Mosquitnado

Um artigo de Infowars:

A professora de Harvard Margo Seltzer advertiu que drones miniaturizados em forma de mosquito, um dia, poderão retirar o nosso DNA em nome do governo e das companhias de seguros. Isso foi dito no Fórum Económico Mundial, em Davos, acrescentando que a privacidade é morta.

A Seltzer, professora de ciência da computação na Universidade de Harvard, disse aos participantes:

A privacidade, como costumávamos conhece-la no passado, já não é viável. O que se costumava pensar como privacidade está morto

A Seltzer continuou prevendo que, no futuro próximo, robôs do tamanho de um mosquito não só manterão perpetuadamente sob controle os indivíduos, mas irão recolher o DNA e informações biométricas para governos e empresas.

“Isso não vai acontecer, já está a acontecendo”, disse Seltzer sobre a questão da vigilância de forma generalizada. “Neste momento, nós vivemos num estado de controle total.”

A professora acrescentou que a tecnologia dos drones em miniatura deve ser utilizada para fins de caridade, como o envio desses dispositivos em áreas afectadas por Ébola para “destruir os germes.”

A académica de Harvard Sophia Roosth também alertou que, como resultado de toda a informação genética pessoal de cada indivíduo disponível aos governos através da Internet, estamos a entrar numa era de “macarthismo genético”.

No entanto, outro orador, Anthony Goldbloom, um empreendedor na área da tecnologia, tem argumentado que os jovens não se preocupam com a vigilância e que estão perfeitamente dispostos a trocar a privacidade com benefícios.

“As pessoas muitas vezes se comportam melhor quando sentem que as suas acções são observadas”, disse Goldbloom, provavelmente referindo-se ao O’Brien de 1984 de George Orwell.

O filme

Prólogo
Uma reunião de ricos e potentes, com muitos jornalistas também, no meio duma tranquila aldeia rodeada de brancas montanhas. Frio, neve que cai, alguns meninos inocentes que jogam com bolas de neve.

Cena 1
Uma reunião de ricos e potentes num resort de luxo. Pessoas bem vestida, smoking, relógios de marca e jóias, mais afastados os jornalistas.

Silêncio na sala, pois eis que uma académica (cerca de 30 anos, bonita, com óculos mas só para ler) lança o alarme: a privacidade está em perigo! E paciência se é uma coisa que todos já sabem, como começo pode sempre funcionar.

Surpresa entre os presentes (“Oooohhhhhh!”), entre os quais escondem-se aqueles que trabalham contra a privacidade.

Será que os cientistas sabem isso? Fica a dúvida.
Só o nome da personagem não convence: Seltzer faz lembrar uma pastilha contra a indigestão. Um ponto para ser revisto.

Cena 2
O prato forte: “Meus senhores, eis a ameaça: o mosquito espião que rouba os nossos DNA e dados biométricos”. Minha nossa! O mosquito que chupa o nosso sangue, o DNA, os dados biométricos e a cervejola que bebemos há pouco! Isso é terrível. Não o mosquito: terrível é o enredo.

Pensar que governos ou empresas privadas precisem de investir milhões para obter uma coisa que já têm ou que podem ter sem nenhum esforço é infantil. Quem entre nós nunca fez um exame do sangue? E onde estão armazenados os dados obtidos? Exacto, num arquivo informático dum hospital. É preciso acrescentar mais?

Os mosquitos-drones não servirão para isso. Mas tudo bem, este é um filme de baixo custo e para um público pouco exigente pode funcionar. Pegar em algo conhecido e torna-lo numa ameaça mortífera é uma ideia que costuma vincar.

Cena 3
Entra o cientista bom que sonha com o mosquito-drone para combater as doenças como Ébola. Que ternura. Ahi que maldade estas empresas que antes investem milhões de Dólares para obter algo que já têm e depois não querem usar o conhecimento em prol da Humanidade. Imaginem como poderia ser bonito o mundo sem estes maus da fita!

A figura do cientista idealista é precisa para mostrar ao público que a Ciência é neutra: até nela há pessoas que sonham o bem da espécie humana. São as empresas gananciosas ou os políticos corruptos que estragam tudo.

Cena 4
O cientista mau. E aqui agradecemos Anthony Goldbloom que escolheu interpretar o papel incómodo.

O cientista mau logo diz uma falsidade: os jovens não se preocupam com a vigilância. É falso (na verdade a internet alternativa não é gerida por um grupo de octogenários), mas é útil para provocar um sentimento de revolta no público.

E como é mau, continua com as suas teorias alucinadas: “As pessoas muitas vezes se comportam melhor quando sentem que as suas acções são observadas”. O que não é apenas uma falsidade, é mais do que isso: demonstra estar aberto perante eventuais ofertas das empresas más e, ao mesmo tempo, tenta convencer os cidadãos de que ser espiados é bom. Horror!

Mas admitimos: grande desempenho de Goldbloom.

Final
Fecha tudo um pormenor elegante: a citação de 1984 de Orwell, que fica sempre bem e esclarece para o público mais obtuso os perigos que estamos prestes a enfrentar.

Mais um exemplo das razões pelas quais a
informação alternativa não é e não será levada à sério.
E Infowars deveria ser uma referência…

Ipse dixit.

Fonte: Infowars

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