Basta carne “drogada”, só frangos alimentados de forma natural. E que raio.
Dito em outras palavras: McDonald’s deixa de vender carne de frango. Não há outra hipótese: 96.8% dos frangos criados nos Estados Unidos contêm antibióticos. Pelo que a dúvida é: onde raio McDonald’s tenciona comprar frangos que não contenham medicamentos? Não dá: a única solução, como afirmado, é deixar de vender frango.
Ou talvez seja boa ideia espreitar melhor a notícia. É verdade: McDonald’s anunciou que pretende eliminar o uso de alguns antibióticos nos seus produtos de frango para satisfazer os que define como “as mudanças de preferências” dos seus clientes. Mas há uma grande diferença entre a versão fornecida aos meios de comunicação (marketing) e aquilo que a empresa está a fazer na realidade.
O truque? Na linguagem.
O truque está mesmo aí: na linguagem utilizada na divulgação da nova política da empresa. Ao contrário do que é defendido, a política de “livre de antibiótico” não significa que McDonald’s deixa de vender produtos de frango sem antibióticos. Significa que a empresa pede aos seus fornecedores de carne de frango de eliminar progressivamente o uso exagerado de antibióticos nas carnes destinadas ao consumo humano.
A diferença? Enorme.
Uma coisa é dizer “Deixo de comprar e vender carne com antibióticos”, outra é dizer “Eu continuo a a comprar a vossa carne, entretanto tentem reduzir os antibióticos”. Porque McDonald’s tinha já feito o mesmo, exactamente o mesmo, em 2003. Há 12 anos anunciou que teria pedido aos fornecedores para reduzir os antibióticos utilizados para promover o crescimento dos animais. O gráfico acima bem demonstra quais os efeitos desde então…
Pedir não custa nada e permite fazer boa figura. 12 anos depois, McDonald’s continua tranquilamente a vender às crianças carne com misturas de medicamentos, algo que contribuiu de forma significativa para o aparecimento de “superbactérias” resistentes aos antibióticos nos hospitais. A mesma empresa admite que o pedido ignora os ionóforos, um tipo de
antibiótico que não é utilizado para tratar os seres humanos mas que ainda é
alimento para galinhas saudáveis para torná-las mais gordas e aumentar a
sua eficiência energética.
Mas McDonald’s não vendem só frango: que tal a carne de vaca? Que tal a somatotropina bovina (rBST, o hormônio do crescimento bovino presente também nos seus produtos lácteos)? E os corantes? Os conservantes? E.. ok, ok, vamos fazer assim: pedimos à McDonald’s que venda produtos saudáveis. Feito?
Pronto, o problema está resolvido.
Ipse dixit
Fontes: Hack Your Mind, Wall Street Journal