Ébola: o Project Coast

Então, esta epidemia do vírus Ébola tem sido criada de propósito? Há quem jure que sim, que é mesmo isso que aconteceu.

A realidade é que não há provas. Isso sem considerar que Ébola tinha sido descoberto já no longínquo ano de 1976, data da primeira epidemia.

Há que avaliar outros aspectos também: se a ideia for um ataque biológico, Ébola não é a melhor escolha. O problema são a sua alta taxa de mortalidade (pode chegar ao 90%) e os meios de propagação (por exemplo, não se espalha por via aérea). Em compensação, não existe vacina.

Apesar de não ser a mais eficaz das escolhas, o vírus Ébola tem todo o potencial para ser considerado uma arma biológica. E a melhor demonstração pode ser encontrada mesmo na África.

O Project Coast

Na África do Sul, no início dos anos 80, o Dr. Wouter Basson lançou um programa secreto de armas biológicas, chamado Project Coast. O objectivo era desenvolver agentes biológicos e químicos que pudessem matar ou esterilizar a população negra e assassinar inimigos políticos. Entre os agentes desenvolvidos havia os vírus Ébola e Marburg.

Basson não trabalhava sozinho: a embaixada dos Estados Unidos em Pretoria ficou preocupada que o médico pudesse revelar as profundas conexões entre o Project Coast e Washington após o fim do apartheid. os Estados Unidos. Em 2013, Basson foi considerado culpado de “conduta não profissional” pelo conselho sanitário sul-africano.

A especialista em armas biológicas Jeanne Guillemin escreve no seu livro “Armas biológicas: desde a invenção de programas patrocinados pelo Estado ao bioterrorismo contemporâneo”:

Ao longo dos anos do desenvolvimento do projecto, entre 1982 e 1987, foi desenvolvida uma gama de agentes biológicos como Anthrax, cólera, Ébola, o vírus Marburg e a toxina botulínica.

O programa de armas biológicas de Basson terminou oficialmente em 1994, mas não houve verificação independente de que os agentes patogénicos criados fossem destruídos. A ordem de destruição foi dada directamente pelo Dr. Basson e, como realça o Wall Street Journal, “a integridade do processo fica baseada unicamente na honestidade do Dr. Basson”.

Basson afirma ter tido contactos com agências ocidentais que forneceram “suporte ideológico” para o Project Coast. Numa entrevista acerca duma reportagem sobre a Guerra do Anthrax, Basson afirma ter encontrado várias vezes o Dr. David Kelly, conhecido inspector da ONU no Iraque. Kelly era o principal especialista em armas biológicas do Reino Unido e foi encontrado morto perto da sua casa em Oxfordshire, em 2003: “suicídio” segundo a versão oficial, um veredicto que não encontrou o consenso dos médicos.

Num artigo de 2007 do MailOnline é possível encontrar a notícia de que uma semana antes da sua morte, o Dr. Kelly teria sido interrogado pelo MI5 sobre as suas ligações com o Dr. Basson.

Zimbabwe, Rhodesia…

O Dr. Timothy Stamps, Ministro da Saúde do Zimbabwe, suspeita que o seu País sofreu um ataque biológico nos anos em que o laboratório de Basson estava a trabalhar:

Houve evidências muito claras de que não eram eventos naturais. Se foram causados por inoculação directa, intencional ou não, é uma questão que temos de verificar.

Stamps disse especificamente que os vírus Ébola e Marburg eram suspeitos, pensando que o seu País tivesse sido utilizado como um testes:

Falo de anthrax e cólera em particular, mas também um par de vírus que não são endémicos no Zimbabwé, como o vírus Ébola e também o vírus Marburg. 

A ocasião terá sido oferecida pelo caos no qual o País precipitou nos anos Noventa, após a eleição de Robert Mugabe como presidente.

As palavras do dr. Stamps devem ser encaradas com um certo cuidado: ele fazia parte do governo de Mugabe e este é…enfim, é o que é. Verdade, doutro lado, que Stamps sempre gozou duma condição particular no regime de Mugabe, podendo falar de forma muito crítica sobre assuntos que os outros ministros nem se atreviam a mencionar.

Stamps falou também de algumas epidemias na Rhodesia, segundo ele sempre obras das experimentações desenvolvidas na África do Sul. Em particular, o cólera, utilizado durante a guerra civil que varria o País.

O Ghanian Times, nos primeiros dias de Setembro, observava as ligações entre Basson e as pesquisas sobre armas biológicas:

Existem dois tipos de cientistas no mundo: aqueles tão preocupados com o sofrimento e a morte causados por doenças nos seres humanos, que até sacrificam a própria vida para tratar das doenças mortais, e aqueles que usam as suas habilidades científicas para matar os seres humanos sob ordens dum governo.

E é verdade, apesar de não serem ideias tão novas: em 1947, o microbiologista australiano Sir Macfarlane Burnet pediu secretamente ao governo australiano para desenvolver armas biológicas destinadas contra os “países superlotados do Sudeste da Ásia”. A ideia era estudar a possibilidade de atacar os alimentos no Sudeste da Ásia e da Indonésia por meio de agentes de guerra biológica.
Obviamente Sir Burnet era Prémio Nobel.

Voltamos assim ao princípio. Toda esta informação fornece uma perspectiva interessante sobre o recente surto de Ébola, mas a questão fica: é um fenómeno natural ou um acto deliberado?

Ipse dixit.

Fontes: Daily Mail, AllAfrica, The Age, Global Research

4 Replies to “Ébola: o Project Coast”

  1. Olá Max: para mim, mais de 60 anos de repetição já é suficiente. Os Estados predadores operam por bioterrorismo. Quando conveniente colocam seus produtos no sistema, e são produtos causadores de pandemia, epidemia, mortes acidentais individuais, enfim o que for necessário para biocontrole populacional, genocídio localizado, assassinato premeditado, disseminação de medo exasperado, agudização de preconceito (como já foi objeto de um post recente em ii, quando um político norte americano sugere matar os conterrâneos infectados por Ébola em território nacional), enfim, simples exercício de bio poder a nível global.Abraços

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