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Ucrânia: a vitória será nossa!

No âmbito do conflito ucraniano, eis que chega o relatório da Brookings Institution (fundos Rockefeller e Ford), assinado por:

Mais ninguém? Olhem, já que aqui estou assino eu também como Max (blogueiro).

Trata-se dum relatório equilibrado, que analisa com objectividade a situação e sugere algumas medidas racionais.
Aliás: necessárias.

Biliões letais

Título: “Manter a independência da Ucrânia, resistir à agressão russa. O que têm que fazer os Estados Unidos e a Nato”. E já assim fica clara a objectividade.

Mas agora vamos ver as medidas:

1. “A Casa Branca e o Congresso devem comprometer substanciais financiamentos para aumentar a capacidade defensiva da Ucrânia, fornecendo especificamente um bilião de Dólares em ajuda militar este ano, seguido de outro bilião em cada um dos dois anos fiscais seguintes”. Eu acrescentaria também meio bilião por cada Natal e outro meio em caso de chuva.

2. “O Governo dos Estados Unidos deve mudar a sua política e começar a prestar assistência letal
para as forças armadas da Ucrânia”. Sem dúvida, uma assistência que não seja letal é perfeitamente inútil. É preciso ver mortos, coisas que façam crescer a atenção e indignar o público. A gente quer sangue, seja com a saga Twilight, seja no noticiário da CBS. Afinal temos ou não um Presidente Nobel da Paz? Está aí a fazer o quê?

3. “O Governo dos Estados Unidos deve entrar em contacto com os outros países da Nato para que estes também prestem assistência militar para a Ucrânia”. Sim, todos para apoiar Kiev, uma santa cruzada para derrotar Putin. Basta com estes comunistas, e que raio.

Mais uma sugestão: e que tal uns radicais islâmicos? Um par de bombas em Moscovo da Frente para a Libertação dos Muçulmanos Oprimidos pelo Regime Russo? Não existe nenhum movimento assim, mas cria-lo é coisa rápida. Pensem nisso, os radicais islâmicos não custam muitos, é só fornecer-lhes o explosivo e a roupinha para evitar uma pneumonia.

E o Chefe, o que diz o Chefe? Bom, ao que parece o Presidente Obama terá ficado muito impressionado com os conselhos recebidos e já declarou que irá submeter tudo ao seu Bó, o cão português. Doutro lado, os detalhes são claros: a Ucrânia deve vencer a “agressão” da Rússia.

E mais: nenhuma menção acerca de qualquer negociação. Justo assim, estas são coisas de maricas. Se houver a possibilidade duma trégua, os verdadeiros homens escolhem a guerra.

Armas contra armas: viva a Arte!

Saltamos para Timothy Gairton Ash. É conceituado historiador de fama internacional, escritor, comentador e, sobretudo, membro do restrito círculo da Royal Society of Arts (Sociedade Real das Artes), pelo que sabe do que fala.

Eis o Timothy-pensamento:

Putin deve ser travado. Às vezes, apenas as armas podem parar as armas. Vladimir Putin é o Slobodan Milosevic da ex-URSS: tão ruim, mas maior.

Exagerado? Calma lá: Timothy pertence também à ordem de São Miguel e São João, por isso respeitinho. Assino também esta, Timothy já parece-me pessoa independente e moderada, é dos nossos.

…faltava: eis a Nato.

Entretanto, a Nato anunciou que “em resposta às actividades russas na Ucrânia” (???) vai posicionar unidades militares em seis Países na imediata proximidade das fronteiras russas: Estónia, Lituânia, Letónia, Polónia, Bulgária e Roménia. Não muitas unidades, apenas alguns milhares. Mais soldados e oficiais de Noruega, Alemanha e Países Baixos.

A Nato também anunciou a instalação de seis comandos militares especiais nos seis Países em causa e expressa a intenção de abrir um centro de treino na Geórgia ainda este anos.

Eu sei o que pensa o Leitor: a Nato é fraca. Com estas medidas o risco é que a Rússia nunca caia na provocação. Algumas centenas de novos mísseis nucleares ao longo das fronteiras, todos apontados directamente para Moscovo, esta sim seria uma medida à maneira. Burocratas, este é o nosso mal…

Porque se dependesse dos militares, as coisas na Ucrânia mudariam e de pressa.
Como afirma o Comandante Geral da Nato, Philip Breelove, há “centenas e centenas” de tropas russas que estão actualmente a operar ao lado dos separatistas no leste da Ucrânia, com fornecimento de suprimentos, armas e defesa aérea na guerra contra o governo ucraniano.

Diz Breelove:

Todos concordamos de que há tropas russas no leste da Ucrânia.

Claro que sim. Eu acho até serem milhares, não centenas, é só ver as imagens.
Não há imagens? Ok, tanto faz, não servem, nós sabemos que está cheio de Russos.

E
tropas ocidentais? Não, nada, o general é claro neste ponto: não há
tropas ocidentais que operam na Ucrânia. Doutro lado, se houvesse, já
teríamos imagens disso, não é? A ausência de imagens é a melhor das
provas.

Eu sou Estónio/Letónio/Lituano (escolher segundo o caso)

Mas nem tudo está perdido, porque os EUA trabalham com outros meios também. Mais sofisticados, demasiado sofisticados para aqueles broncos dos Russos.

Várias fontes americanas e europeias anunciam o aparecimento na internet de três novos sites duns não bem especificados “movimentos de libertação” dos russos da Estónia, Letónia, Lituânia.

É claro que o Kremlin foi imediatamente acusado como sendo o criador desses movimentos de “rebeldes”, cuja finalidade seria criar as bases para uma intervenção russa em defesa dos povos russos do Báltico.

É claro também que ninguém jamais ouviu falar desses “movimentos de libertação”, pela simples razão que não existem. Mas podem dar jeito.

Imaginem uma ou mais operações conhecidas como false flag, que possam permitir aos media ocidentais de acusar a Rússia de fomentar acidentes de fronteira. Ou melhor: uns false flags directamente no interior desses Países. Interessante, não é?

Aqui assinou sem reserva nenhuma, os false flag são uma maravilha e conseguem convencer todos. Aliás, logo vai uma sugestão: Olen Eesti (Eu sou Estónio). 

Diziam os Romanos: “Se queres a Paz, prepara a Guerra”.
Mas os Romanos também eram meio amaricados. O nosso lema é: “Se queres a Guerra, prepara a Guerra”.
E mais nada.




Ipse dixit.

Fontes: Brookings – Preserving Ukraine’s Independence, Resisting Russian Aggression: What the United States and NATO Must Do (ficheiro Pdf, inglês), The Guardian, BBC, NPR (1, 2), The Wall Street Journal.