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McDonald’s: 6.600 Dólares por hora

Mais de cem pessoas foram presas durante uma manifestação nos Estados Unidos. Todos
funcionários do McDonald’s. O problema? Os funcionários protestavam e pediam salários mais elevado. Isso não se faz.
Prisão.

Foi o que aconteceu na frente da sede da empresas, em Oak Brook, Illinois. Eram cerca de duas mil as pessoas que participavam na manifestação, vindas de todos os EUA, para pedir melhores condições de trabalho e salários mais altos.

Reuniram-se também para exigir o direito de exigir direitos sem medo de repercussões. Funcionários do McDonald’s, líderes da igreja local, mas também sindicalistas na frente da multinacional para uma acção de sit-in.

O protesto foi realizado um dia antes da reunião anual dos accionistas da empresa e McDonald’s tinha avisado os trabalhadores para ficarem em casa. A ajudar a multinacional eis a polícia, explicando que a manifestação teria lugar numa área de tráfego intenso, perto dum movimentado centro comercial (portanto aprendemos: as manifestações devem ser feitas de forma a não perturbar o movimento dos outros cidadãos e dos centro comerciais, possivelmente no topo dum monte e nas horas nocturnas).

Perante os manifestantes, tropas de choque e prisão, numa altura complicada em que as empresas de fast food são acusadas ​​de aumentar os seus lucros sem aumentar os salários dos trabalhadores. O problema tornou-se muito sério, ao ponto de muitos dos trabalhadores do McDonald’s terem dificuldade de acesso aos serviços básicos mesmo trabalhando 40 horas semanais.

Cerca de 68% dos trabalhadores do fast food são adultos, solteiros ou casados, enquanto 26% deles tem filhos, afastando assim o estereótipo de que quem trabalha nestas empresas são principalmente estudantes e adolescentes.

Jessica Davis, 25 anos dois
filhos, 8,98 Dólares por hora:

Precisamos mostrar ao McDonald’s que isso é sério e que não recuamos

E de facto não recuaram: avançaram para a prisão.
Jessica ganha o ordenado médio, típico dos 3.5 milhões de trabalhadores das empresas fast-food: são 8.83 Dólares por cada hora (6.48 Euro: abaixo do ordenado mínimo de muitos Países europeus), cerca de 18.400 Dólares por ano contando com 40 horas de trabalho semanais sem férias (na Europa: férias incluídas).

A porta-voz da McDonald’s, Heidi Barker Sa Shekhem, afirma que a empresa estavam a monitorizar o debate acerca do salário mínimo:

15 Dólares é irrealista, mas sabemos que o salário mínimo vai aumentar ao longo do tempo

Don Thompson

Mary Kay Henry, presidente da Service Employees International Union (SEIU), que estava entre os presos: no protesto

É hora da Corporação do McDonald parar de fingir que não se pode aumentar o salário das pessoas que preparam e servem a comida.

Um recente relatório do think tank de New York Demos descobriu que a relação da remuneração entre um CEO e um trabalhador na indústria de fast food foi mais do que 1000 para 1 em 2013. Isso é: um executivo ganha 1000 (ou mais) vezes do que um simples funcionário.

Em 2013, McDonald’s acumulou receitas para um total de 28.1057 biliões de Dólares e lucros de 5.5859 biliões. O que explica, por exemplo, o salário do Director Geral da McDonald’s, Don Thompson: 9.5 milhões de Dólares no ano passado. Feitas as contas, Thompson ganha 6.600 Dólares por cada hora.

Nada mal para um trabalhador de fast food.

Ipse dixit.

Fontes: Reuters, The Guardian