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Eduardo Campos: uma manobra da CIA?

A morte de Eduardo Campos foi sem dúvida o acontecimento mais marcante do período pré-eleitoral no Brasil. Ao ponto que o acidente em que o candidato ficou envolvido levanta dúvida e abre a porta para possíveis especulações.

Terá sido esta uma manobra da CIA para derrotar Dilma Rousseff, a principal candidata no próximo Outubro? Uma maneira para favorecer o partido de Campos, o Partido Socialista Brasileiro?

O Leitor Sergio (que agradeço, como é óbvio) sugere um artigo do jornalista Claudio Tognolli, no qual um jornalista e ex-oficial da Marinha dos EUA sustenta que CIA matou Campos, com o objectivo de favorecer a eleição de Marina Silva, líder do PSB.

A seguir, as declarações do jornalista americano Wayne Madsen entrevistado pelo blog de Tognolli (o texto completo pode ser encontrado no blog do mesmo, O Blog de Claudio Tognolli): do excerto foram retiradas as notas explicativas (para uma maior facilidade de leitura) que, obviamente, podem ser encontradas no texto original.

Blog do Tognolli – Você conhece algum caso nos EUA que envolva não gravação de conversações e fatos similares aos de Campos?

Wayne Madsen – O caso da queda do avião de Campos não recebeu nenhuma cobertura na mídia dos EUA. Mas aqui nos EUA já vimos casos similares em não divulgação de teor de caixas pretas após grandes acidentes, como no caso da quedas do TWA 800, vôo American Airlines 587 de Nova York a Santo Domingo, na República Dominicana, e queda dos aviões do senador Paul Wellstone e de John F Kennedy Jr.

Blog do Tognolli -Você apenas opina sobre a participação da CIA na morte de Campos ou tem elementos como indícios de prova material?

Wayne Madsen – Os rastros do envolvimento da CIA na morte de Campos são as anomalias técnicas que envolvem a queda e a confusa história da propriedade do avião. A L3 Communications and Textron prestam serviços para a CIA.

Blog do Tognolli – Quais outros casos envolvem a CIA?

Wayne Madsen – A CIA dispõe de vasta experiência em derrubar aviões: derrubaram o avião dos presidents Roldos, no Equador, Torrijos, no Panamá, do líder revolucionário cubano Camilo Cienfuegos, em 1959, e o também o avião da Cubana 455, em Barbados. A CIA também derrubou o avião do primeiro-ministro de Portugal, Sá Carneiro, e de seu ministro da defesa, mortos na queda do Cessna 421 em Lisboa, em 1980, numa pré-eleição muito parecida agora com a pré-eleição de Campos. Essa queda pavimentou a entrada de um governo português pró-EUA.

Temos também a morte do candidato presidencial venezuelano Renny Ottolina, morto numa suspeita queda de um Cessna 310, em 1978. Renny Ottolina era um apoiador dos ideias bolivaristas para a integração total da América Latina, ideais que foram mais tarde adotados por Hugo Chavez e eram obviamente combatidos pela CIA. Renny Ottolina seria um futuro alvo primordial da CIA por sustentar esses ideais no poder. O líder político indiano Madhavrao Scindia morreu numa queda suspeita de Cessna C 90 em 2001. Ele era o autêntico marajá da cidade de Gwalior, e se desse certo como líder politico nacional teria trazido de volta as regras de antigos principados, muitas das quais seriam radicalmente opostas à globalização da sociedade Indiana. Ele seria um dos maiores estorvos para a CIA.

Blog do Tognolli – Por que na sua opinião a CIA escolheu Campos, e não o venezuelano Maduro ou nossa presidente Dilma ?

Wayne Madsen – Porque o PT de Dilma teria nomeado rapidamente um substitute petista caso ela fosse assassinada. Campos virou um alvo para poder elevar Marina e garantir uma derrota a Dilma e ao PT.

Blog do Tognolli – Há casos similares de queda de Cessna 560XLS, como o de Campos?

Wayne Madsen

Wayne Madsen – Não, esse avião tem índices de segurança exemplares. Mas o avião de John F Kennedy Jr era um Cessna que suspeita-se tenha sofrido sabotagem. Um Cessna 310 caiu e matou o republicano Hale Boggs, um membro dissidente da comissão Warren, que investigava a morte do president John Kennedy. Hale Boggs acusava a CIA de estar por detrás do assassinato do president John Kennedy. A queda de um Cessna 335 matou também o governador do estado do Missouri, Mel Carnahan, um dia antes das eleições.

Blog do Tognolli – Por que você não confia nos membros da National Transportation Safety Board, que veio ao Brasil investigar a queda do Cessna de Campos?

Wayne Madsen – Porque esse pessoal da NTSB foi publicamente acusado de acobertar as causas da quada do TWA 800

Blog do Tognolli – Como ex oficial da Marinha dos EUA, você foi um dos responsáveis por ter implantado o primeiro programa de segurança deles. Você dispoõe de fontes militares para acusar a CIA na morte de Campos?

Wayne Madsen – Eu de fato tenho muitas fontes da comunidade de inteligência dos EUA que acusam o diretor da CIA, John Brennan, de participar de mortes praticadas pela CIA em serviços clandestinos que fazem parte rotineira das operações diárias da CIA.

Blog do Tognolli – Como a CIA mascara crimes, como você sugere tenha sido feito com Campos?

Wayne Madsen – Mascaram fazendo com que tais crimes se pareçam com acidentes e depois passam a acusar quem os põe em xeque como sendo teóricos da conspiração, fazendo uso de jornalistas pagos pela CIA para disseminar a propaganda dos serviços de inteligência dos EUA.

Blog do Tognolli – Como a National Transportation Safety Board opera então no Brasil?

Wayne Madsen – O pessoal da NTSB só atua em nome do governo doa EUA, sempre acusando alguém pela queda de aviões, para despistar, como fizeram agora contra o governo da Rússia, acusando-o de ter derrubado o avião da Malásia Airlines 17 na Ucrânia.

Blog do Tognolli – Quem são os políticos favoritos dos EUA no Brasil e quem são os mais odiados?

Wayne Madsen – Marina Silva é a favorita de Obama e do Soros. Marina defende que os EUA comandem a globalização, livre comercio, investimentos privados e Marina é pró-Israel: Marina é do jeito que o Pentágono e Wall Street adoram.

Blog do Tognolli – Como um repórter investigativo brasileiro poderia ter atuado no caso Campos?

Wayne Madsen – Jamais deveriam ter permitido que o pessoal da National Transportation Safety Board tivesse sido permitido a retirar evidências e dados físicos da cena da queda do avião de Campos e os levado aos EUA: jamais.

Um Cessna Citation 560XLS+

Então: atentado da CIA para prejudicar a reeleição de Dilam Rousseff?
Vamos ver.

É bom lembrar que a história do jornalista em questão, Wayne Madsen, é controversa: ao lado de “revelações” interessantes, houve outras um pouco…assim. Por exemplo, afirmar que Barack Obama é gay não parece algo quer possa mudar a história da Humanidade. Mas mudar a conta bancária de Madsen sim: o completo acesso ao blog dele (disponível em vários idiomas) é pago.
Mas falamos do acidente em si.
A verdade, nua e crua, é que os aviões caem. Não é algo relacionado com a CIA, está mais ligado ao conceito de “força de gravidade”. Uma avaria, um erro humano, e o avião cai. E isso acontece não apenas no Brasil.
Depois, claro, há também a CIA e outras agências que tentam desfrutar os acidentes aeronáuticos para fins políticos. Mas é algo arriscado, sobretudo quando estas operações forem implementadas em territórios estrangeiros: o risco de deixar “pistas” é sempre elevado.
No caso específico, Wayne queixa-se do Brasil ter permitido a chegada do National Transportation Safety Board (NTSB), cuja intervenção, seja dito, é normal quando o acidente envolver um avião de fabrico americano (é o caso do avião de Campos, um Cessna Citation 560 XLS+ construido pela Cessna Aircraft Company (Kansas) do grupo Textron.

Afirma Wayne:
Jamais deveriam ter permitido que o pessoal da National Transportation Safety Board tivesse sido permitido a retirar evidências e dados físicos da cena da queda do avião de Campos e os levado aos EUA: jamais
Mas o NTSB interveio quando já no lugar se encontravam as autoridades brasileiras, entre as quais o CENIPA, Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos.

Aliás, foi o mesmo CENIPA que notificou o NTSB acerca do acidente: e o CENIPA é um órgão da Força Aérea Brasileira, isso é, sob o controle do Ministério da Defesa, cujo Comandante em Chefe é a mesma Dilma Rousseff. O NTSB foi convidado sem que a Presidente tivesse conhecimento do facto? E que, eventualmente, a mesma Presidente não teria tomado as necessárias contra-medidas em caso de suspeitas? Difícil acreditar nisso.

Assim como é difícil acreditar que a investigação seja deixada totalmente nas mãos da agência norte-americana (e assim, de facto, não é), ficando o governo brasileiro só à espera da “explicação” final, confiando cegamente no trabalho desenvolvido no estrangeiro: o CENIPA não é formado por aprendizes, tem uma ampla experiência no sector.

Em qualquer caso, os funcionários do NTSB chegaram no Brasil no dia de Sexta-feira 15 de Julho, enquanto o acidente tinha ocorrido no dia 13: o CENIPA (sob o cujo controle permanecerá todo o processo de investigação) já se encontrava no local. A caixa preta do avião, por exemplo, foi encontrada no mesmo dia do acidente e logo encaminhada para o Laboratório de Leitura e Análise de Dados de Gravadores de Voo, um dos departamentos do CENIPA, com sede em Brasília.

As imagens dos últimos segundo antes do acidente não mostram uma “bola de fogo” como afirmado por algumas testemunhas, mas um avião integro, em queda acentuada.

Não podemos esquecer que o piloto já tinha abortado uma primeira aterragem por causa do mau tempo e, na altura da ocorrência, encontrava-se acima duma zona residencial (Santos) para efectuar uma apertada viragem para uma segunda tentativa. Pode ter sido esta viragem, unida ao mau tempo (havia muita névoa e a visibilidade era de 3 mil metros, no limite para aquele tipo de avião; as nuvens estavam muito baixas, quase 300 metros do solo) ou a uma situação que agora não conhecemos, a causa da perda de controle e da queda do avião.

Tudo isso exclui a hipótese dum atentado? Claro que não. Sabemos que a CIA (e não apenas ela) já utilizou os acidentes de avião para eliminar opositores ou pessoas incómodas. Mas nem podemos esquecer que em 2013, só no Brasil, houve 115 acidentes de avião, com um total de 96 vítimas mortais.

Porque tudo o que sobe, desce. Duma forma ou de outra.

Ipse dixit.