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S. Brian Willson, activista

E quanto mais escrevermos, quanto mais lermos, quanto mais partilharmos, quanto mais carregarmos nas teclas do Smartphone, no Facebook, no WhatsApp, tanto mais outros festejam.

Cash flows, receita líquida, preços das ações, price earning ratio de Apple, Samsung, Zuckerberg, IBM e companhia sobem. Os ganhos deles são directamente proporcionais às tempestades do activismo de teclado. Tempestades criadas por quem escreve em blogues, como este.

Então, só para ajudar as corporações citadas e os relativos bancos, eis uma extraordinária história de activismo que não enriqueceu ninguém, nem um like mereceu, nada.

1987.
O que acontecia naquela época? Uhi, tantas coisas. No dia 1 de Janeiro, por exemplo, a capital do Nunavut mudou o seu nome de Frobisher Bay para Iqaluit. Como esquecer isso?

Entretanto, na Nicaragua era o inferno. Os Contras, financiados pelo Presidente dos Estados Unidos, Ronald Reagan, torturavam e massacravam os camponeses, os sindicalistas, os professores.

Reagan na Nicarágua usou a mão pesada, puro horror. As armas de Washington partiam nos comboios da base de Concord Naval Weapons Station, na Califórnia, primeira etapa antes de ser lançadas dos aviões para as bases dos Contras.

Um fulano, um qualquer, podemos chama-lo activista, de nome S. Brian Willson, era um ex-capitão da Força Aérea dos Estados e tinha combatido no Vietname. Tinha aprendido os horrores da guerra, tinha entendido. Assim, no dia 01 de Setembro de 1987 decidiu parar aquele comboio da morte: deitou-se nos trilhos onde deveriam ter passado as armas saída da base de Concord, com em volta outros activistas bem visíveis, “armados” de cartazes e bandeiras.

O comboio chegou, viu Brian e Brian viu o comboio. Nenhum dos dois recuou. Brian perdeu as pernas, ficou com 19 fracturas e o crânio partido. A ambulância da base
militar recusou socorre-lo. No entanto, Brian sobreviveu.

Ele queria parar os massacres dos camponeses na Nicarágua, as torturas das crianças na frente dos pais presos, os assassinatos dos professores e dos sindicalistas, o Holocausto da Nicarágua de quem ninguém já fala porque a única culpa daquele País era aquela de recusar a dobrar-se perante as condições impostas pelos Estados Unidos.

Queiram não aceitar o Washington Consesus como simples escravos. Em teoria não era um pedido do outro mundo. Em teoria.

Brian queria fazer a parte dele, tornando-se activista. Sem teclas, sem Facebook, mas com os factos. Por isso hoje é amplamente lembrado por todos. Quem não conhece a história de S. Brian Willson?

Brian continua a trabalhar, a ser pacifista e activista, até tornou-se jurista, sempre contra as injustiças do Império.
Diz:

Eu estava alistado no Vietnam. Mas não, já não sigo mais as ordens. Descobri que seguir as ordens não é para mim.

Exacto, tal como nós.
Só que há uma levíssima diferença entre Brian e nós, todos nós, não acham?

Ipse dixit.

Fontes: Paolo Barnard, S. Brian Willson