O Conselho de Segurança aprovou nesta terça-feira uma resolução
contra a onda de violência no Iêmen, país árabe vizinho à Arábia
Saudita.
Rebeldes houthis tentam tomar o controle do Iêmen e ao lado de
combatentes ligados ao ex-presidente Ali Abdullah Saleh, lutam contra
grupos que apoiam o presidente Abd Rabbo Mansur Hadi. Recentemente,
forças da coalizão liderada pela Arábia Saudita iniciaram ataques aéreos
no país.
Mais uma confirmação: a ONU não passa dum instrumento nas mãos dos Estados Unidos. Não é apenas inútil: é perigosa enquanto prejudicial.
A obra de expansão sunita, perpetrada com o braço armado das monarquias do Golfo (isso é: com os atentados “jihadistas” do ISIS), tem agora o completo apoio da organização liderada por Ban Kim Moon, que faz uma escolha de campo inequívoca: entra numa guerra de cariz político-religioso, apoiando o terrorismo radical. O mesmo terrorismo que tem o suporte financeiro da Arábia Saudita, o logístico do Ocidente e o silencioso de israel.
É uma escolha particularmente grave e cujas consequências serão possivelmente devastadoras.
Descartada a ideia duma mediação pacífica, a ONU opta para o caminho mais simples: desarmar os xiitas, apoiar a maioria sunita e a política imperialista do eixo Washington-Riad-Tel Avive.
Isso significa um carpete vermelho debaixo dos pés do ódio e do ressentimento; viabilizar uma possível intervenção de forças estrangeiras (estilo ex-Jugoslávia ou Iraque); arrastar o País para uma sangrenta guerra civil sem fim à vista.
Armas
A resolução aprovada impõe um embargo de armas ao líder dos houthis,
Abdul Malik al-Houthi, ao ex-presidente iemenita Ali Abdullah Saleh, ao
filho dele, Ahmed Saleh e a indivíduos ligados a eles. A medida proíbe
venda ou transferência de armamentos.
O documento demanda a todos os lados em conflito no Iêmen, em
especial aos houthis, que evitem qualquer ação que possa minar a
transição política do país. Ao grupo rebelde, o Conselho de Segurança
pede que pare imediatamente com a violência e retire todos os seus
combatentes do país, incluindo da capital Sanaa.
Crianças
A resolução pede ainda que sejam entregues todos os armamentos,
incluindo mísseis, que foram apreendidos das forças militares. Outro
apelo é feito aos rebeldes, para que evitem qualquer provocação ou
ameaça aos países vizinhos e para que deixem de recrutar
crianças-soldado e libertem todos os menores envolvidos no combate.
Segundo o alto comissário da ONU de Direitos Humanos, pelo menos 364
civis foram mortos no país desde 26 de março e entre as vítimas estão 84
crianças. Sobre o total de feridos, Zeid Al Hussein falou em 681
pessoas, mas destacou que o número real deve ser bem maior.
Destruição
O alto comissário está pedindo investigação imediata dos ataques que
resultaram na morte de civis e pediu aos lados em conflito respeito
total à lei internacional de direitos humanos.
Zeid [Príncipe Zeid Ra’ad Zeid Al-Hussein dos Direitos Humanos, ndt] lamentou que os ataques aéreos destruíram prédios públicos,
hospitais, escolas, aeroportos e mesquistas. Na última semana, houve
aumento dos confrontos nas ruas, principalmente em Áden, a segunda maior
cidade do país.
O alto comissário citou relatos de crianças recrutadas para o combate
nas cidades de Áden, Dhale e Mareb e disse que a cada hora, seu
escritório recebe “relatos perturbadores e profundos sobre o peso do
conflito na vida dos civis”.
Zeid Al Hussein apelou a todos os lados para negociarem o fim do
“conflito e da devastação no Iêmen, lamentando que a maior parte do país
está sofrendo com os efeitos dos confrontos armados, levando a uma
situação humanitária que viola seriamente os direitos humanos.