Porque estamos aqui?

Pergunta o Leitor Anónimo:

Mas aqui surge outro problema, será que a verdade que tomamos como “verdade” é a verdadeira verdade?

Por
vezes sinto que aceito (aceitamos) como verdade apenas porque essa
“verdade” contraria a verdade de pessoas, governos, instituições que não
gostamos ou que sabemos que são “maus”, portanto tudo de bom que seja
dito sobre estes “maus” só pode ser mentira. Depois há a informação.
Vivemos num tempo em que a informação é tanta e tão rápida que se forma
uma mixórdia de informação de prós e contras, que quase se torna
impossível separar a verdade da mentira, acabamos por ficar confusos,
nem sequer sabemos que verdade procuramos.

É uma boa pergunta, sem dúvida. Aliás, é óptima. É algo que chama em causa as razões pelas quais estamos aqui, todos nós. E lamento desde já: a resposta é comprida.
A resposta e a chave

A resposta? Não, não é a verdade verdadeira. Ou melhor: não podemos ter a certeza. Ninguém pode erguer-se e proclamar “eu conheço a verdade”. Em muitos casos, o que há são teorias, conjecturas, opiniões, palpites.

Mais: se todas as teorias alternativas que circulam na internet fossem verdadeiras, o mundo acabaria nos próximos 30 segundos. Talvez menos.

Todavia, podemos tentar algo: fazer um pouco de limpeza (isso é, tentar encontrar uma/s teoria/s que pareçam ser mais viáveis, esquecendo as delirantes) e procurar uma chave de leitura, algo que possa dar um sentido ao que vemos. Se a chave funcionar (quando aplicada em várias ocasiões), então há boas probabilidades de que seja válida. Provavelmente não válida em absoluto, mas para explicar algumas coisas sim.

Eu escolhi uma chave de leitura que nos últimos tempos pus parcialmente de lado mas que os Leitores mais antigos de certeza se lembram: o dinheiro. Pus de lado porque acho que quase tudo (“quase”, não “tudo”) o que interessava tinha sido explorado, desde as bases da economia até os interesses das grandes empresas e famílias. Os primeiros 2 ou 3 anos do blog foram dedicados a esta “chave”.

O que descobri? Descobri que seguir o dinheiro é uma óptima sugestão para encontrar as razões daquilo que acontece. Mais uma vez: não de tudo, mas de muito sim.

Um par de exemplos

Pegamos num exemplo: a intervenção dos EUA no Iraque.

Não havia armas de destruição maciça, não havia armas biológicas, não havia campos de treino de Al Qaeda ou outras ligações com o terrorismo. Nada daquilo que tinha sido contado era verdade.

Mas os americanos, com o carimbo da ONU, foram lá, fizeram estragos enormes, provocaram a morte de 2 milhões de pessoas (a maior parte civis). E ficaram com os poços de petróleo.

Ao seguir o dinheiro, conseguimos perceber as falsas ligações 9/11 = Iraque, conseguimos explicar a maciça campanha mediática na pré-intervenção, conseguimos explicar como e porque as empresas petrolíferas ocidentais foram as únicas que ganharam com aquele conflito.

Um exemplo mais recente: o Afeganistão.
Publiquei vários diagramas que mostram o cultivo do ópio antes e depois da ocupação americana. Mais uma vez: a desculpa tinha sido Al Qaeda, as ligações com os talibãns. Falava-se de montanhas escavadas, enormes grutas nas quais os terroristas preparavam ataques mortíferos contra o Ocidente (no Youtube ainda pode ser encontrado Dick Cheney que ilustra uma destas fortalezas).


Não era verdade. Não existiam montanhas com grutas do Mal, Bin Laden (ex agente da CIA: como é que tão poucos gostam de lembrar disso?) foi alegadamente morto no Paquistão e os talibãns são alguns desgraçados que lutam com camelos e kalashnikov (e mesmo assim fizeram a vida negra ao exército high-tech dos EUA).

Os EUA agora afirmam “missão cumprida”, mas o que sobrou da guerra no Afeganistão? Um País devastado por uma década de combate, cidades nas mãos do Ocidente, as outras zonas nem por isso, e tanto, tanto ópio, até que antes da intervenção da NATO o Afeganistão nunca tinha produzido tanta heroína.


Sabem que mais? Eu achava esta ligação NATO = ópio um disparate.
Nunca tinha ouvido falar do assunto, simplesmente não sabia e quando ouvi da primeira vez não acreditei. Pensava fosse um exagero, algo inventado para desacreditar o Ocidente, o exército dos EUA em particular. Estava convencido de que os EUA tivessem ocupado o Afeganistão por motivos geopolíticos (afinal o País faz fronteira com o Irão). Mas quando vi Obama dizer “Missão cumprida” num País ainda nas mãos dos Talibans, quando vi Al Qaeda continuar alegremente a sua vidinha no resto do mundo, quando vi os diagramas da produção do ópio, o que sobra? Demorei, mas fui juntando as peças, como num puzzle. E no fim o quadro fazia sentido. Bem mais sentido do que a versão oficial.

Está certo? A resposta é simples: se não estiver certo, que alguém apresente uma explicação alternativa, baseada não nas opiniões mas nos factos. Coisa que ninguém até hoje foi capaz de fazer.


Agora, pegamos um diário, um qualquer.
Tentamos perceber como foi apresentada a guerra do Iraque, como foram apoiadas as ideias de Washington, sem duvidar, sem questionar. Tentamos entender como ainda é apresentada a guerra do Afeganistão: quantos jornalistas têm a coragem de fazer a ligação NATO = ópio, porque tão poucos omitem a ligação de Bin Laden com a CIA. Há escândalos ligados aos oficiais envolvidos no tráfego de drogas, mas estas são notícias que “fogem” dos media. Então temos que pôr uma pergunta: porquê? Porque estes aspectos são ocultados? Porque esta insistência toda em apoiar e divulgar a versão oficial, mesmo quando esta for contra as evidências?

Algo não bate certo. Nasce a dúvida e a o desejo de procurar mais. Ao utilizar a chave do dinheiro (o petróleo é dinheiro, a droga é dinheiro) conseguimos explicar outros factos aparentemente “estranhos”. Em muitos casos é bem mais simples explicar com a chave do dinheiro de que “engolir” as duvidosas versões oficiais.

As dúvidas 

Há o perigo de apresentar como verdade algo que verdade não é?
Sim, existe, e não pode haver a mínima dúvida acerca disso.

Eu esforço-me para efectuar controlos cruzados, controlar a cadeia das fontes, mas sei que pode não ser suficiente se o erro for de conceito. Sei que hoje ou num outro dia qualquer pode surgir um facto que deita por terra algo em que acreditava, que pensava estar verdadeiro, que apresentei como verdadeiro.

Então por qual razão continuo? Porque já passaram 5 anos desde que abri o blog e ainda espero que este “algo” apareça. Não apenas nada disso aconteceu, mas fui eu que tive de mudar muitas das minhas ideias que estavam baseadas na versão oficial (como no caso da droga e do Afeganistão). Porque as “elites” (militares, financeiras, políticas, etc.) continuam a actuar segundo um modelo-padrão que parece ter como único objectivo o dinheiro (não esquecemos: dinheiro é poder). E porque quanto mais espreito a toca do coelho, em companhia dos Leitores, quanto mais as coisas parecem absurdas e, paradoxalmente, com cada vez mais sentido.

Repito: não há verdades absolutas, nem aqui, nem em outras páginas internet, nem nas capas dos diários. O que podemos fazer é seguir os acontecimentos, seguir o dinheiro e tentar ir além das versões oficiais que, como vimos, são sempre e inevitavelmente forjadas tendo como base as palavras proferidas nos centros do poder (corolário: se os jornalistas fizessem o trabalho deles, haveria muita menos informação e teorias alternativas na internet).

Vale a pena?
Sobra uma pergunta: vale a pena?
Do mesmo Leitor:
Por vezes penso, “Para que me serve saber verdade”. Só me da dores de barriga…..
Sim, somos impotentes. Pelo que: para que continuar? Não será melhor continuar a viver na cómoda ilusão espalhada pelos mass media em vez que cavar no caixote do lixo? Cheira mal, nada de bom parece haver por aí e até ficamos enervados.
Isso tem a ver connosco, com cada um de nós.

Por qual razão vemos um filme? Comemos um gelado? Lemos um romance? Ouvimos música? São todas coisas “inúteis”, raramente conseguem tornar-nos pessoas melhores. Mas continuamos a fazê-las. Dão prazer, em medidas diferentes e é este o objectivo.

Cavar no caixote do lixo da humanidade pode dar prazer? Pode (prova científica: os gatos cavam sempre nos caixotes do lixo e parecem não ter intenção de parar). Porque a diferença é entre viver como um escravo, ignorante e feliz (até um certo ponto…), ou como alguém que está consciente da sua condição (mas duvido que esta seja a principal razão dos gatos).


Eu prefiro saber de ser escravo. Não gosto disso, mas aos menos não vivo num mundo que não existe e que foi criado para manter todos presos. O simples facto de conseguir ver as coisas numa óptica diferente daquela imposta já é motivo de satisfação: ver a realidade com os olhos escolhidos por outros ou tentar ver com os nossos? Este é o cerne da questão.

Inútil? Sim, inútil como ver um filme: do ponto de vista prático pouco muda. Mas não é por isso que deixamos de gostar de filmes, de gelados, de música.

A única coisa que posso fazer é tentar dar um conselho.
Eu raramente fico enervado com o que encontro. Não sou insensível, simplesmente aceito a realidade por aquilo que é. O mundo funciona assim: posso ficar enervado, histérico, até gritar fora da janela e assustar os vizinhos, mas ele continua a funcionar assim. Pelo que: melhor ficar calmo. E ver os lados positivos.

O mundo bonito e nós

Em vez de ficar enervados, melhor fazer duas coisas.
A primeira: não esquecer que o mundo é um lugar bonito. Muito bonito.

No Sábado parei num jardim a observar uma tília: fiquei encantado, é maravilhosa com as suas folhas delicadas, os grandes ramos no meio dos quais vivem outras criaturas igualmente maravilhosas. A humanidade pode ser um caixote do lixo, mas o mundo é muito mais do que isso: é um milagre que se renova dia após dia. E nós vivemos no meio dele: isso nunca pode ser esquecido nem desprezado.

A segunda é talvez mais importante ainda: não esquecer que estamos a falar duma espécie fundamentalmente ridícula.

Somos animais ridículos. Trabalhamos para obter algo que não existe (o dinheiro), matamos em nome de alguém que nunca vimos (os Deuses), o nosso sonho é acumular um metal do qual nenhum outro animal quer saber (o ouro), provocamos imensos estragos para obter um líquido preto, pegajoso e malcheiroso (o petróleo), nem sabemos como é que aqui chegámos ou o que há lá fora. E, depois disso tudo, olhamos para nós e concordamos satisfeitos: sim, somos deveras inteligentes.

Vale a pena enervar-se por alguém assim? Não, acreditem, não vale a pena.

O que temos de fazer é aceitar o que somos, olhando para o mundo com os nossos olhos e sem esquecer que a melhor de todas as armas é saber rir.

Ipse dixit.

20 Replies to “Porque estamos aqui?”

  1. Reconhecer nossa pequenez é um bom início. Aguçar algumas curiosidades,que seria essencial para o entendimento individual do funcionamento civilizatório, mas é inibida pelo próprio condicionamento cultural/doutrinário/dogmático de que sofremos desde nossa gestão, de forma consciente ou inconsciente. É muito raro ver alguém ser protagonista real de sua própria vida. Uns mais, outros menos, mas todos contaminados pela única ideologia ensinada e praticada. A burguesa iluminista totalitária, acelerada, primeiro pelo expansionismo mercantilista e por último pelo capitalismo de Estado camuflado de repúblicas democráticas. Mas ainda podemos contemplar a magnitude da natureza…e acreditar que a mesma chegue antes da destruição hominídea e ponha tudo em seu devido lugar…

  2. Grande Max!
    "Sinto muito, me perdoe, te amo, sou grato." Complexamente simples assim… Valeu reconhece-lo inda maior do que já o admirava. Sou grato, todas as bençãos em um fraterno forte abraço.

  3. Prefiro abordar a questão pela negativa pois visualizo de imediato o lado positivo, manias:

    'Para que não estamos aqui'?

    Não estamos aqui para ser escravos, estamos para ser livres.
    Não estamos aqui para trabalhar o tempo todo, mas antes para viver.
    Não estamos aqui para escolher liders, mas antes para liderarmos nós próprios o nosso destino.
    Não estamos aqui para ficar encafuados num canto qualquer, mas antes para ver o mundo.
    Não estamos qui para destruir, antes para criar.
    Não estamos aqui para matar.
    Não estamos aqui para obedecer.
    Não estamos aqui para consumir desenfreadamente.
    Não estamos aqui para ficar reféns a vida toda de um sistema podre.
    Não estamos aqui para aturar filhos da puta.

    O problema, é que nesta espécie fantástica temos de sobra, cobardolas, vigaristas, malandros, oportunistas, mentirosos, filhos da puta a torto e a direito, bufos, falsos, e mais um rol de características que deita por terra a teoria de que Deus criou o homem á sua imagem.
    E esta escumalha, pois é disso que se trata, é tanta ao ponto de nos definir como espécie.
    Por oposição existem homens de honra, honestos, sensiveis, etc. etc.

    Acho que sei 'Para que estamos aqui' – Para mostrar ás outras civilizações do universo tudo aquilo que não se deve ser.

    'Um dia no futuro, seremos conhecidos pelo Planeta dos Idiotas' – Carl Sagan

    Krowler

    1. Olha olha…uma boa maneira de ver as coisas também.

      "Um dia no futuro, seremos conhecidos pelo Planeta dos Idiotas" – Carl Sagan
      E depois perguntamos: mas se existem os extraterrestres, porque não entram em contacto connosco?

      Grande abraçooooooo!!!!

  4. Eu estou quase cansando, ops, ja estou cansado e estou quase desistindo de pensar na tal pergunta: Porque estamos aqui neste bosque(bosta)? Uns dizem que estamos evoluindo! Vi uma "teoria" que se uma coisa se expande outra proporcionalmente se contrai, ou seja, se estamos evoluindo alguma coisa esta involundo! Percebo que estamos involuindo e evoluindo, pois se pensarmos que seriamos auto-suficientes com o que a natureza nos dá, e optamos mesmo que forçosamente por facilidades que geram dificuldades, só pode ser involução!
    Resta saber o que esta evoluindo!?

    Paulo

    1. Olá Paulo!

      Lamento, tenho más notícias: mesmo que o Paulo fique cansado de tudo isso, o mundo não pára. E nem abranda. É por isso também que prefiro continuar a manter-me informado e tentar perceber algo. Já que aqui estamos, tanto vale gastar um pouco do nosso tempo para entender quem somos, porque assim somos, porque fazemos certas coisas.
      Mas este é só o meu ponto de vista.

      Evolução? Não apenas não há nenhum tipo de evolução como acho ser evidente uma involução. O sistema capitalista, que é a base da nossa sociedade, ignora por completo as que são as exigências do homem, seja como pessoa que como grupo organizado de indivíduos.

      Temos uma evolução tecnológica, isso não pode ser negado. Mas este tipo de evolução, explorada num sistema capitalista que aponta exclusivamente para o lucro, não produz nenhum tipo de benefício que favoreça o homem. Pelo contrário.

      Sinceramente não sei que tipo de evolução pode ser observada nesta época e nem consigo imagina-la. Vivemos uma fase de transição, é verdade, mas a causa não é uma evolução da espécie que obriga a sociedade a mudar. A causa é muito mais básica: a queda dos velhos valores e o ruir dum sistema económico em fase terminal.

      Pode-se falar de evolução numa fase como esta? Não, deve-se falar dum sistema já não viável que precisa de urgente substituição. Mas não é evolução: é simples necessidade.

      Abraço!!!

  5. Obrigado Max, boa surpresa ver a minha pergunta respondida desta forma 🙂

    Concordo com tudo o que escreveu (e muito bem) menos,

    "O que temos de fazer é aceitar o que somos, …"

    Se eu aceitar que sou um escravo ignorante como todos os outros, apesar de ter consciência da minha situação neste "caixote do lixo", então estou a ser ainda mais ignorante que essas pessoas, estou a ignorar a minha situação, da minha família e amigos só porque "não vale a pena".

    Tenho, infelizmente que concordar, provavelmente não vale a pena mas, provavelmente vale a pena tentar fazer algo para mudar. Nem toda gente trabalha para obter algo que não existe (o dinheiro), mata em nome de alguém que nunca viu (os Deuses) e o seu sonho nao é acumular um metal do qual nenhum outro animal quer saber (o ouro).

    Afinal o que perdermos se tentarmos?

    Cumprimentos
    Anónimo

    1. Obrigado eu. Foram as perguntas que deram origem à reflexão e aos comentários.

      Concordo com tudo o que escreveu (e muito bem) menos,
      "O que temos de fazer é aceitar o que somos, …"

      Verdade, erro meu, expliquei muito mal.
      "Aceitar o que somos" não era referido à condição de "escravos ignorantes" mas à condição de escravo. O que entendo é o seguinte: é verdade, somos escravos dum sistema pérfido e manipulador e não adianta esconder a cabeça debaixo da areia, pois a situação não muda. Acho melhor assumir que somos escravos: custa, sem dúvida, fere o nosso ego, mas é o primeiro passo para olhar a realidade de forma diferente.

      "Aceitar" não no sentido de "Ok, sou escravo, paciência, é o meu destino", mas no sentido de "assumir" a nossa condição, sem tragédias, e daí partir para começar a tentar observar as coisas de forma diferente. Objectivo? Tornar-se um escravo consciente e capaz duvidar, fazer perguntas e procurar alternativas.

      Assim acho que fica mais claro.

      Abraçoooooooo!!!!!

    2. "Tornar-se um escravo consciente e capaz duvidar, fazer perguntas e procurar alternativas."

      No sei se é por ser ainda um jovem e não ter grande consciência das coisas mas, não me consigo contentar em ser um "escravo consciente", não me chega……..não sei mais o que dizer…….

      Cumprimentos
      Anónimo

  6. Por muitas vezes me senti como o comentarista. Como o tal personagem de Matrix, que embora saiba que se trate de um filé virtual na ponta de seu garfo, ainda assim, prefere saborear os tais bits/pixels. Embora, como referido por Krowler, não estamos aqui para vivermos como covardes. Mas o pensamento acomodado acontece principalmente por sabermos que a atenção da maioria está nas novelas, futebol, celebridades e outras táticas futriqueiras da casa grande.

    As coisas têm acontecido sempre com mesmo designe e ainda assim para uma maioria esmagadora este repetir de acontecimentos não passa de coincidência. Noutro artigo escreveste sobre as tramóias das falsas bandeiras. Foram tantas e tão similares que, sinceramente, fico abestado como as pessoas as aceitam sem pestanejar. Todo o processo Bin Laden é espantoso. Uma meia dúzia de conspiracionistas torce o nariz e são vistos como dignos de piedade ou manicômio pelos outros. Tudo o que se sucedeu quanto ao Iraque em nada dispara um alarme nas mentes dos que crêem que foram russófonos a derrubar o avião malaio.

    Viver dando alertas só nos trás dissabores. Já tive os meus entre familiares e desde então deixei esta empreitada de lado. Digo apenas que jamais quis me trajar de diferentão, ou que quisesse mostrar conhecimentos fantásticos. Sentia apenas uma intrigante sensação de que as mentiras vão e voltam e ninguém parece desconfiar de tantas semelhanças entre elas. Isso me deixa terrivelmente impressionado. Me faz ter certeza de que nada fará com as pessoas questionem os acontecimentos. Penso por vezes que estou vivendo em algum universo paralelo e isto não me trás prazer algum. Assim como não me agrada em nada este universo em que vivemos entre bits/pixels fascistas. Por isso vivo como afirmado em comentário acima, na esperança da revelação de 'algo'. E por pura intuição, penso que esse 'algo' está próximo de ser revelado não muito distante deste momento. Nem que ele seja simplesmente a queda desta orquestração consumista em que nos metemos. Talvez fosse o princípio do fim de nossa escravidão.

  7. Abordando a questão de forma directa: Porque estamos aqui?

    Estamos aqui para viver a vida de acordo com os nosso valores e nossa forma de pensar.
    A vida deu-nos esta oportunidade única, irrepetível, e espetar com ela no caixote do lixo é o maior acto de auto-tirania que podemos cometer.

    Aqueles que aceitam e até gostam do sistema, devem continuar a viver nele e dar graças a deus por viverem neste tempo.
    Os outros, aqueles que se sabem escravos, sempre podem fazer alguma coisa. Penso nisso o tempo todo.

    Não gostam do sistema? Afastem-se dele o mais que puderem, de acordo com as possibilidades de cada um.
    Há gente a fazer isso todos os dias por todo o mundo, das mais variadas formas.
    Comunidades isoladas com Tamera é um exemplo disso.
    Vivem num apartamento? Livrem-se dele, e mudem-se para uma casa com terreno, de preferência num sitio mais pequeno.
    Cultivem a vossa comida. Vai baixar os vossos encargos mensais e melhorar a vossa saúde.
    (Estou neste momento com uma gastroenterite bacteriana por causa de uma porcaria de um iogurte de soja)
    Comprem só aquilo que necessitarem. Uns sapatos com umas solas rotas podem ser arranjados. não é necessário deitar no lixo. Ajudam mão de obra nacional e poupam dinheiro.
    Reduzam ao máximo as vossas despesas e por consequência as necessidades de dinheiro.
    Este processo é um pouco complicado para alguns pois obriga a mudar radicalmente o seu estilo de vida. Se for um processo forçado, vai resultar em infelicidade e frustração. Se por outro lado for um objectivo com vista a melhorar substancialmente a qualidade de vida, então será um processo gratificante.
    De repente poderão perceber que aquele trabalho frustrante e monótono que muitos têm, já não é tão importante assim. Podem sempre encontrar outras formas de ganhar dinheiro.

    O importante é tomarem a decisão de mudar, e quanto mais cedo melhor, pois o tempo é a unica coisa que não podemos desperdiçar.

    Krowler

    1. Todas sugestões pertinentes mas há algo maior e que engole o cotidiano vivenciado. O dinheiro, não como uma função organizacional civilizatória, mas transformado em valor, mais, no principal valor que permeia todas relações sociais. O processo de desumanização advindo é catastrófico e irrecuperável. E o que falar do trabalho, outra função que a indústria cultural e a doutrina educacional, patrocinadas pelo interesses dos grandes capitalistas, transformou-se igualmente num valor primaz, onde o indivíduo não se reconhece, muito menos é reconhecido sem estar "produzindo" algo, mesmo para terceiros. Querem outro exemplo de função transformada em valor O automóvel, e assim caminhamos sem percebermos que o drama maior é, fundamentalmente, de caráter conceitual.

    2. Chaplin, plenamente de acordo.
      Este sistema, cuja denominação de 'Sistema Mercantil Totalitário' dada no filme 'A Servidão Moderna' (deixo o link abaixo para quem ainda não viu), é talvez das melhores definições para este modelo social em que estamos a chafurdar.
      Há quem se sinta bem e goste do sistema, pois gostam da competitividade, gostam de acumular, gostam de se mostrar, e ficam muito felizes com umas migalhas que caiam de cima. Chama ao sistema de Democracia. Com estes qualquer diálogo é uma impossibilidade, pois a democracia e a liberdade são duas verdades absolutas.
      Depois existe o oposto, aqueles que conseguiram perceber o sistema e, não podendo mudá-lo, mas, no mínimo deverão mudar eles próprios.

      O dinheiro será sempre necessário, mas pode-se reduzir a dependência dele acabando com o consumo de inutilidades.
      A utilização do automóvel, relógios, roupas e toda uma catrefada de utensílios de marca do sector do luxo, cujo valor substituiu a função, funciona também como um instrumento de controle e de diferenciação de classes.
      Uns têm os outros sonham. Mesmo aqueles que têm ignoram que são tão escravos como os outros, pois vivem somente em função do valor.

      Sobre o trabalho, este é o instrumento de controle social. Quando a evolução da sociedade deveria ser no sentido de se trabalhar cada vez menos horas, verifica-se o contrário, há que trabalhar mais horas para ganhar menos.

      A Servidão Moderna – https://www.youtube.com/watch?v=xAVYFYMFAag

      Krowler

    3. É Krowler,,, ideologicamente não temos como separar os que tem acesso dos que não tem. Somos todos burgueses sob o conceito do que aprendemos a querer e priorizar em nossas vidas. Se falar com o mais alto empresário e com um mendigo de rua, em pouco tempo perceberás que o mote de vida é o mesmo, diferenciando-se apenas no ter ou não ter acesso a essas pretensões…

    4. Krowler,

      Concordo em muito com as coisas que abordou.

      Sim, temos capacidade de MUDAR e podemos, por incrível que pareça, temos o PODER de não semos escravos, pois a escravidão capitalista é MENTAL. É na verdade, uma escravidão para ter a nossa consciência, ou melhor, como pensamos o que não somos. É um programa que afeta a nossa realidade inconsciente, pois é a nossa mente inconsciente que nos dita (quase 70%) nossa realidade e como somos bombardeados pelo externo (tv, publicidade e "beleza"…etc) não acreditamos em NÓS.

      Na verdade, penso que o sistema é muito bom porque tirou a nossa força interna de sermos nós.

      Por isso, Krowler, acredito, sim , que sua metodologia pode ser muito eficaz para alcançarmos a nossa natureza interna.

      Quando estamos competindo, comparando com outras pessoas estamos seguindo a metodologia do capitalismo. Este sempre quer que não sejamos AUTORIDADES do nosso comportamento e pensamento.

      Escravo, na minha visão, é quem pensa que tem escravo, pois a pessoa ou o tal sistema, somente o tem se o próprio escravo pensa como o opressor do oprimido.

      Por isso, PENSAR de forma DIFERENTE é um ATO TERRORISTA INIGUALÁVEL para um sistema doentio como o capitalista e o comunismo também.

      O escravo não pensa, por isso não somos escravos. Só há escravo mental quando o próprio escravo deixa de pensar e pensa e vive como sendo natural e, sic, divina sua condição.

      Há um conflito e uma guerra sendo travada a nível psicológico, material e espiritual. E se você pensa e sente esse conflito, essa guerra, você jamais irá ser um escravo, pois NATURALMENTE irá CRIAR RESISTÊNCIA a tal condição que esta sendo imposta a ti. Você irá mostrar, com sua naturalidade interior, as forças e resistências para impedir o tal ACORDO: oprimido x opressor.

      Se você PENSA jamais irá assinar o acordo e tal contrato se torna ilegítimo.

      É por isso que a GUERRA é sobre a nossa consciência, pois PENSAR é ato TERRORISTA, nas palavras de Aldo Luiz.

      Namastê!

  8. Circo, show, programa, enterterimento etc…
    Acho que a resposta (carta) de Huxley a Orwell diz quase tudo.Mas vai funcionar?
    Nem pensar, a condição de escravos se entendida e assimilada por certos e muitos grupos, sem nada para perder pura e simplesmente rebenta o esquema.
    Aliás ja funcionam, porque são muitos e o "alvo a abater" são poucos.
    Nuno

Obrigado por participar na discussão!

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