No final de Fevereiro, as equipas de limpeza tentaram mitigar uma imprevista crise na emissão de radioactividade: os sensores de monitorização relevaram um enorme aumento dos níveis de radiação na água que é drenada da central (o que resta dela) para acabar no oceano.
A Tokyo Electric Power Company (TEPCO), a empresa dona das instalações, afirma que os níveis de radiação atingiram entre 70 até 7.000 por cento dos valores considerados normais, o que tem provocado a imediata paragem das bombas de drenagem. A primeira leitura teve lugar por volta das 10:00 da manhã, hora local, no dia 22 de Fevereiro, accionando os alarmes não uma mas várias vezes.
A TEPCO:
Os níveis das substâncias que emitem raios beta, como o estrôncio-90, foi medido entre 5050 e 7230 becquerel por litro de água entre 10: 20 e 10: 50. A TEPCO requer que os níveis de radioactividade nas águas subterrâneas da usina sejam descarregados no mar abaixo dos 5 becquerels.
Razão pela qual, como afirmado, a empresa parou a actividade de drenagem ao longo do dia. Todavia, isso não foi suficiente e as perdas, supostamente, continuaram durante todo o dia, com os níveis de radiação num média entre 10 e 20 vezes maior do que o normal.
O maior problema é o seguinte: a TEPCO não faz ideia de qual possa ser a causa dessas súbitas explosões de radiação, por enquanto limita-se a controlar os danos:
Dados o sistema de monitorização de emergência e os outros sensores, não temos razão para acreditar que os tanques de armazenamento de águas radioactiva se esvaziaram. Fechámos a drenagem. Estamos a acompanhar os sensores para entender qual a tendência.
Apenas quatro dias antes da “explosão” radioactiva, a Agência Internacional de Energia Atómica tinha felicitado a TEPCO pelos seus esforços de limpeza no local de Fukushima, e isso apesar de numerosos outros vazamentos de radiação, alguns dos quais muito importantes, que têm ocorrido nos últimos meses na unidade “selada”.
Lembre-se que em Outubro de 2013, por exemplo, não foi bem sucedida uma transferência de resíduos radioactivos de um tanque de armazenamento para outro, o que levou a mais de quatro toneladas de lama altamente contaminante espalhadas pelo solo circundante. Não muito tempo antes, outras 300 toneladas de resíduos radioactivos “fugiram” dum outro tanque de armazenamento próximo.
E entender a perigosidade dos materiais em questão não é difícil: no início deste mês um trabalhador morreu depois de cair num tanque cheio de líquido radioactivo, durante uma verificação de rotina. O tanque de 10 metros de altura que engoliu o homem é um dos muitos que contêm uma parte das 400 toneladas de água altamente radioactiva geradas diariamente em Fukushima.
Como relata o Japão News, por enquanto a solução tem sido aquela de construir novos tanques, dado que a produção de líquido radioactivo não para. Surgem quase diariamente, mas é claro que esta não pode se ruma solução para sempre: cedo ou tarde outras medidas deverão ser postas em prática, dado que já não sobra muito espaço.
De acordo com o The Ecologist, o reactor nº 3 ainda contêm uma assinalável quantidade de combustível baseado no plutónio, facto que poderia desencadear numa fusão importante, conhecida como meltdown.
O meltdown ou derretimento nuclear ocorre quando o núcleo de um reactor nuclear deixa de ser apropriadamente controlado e resfriado devido a falhas no sistema, fazendo com que estruturas de combustível do reactor comecem a sobreaquecer e a derreter-se. Um meltdown é um acidente nuclear particularmente grave pois pode provocar a libertação de produtos altamente radioactivos para o meio ambiente. Como no caso de Chernobil.
E o mesmo reactor 3 de Fukushima já tinha sofrido um meltdown completo em 2011, o que provocou a queda do núcleo do reactor através do chão até a parte inferior do vaso de contenção.
Ipse dixit.
Fontes: Japan News, ABC, Daily Mail, The Ecologist, NaturalNews