Aparentemente é assim, mas convém não esquecer que quando o vosso Parlamento decide apoiar o reconhecimento da Palestina nas Nações Unidas, ver entrar em acção uns quantos “terroristas” é um risco bem real.
Seja como for, ao longo dos últimos anos a propaganda ocidental tem-se esforçado bastante para pintar a religião do Islão como algo inferior, primitivo e brutal. Pouco importam os apelos ao diálogo e as frases politicamente correctas quando a intenção dos factos é difundir a ideia de estarmos perante uma massa de terroristas sem coração.
Até aqui no blog têm aparecido Leitores que demonstram ter uma clara capacidade de raciocínio mas que, perante o assunto Islão, aceitam de forma inconsciente os lugares comuns da propaganda, defendendo o Cristianismo como sendo portador duma superioridade moral que não pode ser posta em discussão.
Lamento desiludir-vos: não apenas o Cristianismo não tem nenhuma superioridade como também manchou-se ao longo da História de crimes inenarráveis que fariam estremecer o mais pio dos fieis islâmicos. E se esta frase parece demasiado “forte”, quase um absurdo, aconselho ler o presente artigo para perceber o que é realmente o Islão.
Que fique claro desde já: o terrorismo existe e não é apenas uma questão de false flag. Existem e operam grupos terroristas que actuam em nome de Allah (ou pelo menos esta é a ideia deles), existem os bombistas suicidas, existem os que acreditam que morrer em combate abra a porta do Paraíso. Existem, não há dúvida, assim como existem pessoas com outras doenças mentais: esquizofrénicos, paranóicos, serial killer, etc.
Mas se não costumamos julgar o mundo Cristão tendo como base os que começam a disparar nas escolas dos Estados Unidos, da mesma forma para entender o que é o Islão não podemos partir das pessoas que corrompem as palavras de Maomé.
Seria interessante perceber também:
- por qual razão há pessoas que interpretam de forma errada as palavras de Maomé
- por qual razão estas têm a capacidade de difundir as suas ideias com tamanha facilidade
- por qual razão estas pessoas conseguem ter seguidores entre as camadas mais desesperadas da sociedade islâmica
- por qual razão a propaganda ocidental focaliza a sua atenção nestes aspectos, ignorando os outros.
Mas este é um discurso de diversa natureza que mais tem a ver com a actual situação geopolítica e económica que caracteriza a nossa sociedade. Por enquanto, ficamos com os aspectos ligados à religião com a tradução dum escrito de Islamshia, sito internet da Associação Islâmica Imam Mahdi que reúne os xiitas em Italia. Afinal, quem melhor dum islâmico pode explicar o que é o Islão?
O Islão é essencialmente uma religião de paz. O seu nome, Islaõ é derivada de silm, que tem dois significados: um é “submissão voluntária à vontade de Deus”, o segundo é “paz”. Ambos os significados estão interligados.
Onde quer que um muçulmano encontre um outro muçulmano, eles costumam usar a saudação da paz as-salamu ‘alaykum , “que a paz esteja contigo”, e a outra pessoa responde dizendo alaykumus salam, “a paz em você”
Cada oração diária começa lembrando que Deus é “Misericordioso, o Compassivo,” e termina com votos de paz para todos.
O conceito de jihad deve ser entendido claramente. Muitas pessoas nos meios de comunicação citam o texto do Alcorão fora de contexto. Vejamos então: qual é o significado de jihad?
O termo jihad não significa “guerra santa”. É uma distorção ocidental dum conceito muito mais amplo no ensino islâmico. Perguntem a qualquer especialista na língua árabe, e este dirá que jihad não significa “guerra santa”. O termo “guerra santa” vem do conceito cristão de “guerra justa”, e tem sido utilizado com extrema facilidade como fosse um termo islâmico desde os tempos das Cruzadas.
Em árabe, o termo jihad significa, literalmente, “lutar e trabalhar duramente para alguma coisa”. Na terminologia islâmica preserva o significado literal em dois tamanhos diferentes, que são definidos como “grande (maior) jihad” e “pequena (menor) jihad”.
A grande jihad é conhecida como a batalha espiritual, uma luta entre dois poderes inerentes a nós mesmos: a alma e o corpo. A consciência está em conflito com os desejos da carne. Este conflito espiritual é uma jihad em andamento dentro de cada um de nós. O Islam espera que os seus seguidores dêem a preferência à alma e à consciência em vez de que corpo e desejos.
O jejum no Ramadão é um exemplo de treino anual que faz parte desta grande jihad.
A pequena jihad é a luta armada. Isso não significa o uso da violência injustificada. A pequena jihad pode ser dividida em dois: a agressão e a defesa. A agressão contra qualquer pessoa não é permitida no Islão; a defesa, no entanto, é um direito absoluto de cada pessoa e nação.
O Islão permite a pequena jihad apenas para defender os povos muçulmanos e as suas terras, e manter a paz nas sociedades muçulmanas.
Vamos agora espreitar alguns versos do Corão.
A primeira batalha travada pelo Profeta e os seus seguidores foi uma guerra de defesa. É conhecida como a Batalha de Badr, nome de uma cidade perto de Medina (cidade do Profeta na Península Arábica).
Foi uma batalha em que o Profeta e os seus seguidores enfrentam as forças inimigas que vieram directamente de Meca, que ficava na altura sob o controle dos infiéis.
O primeiro verso da pequena jihad é revelada no Capítulo 22, Surata al-Hajj, do Corão, versículos 39-40. Explica claramente o objectivo da pequena jihad:
A aqueles que foram atacados é dada a permissão [para defender-se], porque eles certamente têm sido oprimidos(Sura al-Hajj, 22: 39-40)
Também referindo-se aos infiéis de Meca, que tinham travado uma guerra contra o Profeta e os seus seguidores, o Corão, no Capítulo 2, Surata al-Baqarah, versículo 190, diz:
Lutem pela causa de Deus contra aqueles que vos combatem, mas sem excessos, pois Deus não ama os que excedem (Sura al-Baqarah 2: 190)
Neste versículo, a discussão é sobre a resposta no caso duma guerra começada por outros; absolutamente nenhuma menção acerca de começar um assalto. Mesmo na guerra de defesa, Allah adverte os muçulmanos para não “exceder” além dos limites adequados.
O Islão ensina que os muçulmanos devem ser forte para ser capazes de defender-se, mas não para tornar-se agressivos e injustos. No Capítulo 8, Surata al-Anfal, versículos 60-61 do Corão, Deus estabeleceu este princípio geral de forma muito clara quando se dirige aos muçulmanos como se segue:
Preparem contra eles [os inimigos], todas as forças que podem e cavalos treinados, para aterrorizar o inimigo de Deus e as suas e outras pessoas que vocês não conhecem, mas Deus conhece. (Sura al-anfal 8: 60)
Depois de indicar o princípio de se manter firme e pronto para defender-se, o versículo continua:
Mas se eles [os inimigos] estarão inclinados para a paz, você também se inclinem para ela e coloquem a vossa confiança em Deus. (Sura al-Anfal, 8:61)
Em suma, o Islão quer que os Muçulmanos sejam fortes para não incentivar a arrogância dos outros; mas também devem estender a mão aos inimigos, se no inimigo houver uma inclinação para a paz.
Amanhã a segunda e ultima parte do artigo.
Ipse dixit.
Fontes: no final do artigo.