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Insólito: miR-941, entre Criacionistas e Evolucionistas

Como sabemos, antes da teoria de Darwin existia a convicção de que o Homem tivesse sido criado
por Deus. Com Darwin, aparece uma hipótese segundo a qual o Homem (e não apenas ele) teria sido o fruto duma evolução durada milhões de anos (e muito mais, contando com todas as espécies do planeta e as épocas mais remotas).

Tinha iniciado a guerra entre Criacionistas e Evolucionistas. Qual dos dois grupos tem razão? Se calhar nenhum.

Os Evolucionistas continuam a ignorar os longos
períodos de estase que podem ser encontrados na história da vida no planeta, e tentam ligar, em vão, sequências históricas completamente
separadas uma das outras. É este o problema da falta dos tais “elos” na corrente da evolução.
 
Nem os Criacionistas estão melhor: continuam a colocar a raça humana e o seu próprio contexto no âmbito duma
criação original por parte duma entidade, cujo nome é Deus. Não conseguem perceber a ideia de que possa ter existido uma outra entidade ou mais do que uma, envolvidas no trabalho.

Esta última é uma ideia ousada, sem dúvida, que podemos encontrar facilmente na internet, em particular nas páginas da informação alternativa mais “espectacularizada”. O problema neste caso é a falta total de algo que possa ser definido como “evidência” e tudo é reduzido a contos fantásticos, mais ou menos recheados de imaginação, que têm como protagonistas raças alienígenas: estas, não tendo nada para fazer na vida, decidiram chegar até este pequeno planeta e executar algumas experiências com o nosso DNA (para criar escravos, como no caso dos Annunaki, ou para outros misteriosos fins).

Repetimos: tudo sem ter a mais pequena sombra de prova.
Mas limpamos esta ideia ousada de todas as fantastiquices alucinadas e tentamos vê-la sob um olhar mais científico. Há algo?
Há. 

Publicado há dois anos na Nature Communications, um estudo internacional descobriu que um gene envolvido no desenvolvimento do cérebro e chamado miR-941, surgiu após a “separação” Homen – Chimpanzé. E o miR-941 é um gene específico da nossa espécie.

Liderada pelo Dr. Martin Taylor, do Instituto de Genética e Medicina Molecular da Universidade de Edimburgo, uma equipe internacional de pesquisadores tem dado um importante passo em frente na compreensão da natureza humana, em termos de evolução. Na verdade, esta equipa de investigadores descobriu um gene ligado à função cerebral, presente nos seres humanos mas ausente nos macacos, mesmo no caso dos chimpanzés.

O miR-941 é um gene é altamente activo em duas áreas do cérebro que controlam as nossas decisões e as nossas competências linguísticas. Funções cerebrais avançadas que nos tornam humanos.

De acordo com os autores, esta é a primeira vez que é demonstrado como um único gene da espécie humana tenha uma função específica. Para encontrá-lo, a equipa comparou o genoma humano com o de outros 11 mamíferos, incluindo chimpanzés, gorilas e ratos. Verificou-se que apenas o primeiro (o genoma humano) contém o gene miR-941: este, de acordo com os pesquisadores, apareceu entre 6 e 1 milhão de anos atrás, o que significa depois da raça humana ter-se afastado dos macacos.

De acordo com os pesquisadores, este gene foi encontrado já “operativo” no DNA não-codificante num período de tempo surpreendentemente curto em termos evolutivos. (nota: o DNA não-codificante é uma sequência genética que não sofre a transcrição em RNA, portanto parece não ter uma imediata utilidade prática). Foi encontrado no interior do material que a ciência define pouco
poeticamente como “lixo” genético, cujas funções, aparentemente
redundantes, ainda estão envoltas no mistério.

Dadas as suas características, o gene miR-941 teria provocado uma assinalável aceleração no desenvolvimento do processo cognitivo do nosso cérebro, permitindo melhorar (e muito) as capacidades linguísticas e de decisão. Na prática, sem o gene miR-941 hoje o Homem estaria numa fase evolutiva anterior.

Explica o Dr. Taylor:

Esta nova molécula surgiu do nada num momento em que a nossa espécie estava passando por mudanças dramáticas: vivia mais, andava erecta, aprendia a usar ferramentas e como comunicar. Agora esperamos encontrar mais genes que ajudem a mostrar o que nos torna humanos.

Pequeno revés: o miR-941 tem provocado o rebaixamento da laringe, algo não muito bom pois desta forma não podemos respirar e engolir ao mesmo tempo (algo que os recém nascidos podem fazer, pois a laringe ainda não “migrou” para baixo). Todavia, este facto, juntamente com o “esticar-se” da faringe, tem permitido que os sons passassem pelas cordas vocais. No geral, foi uma mudança positiva, é só lembrar-se de não respirar e engolir ao mesmo tempo…

Isso significa que entre 6 e 1 milhão de anos atrás uma raça alienígena que por acaso passava nas redondezas decidiu alterar um pouco o DNA dos brutos que se arrastavam entre mosquitos e mamutes?

Não necessariamente, esta não pode ser definida como uma “prova” de actividade alienígena. Todavia, representa mais uma peça (e uma importante) do enorme quebra-cabeça que é o nosso passado remoto.

Os dados que temos até agora são poucos e confusos também. Como afirmado, sabemos que alguns milhões de anos atrás houve uma separação entre macacos e homens; que entre 800.000 e 200.000 anos atrás apareceu o Homo sapiens (nós) e o Homem de Neanderthal (embora, até agora, a tendência é a de pôr o aparecimento deste só por volta de 200.000 anos atrás); que cerca de 50.000 anos atrás o Homo sapiens deu o salto evolutivo definitivo que mais tarde implicou o nascimento da civilização. Para acabar, 4.500 anos atrás partes dos marcadores genéricos dos povos europeus foram de repente substituídos por outros e ainda não há uma explicação para isso.

Muito antes, provavelmente na África (considerando a data mais antiga proposta), surgiu em tempos muito curtos um gene fundamental: miR-941, que se encontra só e unicamente na nossa espécie.

Pode ter sido a Evolução. Pode ter sido Deus. Pode ter sido outro “alguém”. Ou pode ter sido algo que por enquanto nem conseguimos imaginar.

Ipse dixit.

Fontes: Nature, Sott.Net, Elzeviro, La Crepa nel Muro, University of Edinburgh – New brain gene born, study shows