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OGM: a mosca da oliveira

A empresa britânica Oxitec está a planear o lançamento no ambiente de cinco mil exemplares por semana de moscas da oliveira (Bactrocera oleae) geneticamente modificadas: o lançamento terá lugar em Espanha, especificamente na Catalunha, perto de Tarragona.

Se é que este dado tem importância, pois é difícil convencer um insecto a ficar numa determinada região e não espalhar-se.

Estas moscas são geneticamente manipuladas para que os descendentes fêmeas morram logo após terem brotados as larvas nas azeitonas, enquanto a sucessiva geração de machos está programada para sobreviver. O experimento vai durar um ano e vai ocupar uma área de mil metros quadrados, com o objectivo declarado de reduzir a população das moscas.

Agora, eu não tenho simpatia nenhuma para as moscas, seja na versão “standard”, seja na versão da oliveira. Todavia, se a Natureza permitiu que estes bichos aparecessem e proliferassem é porque deve existir alguma razão. Nomeadamente: as moscas da oliveira desenvolvem uma função. Qual não sei, mas algo fazem. E se calhar é algo importante.

Por exemplo: bem podem ser a comida dos seus predadores naturais (as aves toutinegras-de-cabeça-preta, chapins reais, chapins azuis, carriças, melros, papa-figos, estorninhos pretos, tordeias, ferreirinhos, abelharucos: no geral os os carabídeos e os formicídeos; o parasita Opius concolor). E, por sua vez, podem ser predadores de outras espécies (como os afídios, que são também parasitas das plantas).

É verdade que a mosca da oliveira é uma praga, a maior durante o processo de cultivo das azeitonas. Todavia existem outras formas de luta, sem dúvida mais seguras de que a manipulação genética.
Nomeadamente, a técnica de luta integrada que utiliza:

Não será uma solução 100% natural, mas é sempre melhor do que lançar no ambiente um animal geneticamente modificado. Porque a mosca é malcriada: não respeita os confins. Uma vez lançada no ambiente, pode decidir espreitar além dos 1.000 metros quadrados previstos. Se calhar vai gostar da ideia e começa a visitar as oliveiras da França, de Portugal, da Italia… exagerado? Antigamente, a mosca da oliveira não existia na Califórnia: depois, a partir da década de ’90, chegou aí também e não se sabe como, sendo que hoje ocupa toda a região neoártica onde a azeitona é cultivada (Estados Unidos, México).

Alguns Países pediram para que a experiência seja travada: não conhecemos ao certo quais as consequências no médio e longo prazo.
Christoph Depois de Testbiotech:

A biodiversidade vai ser severamente afetada com todas as consequências sobre o ecossistema, o meio ambiente e a cadeia alimentar. As moscas da Oxitec são modificadas com ADN sintético que é uma combinação de organismos marinhos, bactérias, vírus e outros insectos. Ninguém pode prever todas as consequências de tal loucura.

Margarida Silva, da Zona Livre de OGM:

Não podemos tolerar tais experimentos. O planeta inteiro já está sob estresse, mais danos irreparáveis são inaceitáveis. Quais consumidores podem estar interessados ​​em comprar azeite feito a partir de azeitonas no cujo interior morreram larvas de moscas OGM?

Nem é claro quando a experiência terá início. Nestes casos, as informações raramente são transparentes, pelo que não sabemos se o experimento já foi autorizado pelas autoridades nacionais e, no caso, quando a libertação acontecerá: pode ser nestes dias, nas próximas semanas ou até pode ter já tenha ocorrido.

As organizações que entretanto estão a mobilizar-se são:

  • Amigos de la Tierra (Espanha)
  • Agrobio
    (Portugal)
  • BiotechWatch (Grécia)
  • Criigen (França)
  • Federation
    Nationale d’ Agriculture Biologique (França)
  • Ecologistas en
    Acción (Espanha)
  • Generations Futures (França)
  • Greenpeace (Espanha)
  • IFOAM (Bélgica)
  • OGM Dangers (França)
  • Plataforma Andalucía Libre de
    Transgénicos (Espanha)
  • Portuguese Plataforma Transgénicos Fora
    (Portugal)
  • Red de Semillas (Espanha)
  • Rete Semi Rurali (Italia)
  • Sciences Citoyennes (França)
  • Sociedad Española para la Agricultura
    Ecológica
  • SEAE (Espanha)
  • Testbiotech (Alemanha)

Ipse dixit.