiu o nível de vida dos cidadãos. Reduziu a qualidade e o número dos serviços oferecidos. Fez que o PIB recuasse de 15 anos, no mínimo. Empenhou esta e as próximas gerações com uma Dívida que nunca poderá ser paga mas que, com o mecanismo dos juros compostos, constituirá uma assinalável e eterna despesa.

Um óptimo resultado, sem dúvida. Normal, portanto, que nas sondagens esteja empatado com o maior partido da oposição, o Partido Socialista.

Este, doutro lado, avança com promessas que, em muitos casos, não poderá manter. Porque os
tratados estão assinados, os números são aqueles e a palavra de ordem que chega da Alemanha continua a ser austeridade. Tal como os partidos que têm origem na Esquerda, o PS encontra-se em crise pela simples razão que não pode apoiar o seu programa e o futuro do País no Estado, reduzido aos níveis mínimos seguindo as disposições de Bruxelas (que depois são as disposições da Merkel).

O resultado é uma campanha muito morna, na qual parece que a tentativa seja dum lado recuperar os pontos perdidos (governo), do outro não ganhar “demais”. Posso muito bem estar errado, mas acho que a razão pode ser encontrada nas palavras proferidas recentemente pelo catatónico Presidente da República, que quer uma maioria “forte” além de qualquer dúvida. Agora, esta maioria pode sair apenas dum entendimento entre parte do actual governo (PSD) e o maior partido da oposição (PS). Um bloco central, capaz, em caso de necessidade, de atrair os votos de partidos menores também (CDS, actualmente no governo).

Um bloco central que teria à disposição os dois terços dos votos parlamentares, suficiente para alterar a Constituição. Para quê?
Governo:

Afirmamos a nossa disponibilidade para que a Constituição da República Portuguesa contenha e consagre um limite à expansão da dívida pública […], um limite constitucional faz todo o sentido.

Por enquanto o PS não concorda, mas não esquecemos: estamos ainda em campanha eleitoral, as palavras desta semanas duram quanto as folhas no Outono.
Mais simples a previsão no caso dum não entendimento entre os dois principais partidos de Portugal (PS e PSD). Qualquer um dos dois próximos governos será gerido por burocratas, não políticos. Qual a diferença? O político têm uma visão de longo prazo, o burocrata recebe ordem (dos bancos, das corporações, etc.) e tem uma visão que não ultrapassa uma legislatura.
Não-políticos ao poder
Pena porque, como a firmado, Portugal precisaria desesperadamente dum político. Melhor ainda: dum rumo que tenha como base um verdadeiro projecto político.
Sem uma produção digna deste nome, inserido num mercado internacional onde não pode contar com uma moeda competitiva (o Euro é demasiado forte), com um Estado incapaz de grandes investimentos, com uma população que envelhece, pode contar apenas com o turismo, algumas (não muitas) exportações e a esmola do Banco Central Europeu. Dito de outra forma: o País depende só dos outros, pois nos últimos quatro anos perdeu também aquela mínima autonomia que ainda lhe sobrava.
Nem o líder do PSD (o famigerado Pedro Passos Coelho) nem aquele do PS (o morno António Costa) são políticos. Portanto, o futuro não será lá grande coisa.
A não ser que os eleitores optem para uma escolha finalmente diferente: um partido com ideias fora do baralho, algo que possa ser definido “política”. Existe? É o Leitor que tem de procurar e, eventualmente, descobri-lo.

Todavia, nada de ilusões: vivo há demasiado tempo neste País para ainda esperar que a maioria dos Portugueses consiga erguer a cabeça e encontrar esta coragem toda. Esperar para um Syriza (aquele do início!) ou um Movimento 5 Stelle neste cantinho à beira mar plantado é autêntica quimera.

Nota final: utilizei a expressão “guiar como um cão”. Erro meu:

Ipse dixit.

16 Replies to “Eleições em Portugal”

  1. A VIDA PRIVADA DE UM PANELEIRO ( PAULO PORTAS )

    VOU CONTAR-LHES UM FACTO REAL QUE ACONTECEU EM 1995 AO SR. PAULO PORTAS ( ENTÃO EDITOR DO SEMANÁRIO “ O INDEPENDENTE ).

    NUMA MADRUGADA DO ANO DE 1995, NA AVENIDA DE CEUTA – LISBOA, UMA PATRULHA DA PSP PARA AO LADO DE UM CARRO, E DETEM EM FLAGRANTE DOIS HOMENS EM ACTO SEXUAL.
    ATÉ AI NADA DEMAIS !!! NESTA ZONA A PROSTITUIÇÃO MASCULINA É COMUM.

    MAS PARA GRANDE SURPRESA DOS AGENTES DA PSP, ENCONTRAM UMA PERSONALIDADE PÚBLICA ( O SR. PAULO PORTAS ), QUE É DETIDA DE IMEDIATO E LEVADA PARA A ESQUADRA DE BENFICA.

    SEM SABEREM O QUE FAZER COM ESTE SR., CHAMAM O MINISTRO DA ADMINISTRAÇÃO INTERNA DE ENTÃO, O SR. DIAS LOUREIRO.

    NESTA ALTURA, 1995, O JORNAL “ O INDEPENDENTE “ ATACAVA SISTEMATICAMENTE O GOVERNO DE CAVACO SILVA.

    COM CONHECIMENTO DE CAVACO, DIAS LOUREIRO FAZ CHANTAGEM COM PAULO PORTAS, E AMEAÇA TORNAR PÚBLICO O ESCANDALO SE O JORNAL O INDEPENDENTE NÃO MUDAR SUA LINHA EDITORIAL E DEIXAR DE ATACAR O GOVERNO DE CAVACO SILVA.

    COMO ISSO ACONTECEU, NÃO SE TORNOU PÚBLICA ESTA HISTÓRIA.

    ESTES FACTOS SÃO APENAS CONHECIDOS POR 9 PESSOAS :

    – OS DOIS AGENTES QUE DETIVERAM PORTAS.
    – DIAS LOUREIRO.
    – CAVACO SILVA
    – O CHEFE DA ESQUADRA DA PSP
    – EU, E MAIS TRES PESSOAS QUE NÃO IDENTIFICAREI.

    TENHO PERFEITA NOÇÃO QUE A DIVULGAÇÃO DESTE FACTO EM NADA IRÁ ALTERAR A SITUAÇÃO DO PAÍS, MAS DA-ME IMENSO GOZO CHATEAR ESTE PANELEIRO MARICAS, E MAMADOR DE CARALHOS DO PAULO PORTAS.

    ASSINA: RAMIRO LOPES ANDRADE

    OBS: em 1995, permaneci um mês na obra da empresa que executava a Super Esquadra de Benfica, onde conheci o Sub-chefe da Esquadra, que nos contou este facto acima descrito, eu presenciei a conversa, e nos mijamos a rir, bem regados a uisque da melhor qualidade.

    FOTO DE PAULO PORTAS, A DESFILAR NA BOATE GAY TRUMP / LISBOA , EM 1986 ( ALCUNHA DE CATERINE DENEUVE )

    1. E pa… ja tinha ouvido esta historia.
      A fotografia nao apareceu, podes por o link? Queria mesmo guardar essa foto 🙂

      Deixo este video para a troca

  2. Sempre votei nulo para ser coerente com minha posição não concordante com democracias representativas. Por entender que a representatividade é para o poder que melhor paga, e os votantes apenas servem como massa de manobra para legitimar os interesses de minorias poderosas. Mas entro em conflito comigo mesma, quando no caso do Brasil hoje, me pergunto se não estaria contribuindo para uma situação estupidamente pior neste país, agindo de acordo com minhas convicções.O teu caso em Portugal (se votasses aí) me parece um pouco menos conflitante. Pelo que descreves, e também pelo pouco que sei não há ninguém por aí disposto a ser um Tsipras (do início), um Putin, uma Dilma, uma Cristina, um Mujica, um Evo, um Rafael Correa. É uma lástima…mas parece que nada.

  3. Quanto mais medito sobre a democracia em Portugal, mais me parece uma piada de muito mau gosto. E fico por aqui, para não cair na critica vazia…

    Maria, por aqui, o mais parecido que temos é o Garcia Pereira…

    Phi

  4. Concordo com o Phi, o Garcia Pereira será talvez o politico mais interessante neste deserto ideológico.
    A votar, votaria nele. Sucede que não voto, pois, além de não servir para nada, só ajuda a legitimar este sistema.

    Krowler

  5. Abstenção ou votar em branco de nada serve pois elegem todos os deputados e o governo na mesma.
    Votar num partido que nao consiga assento parlamentar (que eleja deputados) tambem nao serve de nada.
    Nestas eleições vou votar em quem mais os chateia e lhes da dores de cabeça. Sim vou votar no PCP , se sao tao diabolizados pela seitas ora rosa ora laranja com a azul amarelada pelo meio que trouxeram o pais ao estado em que esta é porque devem ser mesmo bons os do PCP.
    Palhaçadas como as do syriza dispenso por isso deixei o Bloco de Esquerda de parte. Mas tambem e uma opcao

    1. Aqui a única coisa que vejo menos menos mau é o Sr. que mencionam em cima. Sem sombra de dúvida. Sendo pragmático ou o PCP ou o BE, como voto no círculo de Castelo Branco o que faço!? Já votei nos dois acima e não dá aqui, mas mal por mal quero que o coelho vá pentear mação logo (tosse, engole um sapo) inúteis por inúteis desta vez: **
      Nuno

  6. Marinho e Pinto é o mais perigoso para o sistema … Um voto no PDR é talvez o que os corruptos mais temem …

    1. O mais perigoso… creio que não. Que o temem… tambem nao me parece. Que e espalhafatoso, poe a boca no trombone e os irrita … isso sim. Mas apartir do momento que se tornasse realmente incomodo depressa o arrumavam pelo simples facto que nao pertence a nenhuma teia de influencias ou a um partido com algum peso e de forte doutrina interna que lhe possa dar sustentacao quando for atacado. Ca na terrinha imperam os brandos costumes e quem levanta muitas ondas aos compadres ca da terra depressa e arrumado. Vide o que aconteceu ao Vale e Azevedo um artista de 1a apanha que quando comecou a levantar muitas ondas no sistema foi valentemente entalado, ou o Joe Berardo tambem.

    2. A comunicação social está a queimar o Marinho, a mando da gentalha do arco. Isto para não ir mais além. O objectivo é não permitirem sequer que ele se sente na AR, só isso levanta demasiados embaraços. Vou entregar-lhe o meu voto, mas temo que seja em vão.

Obrigado por participar na discussão!

This site uses User Verification plugin to reduce spam. See how your comment data is processed.

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.

%d bloggers like this: