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Maçonaria: super-lojas? Sim, mas…

Enrica Perrucchietti é jornalista e escritora, há muito que decidiu dedicar-se ao estudo dos poderes ocultos.

Tem vários livros publicados que tratam de lobbies, Nova Ordem Mundial, manipulação mediática, estruturas de poder.

Conhece o livro de Giuseppe Magaldi acerca da Maçonaria: 

As revelações de Magaldi? Ainda há muitas dúvidas. Mas as superlojas realmente existem.

A Perucchietti não confia totalmente nas revelações do Grão-Mestre. Entrevistada pelo diário digital Intelligo, eis o seu ponto vista enquanto estudiosa a do assunto:

Perucchietti, que ideia tem sobre este livro de Magaldi?

Eu não li o livro [que foi apresentado só ontem, ndt], mas quem conhece Magaldi sabe que ele tende a espectacularizar tudo. Também sabemos que no livro não é citada qualquer prova documental, mas que há o compromisso de mostrar os documentos em caso de litígios judicial. Mas quem deveria denunciá-lo? Obama, Putin? Bom, eu diria que isso é suficiente para suspender o juízo sobre a obra.
E da tese central do livro que acha? Por exemplo, existem estas superlojas ou não?

Fala-se disso há muito, de facto. Há, entretanto, lojas encobertas, o que é lógico: não podemos pensar que os líderes dos governos frequentem a mesma loja do contabilista do bairro. E depois, há graus ainda maiores. Só que quando estas coisas são escritas por nós, somos “teóricos da conspiração”, agora que são escrita por um Grande Mestre, as pessoas começam a acreditar nisso.

E essa ideia das superlojas de Esquerda contra as superlojas de Direita?

Aqui eu tendo a concordar com Adinolfi [Gabriele Adinolfi, político e escritor, ndt]: as ideias básicas da Maçonaria são sempre as mesmas. Certamente há lutas de poder entre as várias correntes, mas não são confrontos ideológicos. O mesmo Magaldi fundou o seu Grande Oriente Democratico em oposição ao Grande Oriente d’Italia, mas depois, quando se tratou de defender o então Grão-Mestre da GOI [o Grande Oriente d’Italia, ndt], alinhou.

Em suma, a batalha apocalíptica entre as lojas do bem e do mal não a convence?

Não. Também porque, por exemplo, Magaldi atribui todos os crimes dos últimos anos, 11 de Setembro inclusive, à superloja louca fundada por Bush pai, a Hathor Pentalpha, a “loja da vingança e da sede de sangue”. E depois há Obama que faria parte da superloja boa. Obama, no entanto, provou não ser o tão esperado Messias multi-étnico, acho que em vez disso continuou o trabalho dos dois Bush. Em suma, a este nível, não há bom ou mau.

As dúvidas sobre o livro permanecem, portanto.

Sim, permanecem. Afinal de contas, temos de fazer perguntas: de todo o que foi escrito, quando é verdade, quanto é possível, como foi possível permitir-lhe
isso, qual o poder que tem conveniência a mostrar-se hoje, no meio de
informações verdadeiras quanta desinformação pode haver.

Gostaria também
de saber como é que toda a história pode ser ré-construída por meio de
documentos secretos recolhidos em escritórios de advocacia em todo o
mundo e segredos.

Um pouco como nos falsos Protocolos dos Sábios de Sião, supostamente actas duma super-lobby que se preocupa de descrever cada seu movimento cada seu passo, para o benefício dos “conspiracionistas” de hoje.

É isso mesmo, não acredito que o verdadeiro poder oculto funcione desta maneira.

Mas, no final, na história, até mesmo do presente, quão importante são os complôs e quanto a nossa liberdade?

Olha, existem planos e conspirações, mas também têm falhas e resistências, caso contrário já estariam totalmente implementados. Certamente ninguém pode pensar numa Grande Conspiração. Há muitos poderes em luta entre eles, embora muitas vezes sigam na mesma direcção, e há personagens que surgem de tempos em tempos e tentam resistir. Em última análise, o indivíduo é livre de determinar o seu próprio destino.

Ipse dixit.

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Fonte: Intelligo News