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Soros: Europa, Ucrânia e o inimigo maltês

George Soros: uma pessoa bonita.

Entre os primeiros 20 homens mais ricos do planeta (uns 14 biliões de Dólares em 2010), com o Open Society Institute finge ajudar a mudança para que tudo fique na mesma.

Ao longo dos anos, apoiou o movimento polaco Solidarnosç, a Revolução das Rosas na Geórgia, a revolta da Bielorrússia, o governo usurpador da Ucrânia e a eleição de Barack Obama. Mas tratar das várias empresas de Soros (sobretudo em âmbito financeiro) precisaria dum capitulo à parte.

É também escritor. Entre os livros, lembramos “A bolha da supremacia
americana: corrigir o abuso do poder americano”. Não li, mas aconselho-o
porque já do título percebe-se que é um livro de humor. 

Nos retalhos de tempo participa no Council on Foreing Relations. Obviamente é filantropo porque, debaixo da carapaça de sacana ao quadrado, Soros é uma pessoa com um coração de manteiga. E sábio também. Eis um dos mais recentes Soros-pensamentos publicado no New York Review of Books:

A Europa está a enfrentar um desafio que a Rússia está a levar até a sua própria existência. Nem os líderes europeus, nem os seus cidadãos estão plenamente conscientes deste desafio e não conhecem qual a melhor maneira de combatê-lo.

Sorte nossa, Soros é bom e pode ajudar:

Agora, a Rússia está a apresentar uma alternativa que representa um desafio fundamental para os valores e os princípios sobre os quais União Europeia foi fundada originalmente. É baseada no uso da força e se manifesta com a repressão em casa e agressão no estrangeiro, em contraste com o Estado de Direito.

Valores da União Europeia? Só se forem na Bolsa de Valores.
Agora, uma potência que agride no estrangeiro em contraste com o Estado de Direito…não sei, faz-me pensar num outro País que tem este vício, mas nesta altura não lembro qual…será Malta? Não, não é Malta…mas bom, não interessa, vamos em frente porque Soros tem necessidade de falar da União Europeia:

Há uma insatisfação geral na União Europeia por causa da crise do Euro, que abalou o ímpeto inicial para a formação duma União de Estados direccionada para um sistema democrático. A crise do Euro foi gerida mal e a sua longa duração transformou uma união voluntária de igual para igual em algo muito diferente.

Agudo Soros: diz o que todos já sabem. Ok, não será muito original, mas sempre sábio é. O problema é: que tem a ver isso com a Rússia? 

Putin estabeleceu boas relações com todos aqueles que se mexem contra a Europa. O fracasso da União Europeia como um governo supranacional faria da Rússia uma ameaça poderosa […] O colapso da Ucrânia seria uma enorme perda para a Nato, a União Europeia e os Estados Unidos. A vitória da Rússia tornaria-a muito mais influente dentro da UE e representaria uma séria ameaça para os Estados bálticos, onde existem grandes grupos étnicos de russos.

Uhi, quantas coisas…vamos ver.
Putin é mau porque estabeleceu relacionamentos com os inimigos da Europa. Será porque a Europa obedeceu aos Estados Unidos e implementou sanções que não têm um mínimo de raciocínio?

Porque não podemos esquecer que, antes das sanções, o maior partner comercial da Rússia era a Europa. Que tal uma coisa chamada “causa-efeito”?

Quanto aos relacionamentos com quem trabalha contra a Europa, não sei, mas lembro dum País que financia um grupo terrorista chamado Al-Qaida (que já, muito alegadamente, deu espectáculo no Velho Continente também)…poderá ser considerado um País nosso “amigo”?
Lembro também dum País que constrói (literalmente) provas para arrastar a Europa numa guerra sem sentido (Iraque): poderá ser considerado como “um bom País”?
Até lembro dum País cujos bancos e investidores boicotam regularmente o Euro (com o rating, por exemplo) e os Estados Membros, ameaçando e reduzindo em cinzas a soberania nacional: um País “querido”?
E que tal aquele País cujos serviços secretos mataram políticos, jornalistas, pessoas comuns mas todas europeias e “incómodas” para os seus interesses? É um País “farol da Liberdade e da Democracia”?
Qual o nome deste País? Deve ser mais uma vez Malta, sempre ela….
Prosseguimos porque Soros tem uma visão: segundo ele, após as eleições na Ucrânia, o presidente russo vai oferecer ao seu homólogo ucraniano, Poroshenko, um acordo para o fornecimento de gás, desde seja nomeado um Primeiro Ministro aprovado por Putin. Se esta oferta for recusada, em seguida, Putin “poderia contentar-se com uma pequena vitória: poderia abrir coma força uma rota terrestre da Rússia para a Crimeia e a Transnistria antes do próximo inverno”.
Não é muito claro porque a Rússia deveria usar a força para abrir uma rota terrestre em territórios que já controla (a Crimeia é aliada de Moscovo, tal como a pequena Transnistria), mas os Russos são assim, sempre violentos qualquer coisas façam: quando saem para comprar o pão, costumam matar o padeiro.
Grande final: as soluções para a Europa. 
Soros pede para a Ucrânia uma solução radical: uma “injecção de dinheiro imediato de pelo menos 20 biliões de Dólares, com a promessa de que, se necessário, pode aumentar”. Isso para ajudar a controlar a dívida pública (Goldman Sachs e JP Morgan agradecem desde já) e contribuir a reformar o sector energético do País, tornando-o menos dependente da Rússia.
Finalinho comovente: se a Ucrânia for ajudada, a União Europeia poderia reencontrar os seus princípios fundadores. A União Europeia poderia ser salva salvando a Ucrânia.
Desculpem, não consigo continuar, é por via das lágrimas.
Ipse dixit.